quinta-feira, 30 de abril de 2009

em pac ei



Quando vejo um processo demorar 20 anos, vejo que a civilização errou. Kafka estava certo.
Quando vejo edifícios "neo-clássicos" e condomínios fechados. Oscar Niemeyer estava certo.
Quando vejo um carro custar uma pequena fortuna e uma massa homogênea querendo comprá-lo – Marx estava certo.
Quando vejo um fila para comer um Mac Donald’s, e, pasmem, pagar por "aquilo". Fidel e Che estavam certos.( e quem diria... o engomadinho do Príncipe Charles também!)
E se vejo uma infinidade de jovens que não leram Hamlet. Paulo Francis(que não morreu) estava certo
E se vou pela marginal engarrafada... se respiro a merda do Tietê.... se um ladrão quebrou meu vidro e levou meu cd...e se ninguém mais houve a Tetê....Quem estava certo?
Pensando bem...Cazuza estava certo quando cantou que as idéias não correspondem aos fatos....
E se a camada de ozônio não lhe protege mais a cabeça... se cai mais uma árvore na Amazônia... se matam frangos na Europa e porcos no México... se acontece mais uma tragédia na Indonésia...e se chove ácido na China...Esqueça!
VIVA O "CRESCIMENTO"!!!!!!! VIVA O "PAC"!!!!

O sucesso e o fracasso

Há uma distância muito pequena entre o sucesso e o fracasso. O sucesso é quando se têm um objetivo e êxito na empreitada; o fracasso é a desistência.

Marcelo acordou tarde aquela manhã; olhou para o seu quarto sujo e sentiu o odor bolorento de seus armários encardidos. Vestiu uma roupa mofada e, como sempre, saiu para tomar um café preto de coador na padaria da esquina. Dois reais o café e um pão com manteiga passado na chapa suja e encardida como o seu quarto, como sua alma.

Na banca olhou as manchetes do dia; muito sangue, corrupção e sujeira...

Comprou os classificados e passou a lê-los desanimadamente. Lindo dia para procurar emprego pensou sarcasticamente. Lindo dia para se matar, também pensou. Cara ou coroa. Oh! PERDEU.

Saiu em busca de mais uma vaga improvável de “serviços gerais”; afinal dentro da generalidade poderia se dar bem, quem sabe?

Chegando no primeiro “centro de recursos humanos” encontrou uma fila considerável; pobres miseráveis como eu – pensou. Um homem com uma pança de mamute proeminente logo lhe indagou:

–Cadê sua CTPS Sr. Marcelo.
– Perdi, mas posso providenciar uma segunda via é só vocês me contratarem;
- MEU SENHOR!?...passar bem o próximo. Olhares de reprovação.

Atravessou a cidade e foi em busca de outra vaga . Desta vez a fila não era considerável e sim ultrajante; falou para dentro:

– Esses filhos-da-puta... tenho minha dignidade.

Sorriu sarcasticamente para aqueles seres autômatos que na fila se encontravam e saiu em passos largos e vagos. Olhares de reprovação. Teria que dormir com mais esta. Na frente dos patrões sempre era um cabritinho. Como aquele que comeu no Sítio de seu avô em Aramina, Minas Gerais em sua primeira experiência sexual. Afinal de contas também já foi dominador um dia; já teve um animal subjugado à sua própria vontade. Agora pastava pelos campos de concreto armado do Senhor e seus senhores.

– Não devia ter comido aquele cabritinho! Que pecado... – pensou.

Mas o tempo é o senhor do esquecimento. Uma vez lendo um Milan Kundera de segunda mão pensou em ser escritor. Mas para tanto tinha que ser alguém, tinha que ser exilado, ter uma estória política, seqüestrar um político importante ou coisa que o valha. Não tinha culhões para tanto; Era apenas um desempregado fodedor de cabritinhos.

- Chega de devaneios – pensou.

No terceiro pretenso emprego não tinha fila, mas logo viu que não se tratava de coisa séria. Não lhe pediram a carteira, não lhe pediram referências e lhe mandaram para os fundos de um armazém porcamente imundo como sua vida para carregar pedaços de boi nas costas. E por lá ficou num misto de necessidade, desespero e indiferença.

No fim do dia com sua roupa embolorada e úmida agora embebida em sangue de boi recebeu sua diária e a notícia que já esperava:

- Pega essa grana e cai fora vagabundo – serviço só para hoje. MUITO FRAQUINHO.

E esse “muito fraquinho” foi lhe acompanhando no caminho às margens dos trilhos do trem...no subúrbio...até o seu bairro...até o bar do seu João...onde torrou sua mísera diária em pinga barata que logo lhe subiu na cabeça e deu uma amplitude a seus pensamentos e “máximas” que jamais tinha sentido.

Lembrou então que o dia estava mais do que lindo para se matar. A “máxima” veio-lhe à cabeça: “o fracasso é a desistência...”

Definitivamente não teria mais que dormir com este “muito fraquinho” nas costas – pensou pela última vez.

fim da linha ou deadline


Aqui estou eu o escritor solitário, em frente ao computador no meu escritório no 11º. Andar tentando escrever um texto por encomenda. E nada.
Cabeça solta no ar voando....voando...e aterrisando no deserto sem miragens, sem coqueiros e sem mulheres nuas. O deadline chegando.
Tenho que escrever uma crônica, e este “ter” não deixa o “ser” acontecer. Que rima horrível!!! Maldito ofício! E ainda tem tema obrigatório: “Dia de Fúria em concessionária”. Meu Deus do Céu! Minha Virgem Maria!!! E o deadline...
Lembrei-me do Michael Douglas e seu filme “Um dia de Fúria”...alguém já escreveu e filmou sobre o tema com certeza melhor do que eu que sequer começo a desdobrar o assunto; Inveja.
Logo eu um pobre cronista modorrento, buscando inspiração nas paredes brancas do apartamento; outra riminha pobre e sofrível. E o deadline à espreita.
Para não perder o deadline precisava mesmo era de um ghostwriter.(penso). Que abuso de estrangeirismos!; Este texto está uma merda, mesmo sabendo que o uso excessivo de palavras de baixo calão podem transformar o texto numa bosta só!
E quanto mais escrevo mais merda, mais bosta vejo . A redundância, as riminhas e os palavrões novamente....
Lembrei-me subitamente daquele cara que em 1967 num acesso de fúria quebrou o violão no Festival de Música. Como era o nome dele mesmo?Ah....Sérgio Ricardo.(...) grande Sérgio Ricardo (...) E daí?
Sem saber a razão dos Deuses veio em mente aquela música “hoje é festa lá no meu apê” do cantor e compositor Latino! (???) Agora o texto desandou de vez.... Próximo passo: pornografia
Mas escapei dos sites de sacanagem. O deadline falou mais alto.
Fico no youtube vendo várias vezes um vídeo do World Trade Center caindo....desmanchando em fúria....como o tema proposto...como eu; ato contínuo passei para terremotos na Bolívia, maremotos na Indonésia, rebeliões de presos no Brasil.....E NADA.
Maldita falta de idéias Batman!!! ; evite o lugar-comum...evite o lugar-comum...evite os estrangeirismos” (penso). Esse (penso/penso...). Evite os parêntesis...(penso).
O deadline e o estrangeirismo redundante novamente.
Lembrei-me de Ernest Hemingway: “escreva positivamente e com vigor”(...) “- Mas como barba branca? Como? Quem é você para me dizer isso? Logo você que enfiou uma espingarda de dois canos na boca e puxou o gatilho?!”
E após a citação supra ocorreu-me, data vênia, uma frase de um amigo: “quem cita muito não tem idéias próprias” (mais uma citação/mais um parêntesis agravado por um latinismo rebuscado e obviamente desnecessário).
E no turbilhão de falta de idéias, talento, redundâncias, estrangeirismos, lugares-comuns, inveja, parêntesis, rimas pobres, palavrões, latinismos, rebuscamentos e citações, minutos antes do redundante deadline....quem veio-me novamente à cabeça? Sim. Ele: Sérgio Ricardo...O GRANDE...
No meu escritório no 11º. andar arranco com fúria incontida o computador da tomada e mando tudo janela abaixo; o que por óbvio não poderia ser janela acima.
Saio na sacada e grito bem alto como o Sérgio Ricardo: “- VOCÊS GANHARAM! VOCÊS GANHARAM!” (mais uma citação).
E nesta situação extrema termino este texto com a minha velha caneta Bic. (como vocês podem ver)
FIM

terça-feira, 28 de abril de 2009

Seu Jorge Luis Borges e o Informe de Brodie


O cara nasceu em 1989, morreu em 1986. Apesar de ser argentino, dizem...que tinha ascendência portuguesa. Viveu na Europa, mais especificamente em Genebra onde está sepultado. Era um apaixonado por livros e esteve envolvido com as vanguardas de seu tempo. De formação aristocrática , rato de biblioteca e tarado por enciclopédias, escreveu...escreveu...e especializou-se em contos.
Se você procurar em qualquer livraria virtual verá a quantidade de livros escritos por ele e sobre ele. Destaque para "Aleph". Além de contos também escrevia ensaios, poesias etc.
De tanto ouvir falar dele, "personagem borgiano" comprei e li numa sentada o livro "O informe de Brodie" . A princípio relutante já que o tema é de uma crueza total e muito distante da nossa realidade. Tratam-se de contos sobre personagens dos Pampas argentinos, de personagens esquecidos pelo tempo, de estórias de homens comuns, salvos do esquecimento pelo escritor que faz ressalvas em seus contos sobre o caráter ficcional de suas estórias que podem ter sido incrementadas ou não pelo narrador, considerando-se o grande lapso temporal entre os fatos e os relatos ou informes.
Os personagens possuem sensibilidade de pedra a ponto de matar uma mulher para não atrapalhar a amizade entre dois compadres. Duelos são comuns pelos motivos mais banais. Pistolas, facas... A vida nos Pampas só vale a pena enquanto vivida no limite da crueza e maldade. Morrer e viver é apenas um detalhe. A natureza exuberante observa impassível às tragédias.
Temos ainda um conto onde observamos a covardia de um personagem que passa a vida a esconder um crime.
O conto "O informe de Brodie" é uma brincadeira "a la" Pero Vaz de Caminha" sobre um relato de um mundo imaginário e deliciosamente ficticio.
Enfim, Borges é um especialista em contos e escreveu o livro supra já maduro, com todos os requintes de grande escritor que é, dominando a linguagem e a estória como poucos. Alta literatura.
Anotar no livrinho de cabeçeira. (alguém ainda tem isso?) : LER MAIS BORGES, LER MAIS BORGES...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Marcelino Freire...que figura


Que figura... me deparei com um programa, acho que no Canal Senado onde rolava uma entrevista com Marcelino Freire, que ganhou o Jabuti, principal prêmio literário do Brasil.
O cara escreveu “Contos Negreiros” (livro que abocanhou o Jabuti), “Angu de Sangue” ‘eraOdito” entre outros
Que figura....o cara é meio gordinho, cabeludo, bardudinho, tênis “all star”,, camiseta desalinhada, calça jeans etc. Aquele sotaque pernambucano “arretado”, falando coisa bem interessantes sobre a literatura atual.
Essa coisa do escritor sair do pedestal. Tipo: onde tiver uma festa literária eu vou! É só convidar e eu vou! Essa coisa de escritor ficar recluso não ta com nada! Se estou escrevendo e um amigo me liga para tomar cerveja . “eu vou tomar cerveja” A tuberculose já tem cura....e por aí vai.
Ressalta a importância de “pegar o leitor a unha”, brigar com o espaço cada vez mais saturado, competir com 120 canais com a internet e tudo o mais.....
Que figura...verdadeiro agitador cultural, lendo seus contos observamos uma desenvoltura surpreendente, liberdade de expressão e o que é melhor, humor, muito humor de mais um escritor que se mostra sem papas na língua, sem preconceitos, verdadeiro escritor contemporâneo brasileiro, demonstrando que idéias boas são mais importantes do que todo um rebuscamento desnecessário de linguagem e outras chatices que tornam a literatura inacessível e não competitiva.
Marcelino nasceu em Pernambuco, Sertânia, em 1967 e incorpora está nova literatura, com desenvoltura e sem vergonha de experimentar, já tendo inclusive obras adaptadas para o teatro e televisão.
Entrem no blog http://www.eraodito.blogspot.com/ e não deixem de ler os contos “Caderno de Turismo” e “Homo Erectus”
Entrem ainda no site http://www.releituras.com.br/ para ler os contos “Amor de Poeta” e “Curso Superior” com destaque para este último que é o retrato do jovem atual com diploma embaixo do braço.
"O meu medo é que mesmo com diploma debaixo do braço andando por ai desiludido e desempregado o policial me olhe de cara feia e eu acabe fazendo uma burrice sei lá uma besteira será que vou ter direito a uma cela especial hein mãe não sei" MF
Mais um escritor desta geração que “tem um olhar de gilete. E não é auto-referente como nos anos 70”, chupinzando uma frase de Heloisa Buarque de Holanda da Ilustrada de hoje. O escritor hoje está com as antenas ligadas e viradas para todos os lados.
Ta dado o recado! Leu , leu...se não leu o pau comeu!
Que figura...(ele ou eu?)

Deus o céu e o inferno aqui na Terra


"A música sempre vai achar um caminho até nós, com ou sem negócios, política, religião ou qualquer outra baboseira ligada a ela. A música sobrevive a tudo e, como Deus, está sempre presente"


E por falar em Deus li recentemente "Eric Clapton - A Autobiografia". Verdadeiro "junkie" na vida, gênio da guitarra, tocou e conviveu com nada menos que Jimi Hendrix, Beatles, Rolling Stones, B.B. King....
Nessa vida "junkie" experimentou todas, dormiu com as mulheres mais interessantes do planeta, tornou-se alcoólatra e perdeu o filho em um trágico acidente;
Aos 42 anos se recuperou, ficou rico, casou, comprou um iate teve três filhas e passou a caçar faisões e colecionar Patek Philippes.
Entre crises e recuperações com muita sinceridade Eric Clapton nos mostra toda sua trajetória; do "Cream" até o "AA".
Simples como um Blues. Um ser humano e suas encruzilhadas. Uma verdadeira lenda que sobreviveu.
E sem dúvida alguma a vida , assim como a música eram bem mais interessantes antes do dinheiro abundante..dos faisões mortos...dos relógios precisos...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Será?


Ah Ah Ah!!!! E por que não? Por que não brincar com a divindade se ela insiste em ser tão onipresente e ausente ao mesmo tempo? Ora até Carlos Drummond de Andrade já tirou um sarro: "E se Deus é canhoto/e criou com a mão esquerda?/Isso explica, talvez, as coisas deste mundo". Portanto sonhe com Deus! Viajando no espaço sideral numa nave amarela ouvindo "Light a Candle" do Neil Young.

se necessário: http://myspace.com/neilyoung

Luiz Tinoco Cabral

Paulinho Camargo


Olá Regis tudo bem!
- Fala Tinooocooo!
- Então como é que chama aquele pintor que você foi na exposição do Cauim!
- Paulinho Camargo - tá sempre no cinema Cauim! tel 92337454 - Mas não sei se é do seu gosto heim?
- Liguei para o cara....meio ressabiado marcou comigo adivinhem onde?
Chegando no Cauim a primeira impressão não foi boa!(dele comigo). O papa da arte social de protesto deve ter pensado; Quem é este mauricinho de camisa Lacoste que quer comprar meus quadros????
Depois de uns 15 minutos o gelo quebrou - descobrimos amigos em comum. O Regis - o meu primo Marcos Almeida Prado etc. No caminho já botei um Winton Marsalis no carro e o Paulinho adora Jazz. Chegando em seu apartamento os quadros enormes estavam todos apinhados em vários cantos. A casa tá com umas enormes goteiras e caiu um raio e detonou o som do Paulinho(Paulinho praguejou adoidado!!!).
Depois de duas horas vendo os quadros mais inverossímeis e originais, uns muito belos, outros de meter medo em criança(pela temática), escolhi um quadro lindo, chorei muito(no preço) e fechado o negócio chamamos uma transportadora(para o quadro) e já saimos de volta para o meu escritório onde, modéstia parte, o quadro ficou perfeito. Valeu o investimento!
Enquanto esperavamos, muita conversa. Paulinho já foi casado várias vezes, amigado outras mais, teve vários filhos, adora um Pink Floyd, uma cerveja e por óbvio é apaixonado pela pintura. Aliás seus quadros lembram algumas capas dos discos do Pink Floyd, e ele me disse que pinta sempre ouvindo música(por isso que estava puto com o raio!).
Enfim Paulinho é uma figuraça e sua arte é no mínimo muito original de um pintor com muita personalidade e consciência artística. Uma mistura de Dali com Picasso, flertando entre a abstração, cubismo e surrealismo.
Pra finalizar o dia deixei o Paulinho adivinhem onde?
a) No Pinguim?
b) No Pasquim?
c) Na Torre de Marfim?
d) No Cauim?

o amor esqueçe de começar...e o livro de terminar



O Amor Esquece de Começar...e o livro de terminar. Então terminei com ele na página 100.
Sei que é politicamente incorreto dizer isso, inclusive sem conhecer o conjunto da obra e o conjunto de uma única obra(vide parágrafo anterior), o autor tá meio que na crista, o blog dele é legal, mas...vá lá: Fabrício Carpinejar é um porre!!! Mil desculpas as minhas amigas e amigos sensíveis de plantão.
Por muito tempo relutei em conhecer tal obra do tal autor, por tratar-se de livros de poesia, algo que encontra-se distante das minhas buscas atuais(principalmente determinado tipo de poesia e considerando às críticas que li). Mas na Feira do Livro me deparei com um livro de crônicas do cara e resolvi arriscar. "O Amor Esqueçe de Começar" – belo título – meio pomposo mas bonito.
Porém...e sempre tem um porém... não dá para encarar crônica do tipo: "O amor é imprevisível(...)O amor cria sua própria necessidade(...) O amor ilude(...) O amor é como um rio, não deixa de barulhar represado de pedras(...)
Caçamba! Não é mais prático e objetivo e menos cansativo dizer que- O amor: é imprevisível, cria sua própria necessidade, ilude e é como um rio.(???)
Porra tá "barulhando" demais no meu ouvido! Parece até aquela merda de álbum de figurinhas para menininhas debilóides : "Amar é..." "Amar é..."
E tem inúmeras crônicas desse tipo, quer ver? Tá com saco? Então vá lá: "A dor do outro não requer meteorologia(...) A dor do outro é caseira(...) A dor do outro é destelhada(...) A dor do outro é uma árvore ao avesso..."
Ai! Ai! Ai! Doeu não!!!????
Quer brincar mais um pouco – é só abrir aleatoriamente em qualquer página: IHHHH! Caí numa boa: "Gostaria de dormir(...) Gostaria de dar três voltas na chave(...) Gostaria de parecer inteligente(...) Gostaria de me assustar(...) Gostaria de recolher as migalhas(...) Gostaria de sussurrar comida(...) Gostaria de conduzir um táxi(...) Gostaria de espalhar vaga-lumes pela grama..."
Prezado Fabrício Carpinejar, por acaso você não gostaria de catar coquinhos na ladeira também???? Ou ver se eu estou na esquina??? Ah! Ah! Ah!
Hoje estou atacado. Baixou o santo do João Gordo misturado com o Macaco Simão.
Mas o que me irritou mesmo não foi isso. É que além de ser redundante criando imagens de gosto duvidoso o cara tem também a pretensão de ser a Lya Luft de calças. Explico :
"Ser pai não é instruir o filho a lavar o carro, a mijar de pé, a fazer churrasco, a falar palavrão, a desenhar a letra, a namorar a perder a virgindade, a sair de uma desilusão. Não, não é isso.
Ser pai é somente compreender." F.C.
Discordo em gênero e espécie. Com a devida "vênia" ser pai é compreender e instruir.
Mas se fosse só ainda vá lá – escreve uma crônica sobre "gíria masculina" e cria uma situação onde um homem encontra uma antiga colega e comenta com a esposa que: "a garota é de uma beleza exótica".
Que homem em sã consciência falaria isso para a esposa nesses termos???
Completa ainda(pasmem) dizendo que: "beleza exótica, na gíria masculina, talvez renda um caso. É o jeito de ele falar da sensualidade dela, de destacar a volúpia"
Gente...liberdade poética é uma coisa...desconhecimento do tema é outra!
Concluindo. Trata-se de um livrinho bom para você deixar naquela banqueta ao lado da privada no lavabo. As visitas vão achar a capa bonita, você um cara sensível e terão um belo incentivo para castigar a porcelana.

Meu Deus...como eu sou mal...

um banquinho e um doidão


O livro Vale Tudo, o Som e a Fúria de Tim Maia, Nelson Motta, Editora Objetiva, tem tudo para emplacar(e emplacou). A vida de Tim Maia é altamente turbinada, movida a bauretes, garrastazzus, skankzinhos, pó, Chivas Regal e laricas mil.
Muitas frases de alto garbo: "O problema do gordo é que se ele beija, não penetra, e, quando penetra, não beija"
"fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açucar. Em duas semanas perdi 14 dias"
Misturas gastronômicas inusitadas com guaraná, suco de caju e goiabada para sobremesa.
Romantismo à flor da pele: "Vamos dar uma binbadinha?"
Alta filosofia: "Tudo é tudo e....nada é nada"
E por fim muito som e soul, afinal: "quem não dança segura a criança!"
E depois de tantas e todas no domingo, 15 de março de 1998, "o coração do gordinho mais simpático da Tijuca parou de bater", deixando o Universo em desencanto.
Interessante para ler acompanhando as músicas no site: www.objetiva.com.br/valetudo
Bom divertimento!!!! Agora vou dormir porque só quero sossego! Quero ficar bem à vontade na verdade eu sou assim!!! (este último parágrafo é uma homenagem ao grande piadista Jairo Galvão Pinto)

o mago em um trago


"conheceis a verdade, e a verdade vos libertará"


Foi assim numa tragada. Livro fácil de ler, afinal Fernando Morais consegue transformar até a vida de um simples lixeiro, em retrato de época. Fernando Morais não é mais um biógrafo é “o biógrafo” desde “Olga”, desde “Chatô”.
A vida de Paulo Coelho é muito interessante e compartilho de sua opinião quanto a verdade e admiro sua coragem em “abrir seus baús” para o biógrafo como fez, e de ter esculachado o Roberto Carlos que fica tentando esconder o impossível, considerando suas “personas” públicas.
Mas ao acabar o livro, embora todo o esforço de Fernando Morais seja louvável, já que assume que simpatizou-se com o biografado, fica a seguinte pergunta?
Dá para embarcar nesse navio??????????????????????? Explico.
Fernando Morais tenta...tenta...e tenta dizer que todos os brasileiros são preconceituosos, enquanto no resto do mundo Paulo Coelho é uma unanimidade como escritor; que no Brasil a crítica é preconceituosa em relação a sua obra. Ora. Será?
Sinceramente tentei embarcar mas NÃO DEU! O livro só reforça a minha opinião anterior baseada em conceito e não em preconceito(já que li alguns de seus livros e críticas), que o cara é picareta puro! E agora com essa biografia autorizada - picareta assumido!
Paulo Coelho é o cara que não escreve em razão da alma, mas em razão do lucro, que inventou essa estória toda de bruxarias para vender livro e que almejou a vida inteira estar na Academia Brasileira de Letras por pura vaidade!
O que esperar de um escritor que:
a) tem que consultar o “I Ching” para tomar uma decisão importante e filiou-se ao satanismo?
b) Que tem que dar a bunda para descobrir que não é homossexual?
c) Que inventou a coleção “Poetas do Brasil” para locupletear-se as custas de pobres escritores amadores?
d) Que deixou sua namorada a mercê de um algoz no DOI-CODI por covardia?
e) Que quase matou uma criança por atropelamento e fugiu?
f) Que no seu primeiro livro plagiou um conto inteiro e contratou a preço de banana um ghost-writer ?
Sinceramente não sou reacionário. Sou até liberal, muitas dessas perguntas faço apenas para ilustrar, mas perdôo quase tudo com as seguintes respostas:
a) Religião não se discute e o esoterismo é moda;
b) Sexo não se discute e o cara viveu na época do experimentalismo.
c) Vivemos num País capitalista e temos que ganhar dinheiro de alguma forma;
d) Que as reações ao sofrimento são muito particulares, e variam em cada ser humano(uns mais fortes outros mais fracos);
e) Paulo Coelho era apenas um adolescente assustado.
f) Não perdôo – plágio e falsidade ideológica é crime!(muito embora no seu caso já esteja prescrito);
Portanto a única questão imperdoável no livro e na sua vida é a relacionada àquilo que ele se tornou. Escritor. O cara escreve mal! Plagiou até o Carlos Heitor Cony? Entrou na Academia Brasileira de Letras só porque segundo os catedráticos “o milho era bom” ou seja por questões financeiras; “só é o que é” hoje em face de sua grande capacidade de produtor, vendedor e marqueteiro de si mesmo. O livro deixa bem claro isso! (sem contar a sorte e seus fiéis escudeiros...)
Concluindo – “O mago” é um bom livro como retrato de época , como relato histórico da degradação cultural em que vivemos, da massificação e da simplificação. (vide quem são hoje os ícones do jet set internacional....os ronaldos....os coelhos....a família beckhan e demais mulheres “carecas” da vida!)
Saliente-se ainda que a própria vida de Paulo Coelho é muito melhor do que qualquer de seus livros. Sem dúvida vai dar um belo thriller cinematográfico hollywoodiano.
Sinopse: Rapaz desacreditado pela família, pela escola, mal aluno, drogado, prostituído, roqueiro que depois de viagens diversas, choques e experiências esotéricas a despeito de todas as críticas desfavoráveis torna-se um dos escritores mais lidos no mundo!!!!
Uau.....o inferno e a redenção.
Agora; o livro sobre sua vida deveria acabar com uma citação de Nelson Rodrigues, este sim um grande escritor: “A UNÂNIMIDADE É BURRA”
Se quer a biografia de um grande escritor leia “O Anjo Pornográfico” de Ruy Castro.
Êta lingüinha ferina; que os orixás me perdoem....babalaoôoooooooooooo.......

domingo, 19 de abril de 2009

Daniel vai pra galera!

escultura "cavalo a tropeçar" do genial Salvador Dalí


Animado pela não tão recente adaptação cinematográfica ("Cão sem Dono" de Beto Brant), baseado em livro do autor acima, Daniel Galera, resolvi conhecer algo mais do escritor multimidia da novíssima geração de escritores do sul do Brasil, mais especificamente o livro de estréia na Companhia das Letras, "Mãos de Cavalo", quase um primeiro romance de um escritor de apenas 27 anos, que começou escrevendo na internet e agora atinge o mainstream tão em voga nos dias atuais. Verdadeiro escritor/personalidade, que inclusive toca numa banda de Rock "sem compromisso".
Vai passear muito em festas literárias meu filho!!!!!! Quem sabe tomar uma cuba libre com Pedro Juan Gutierrez.
O livro nos mostra uma cidade de Porto Alegre na visão de um personagem, Hermano vulgo "Mãos de Cavalo", em diferentes fases de sua vida, na infância, adolescência e vida adulta e como o passado acaba por influenciar e direcionoar equivocadamente suas escolhas no futuro, na já citada vida adulta, levando-o a enfrentar desafios de um vazio profundo(uma escalada na Bolívia com um amigo estranho) um casamento de aparências, apenas para justificar a covardia reinante em fases anteriores de sua formação, na infância e na adolescência.
Então é um livro que Freud explica! Ou não explica? ou complica para depois descomplicar!?
O narrador leva o nosso "hermano" adulto e suas mãos incomuns a um retorno improvável ao passado, aos primeiros tombos de bicicleta, à primeira namoradinha, aos amigos impagáveis e muitas vezes violentos e apaixonantes, ao primeiro contato com a morte e principalmente à covardia que deixou um amigo(Bonobo) agonizar e "partir desta para melhor".
O livro aliás tem tudo a ver com a frase de Nicolas Cage que o precede: "Eu caminhava para a escola e ia imaginando planos em que uma grua subia aos poucos e me via lá embaixo como um pequeno objeto no meio da rua, caminhando para a escola".
Daniel portanto foca sua grua com sua câmera para diferentes pontos de partida, para diferentes momentos da vida do protagonista, como se ele mesmo(protagonista) fosse o diretor do filme.
O livro é um tanto quanto porto-alegrense, para alguns críticos "bairrista" sofre de falta de estilo sendo que em alguns momentos o autor prefere a linguagem chula das ruas para depois rebuscar o texto. Ou seja nos dá a impressão de alguém ainda em formação. Não completo.
Mas com um pouquinho de condescendência(o cara é novo e coisa e tal...), deixando a nossa frescura de lado dá até para encarar.
Voilá! Existe algum lirismo, alguma poesia nesse retorno às origens de forma tão singular. A história em três tempos ajuda a não cansar e manter o interesse do leitor, mas por momentos sinto(o que aliás é normal) em escritor tão novo, que ele perde a mão e com o devido respeito à liberdade de expressão: "enche um pouco a linguiça" e entra num detalhamento na maioria dispensável.
Mas enfim. O livro tem que ter várias páginas né!!!!! É a maldição do romance.....
Livrinho bom para ler na minha querida Delfinópolis, MG, entre trilhas, cachoeiras e pedaladas.
E como ando metido à ciclista atualmente, transcrevo um trecho onde Daniel define o seu ciclista urbano : "suas pernas possantes forçam alternadamente os pedais, direita, esquerda, direita, esquerda, medindo a inclinação da subida a partir da força exigida dos músculos da coxa e da panturrilha em cada volta completa da coroa dianteira. As solas dos pés e as palmas das mãos processam cada vibração transferida dos pneus para o guidom e para o quadro da bicicleta, fazendo microajustes de direção e equilíbrio numa velocidade mais rápida que a do pensamento. O trecho de subida que é preciso enfrentar ao sair de casa é curto e serve para azeitar as articulações e aquecer os músculos."
Uau! Será que o Daniel é ciclista? Vou convidá-lo para andar de bike com nossa turma qualquer dia destes! Quem sabe ele me esclarece se as crianças peladas escalando a montanha de pedra na capa do "Houses of the Holy" do Led Zeppelin são ou não são os filhos do Robert Plant.
Não entendeu? Então leia o livro "Mãos de Cavalo" de Daniel Galera, Cia das Letras, 1a. edição, página 136.

Rita Lee mora ao lado Henrique Bartsch


A um tempo atrás li o livro em questão. Em Poços de Caldas. Muita charretinha de bode, muitas fotos no avião, passeios de bondinho, banhos termais, água quente, chá-verde, enfim, toda a calmaria que não se encontra na vida da nossa junkie psicodélica.
Nosso conterrâneo Henrique Bartsch, foi muito feliz, ou, sei lá, captou uma mensagem do além, e transformou a biografia da musa do rock nacional, em um romance ficcional com pitadas de realidade mescladas com muitas situações absurdas, ou seja, a chamada do livro está correta: "uma biografia alucinada da rainha do rock"
Soube muito bem o autor captar o espírito da nossa biografada. Parece em determinados momentos que ele também bebeu uma garrafa de Whisky, ou tomou um ácido, ou fumou uma maconha.
Parte da idéia de um filme "A Vida de Brian" e cria uma personagem chamada Bárbara Farniente, vizinha de Rita Lee, que leva a sua vida paralelamente e influenciada de alguma forma por Rita.
Num misto de admiração e inveja Barbara vai contando de forma ficcional a vida de Rita Lee, se inserindo na estória como aquela que acompanhou as vezes longe, às vezes pertíssimo, todas as alegrias e desventuras de Rita Lee, sem poupar o lado negro, o lado podre etc.
E a estória é riquíssima, principalmente a primeira parte baseada na biografia dos Mutantes escrita por Carlos Calado.
Ficamos sim sabendo do relacionamento com Arnando Batista, sua tentativa de suicídio, da trajetória nada convencional dos Mutantes, das idas e vindas com Roberto, das intimidades com os filhos, das "bad trips" que sempre eram entendidas pela mídia como tentativas de suícido...do seu Sítio em Caucaia e das suas buscas pelas ciências ocultas e sentidos para a vida, suas viagens para o Caribe, Europa, suas atuações políticas na defesa da natureza e dos animais, das músicas, dos discos que arrebentaram(outros nem tanto!) da sua briga com o Giron etc, de sua nada agradável passagem pelo Rock in Rio tudo de uma forma muito leve inventiva, nada convencional, com muitas citações pop e personagens do mundo das artes brasileiras e internacionais, tudo regado obviamente com sexo, drogas and rock and roll.
Com esses ingredientes não é necessário dizer mas vá lá: Delícia de leitura!!!!! Pena que o livro acabe tão rápido!
Enfim, como eu adoro citação, a personagem Barbara Farniente resume bem quem foi Rita Lee e qual foi sua trincheira: "Rita Lee vem matando as Amélias de tempos em tempos e merecidamente, pois aquelas jamais foram mulheres de verdade. Ela deu a cara para apanhar e não recuou um milímetro. No Evangelho, segundo suas letras de música, para quem souber separar o joio do trigo, estão os ditames da nova mulher"
Uau! Bela e merecida homenagem!

sábado, 4 de abril de 2009

De novo...Bukowski


Bom...mais uma vez Bukowski....com este cara eu vou até "ao sul de lugar nenhum". Título de mais uma coletânea de grande qualidade lançada aqui no Brasil.
No livro temos o autor em grande forma e o que sempre me impressiona em Bukowski e a genialidade proveniente da simplicidade de seus textos. Como ele consegue dizer tanto com tão poucas palavras; a sua capacidade de descrever personagens com tão pouco....
E os personagens estão ali. Vivos na nossa frente: as mulheres duvidosas; os bandidos; os corruptos; os vagabundos de todos os gêneros.
Alguns críticos observam que Bukowski é um escritor de um tema só. Não concordo! Bukowski consegue extrair com muita qualidade vários temas de um tema só; onde poucos escritores ousam aventurar-se.
Um escritor de verdade! Da verdade. E ainda faz caricaturas dele próprio - vide acima os traços da charge lembra até um pouco o Henfil.

Sabedoria do nunca mais Deus me livre!


"sou o herdeiro de uma lenta traição e, a cada tarde, as palavras condenadas realizam em mim seu jogo aberrante e vão me afastando do centro"

Esse Juliano Garcia Pessanha autor de "Sabedoria do Nunca" deve ser um cara terrível, viver numa pocilga lúgubre, numa cidade que chove o ano inteiro, comer comida barata e bebida vagabunda....trepar então...melhor deixar para lá!!!!
Nunca vi tanto pessimismo enrustido em um texto que com muita propriedade revela a trajetória de um "não nascido" considerando a sua impossibilidade de adequar-se à uma vida angustiante do mundo convencionado, aquele que recebemos já feito, no berço, com regras pré-determinadas.
O personagem vai brigando com as regras da vida até paralisar-se totalmente e terminar na promessa de um exílio eterno um eterno "vir a ser". Gostou?
Mas não é pra qualquer um não! Confesso que por não ser filósofo(e poeta) como o autor fiquei por alguns momentos mais paralisado que o personagem principal. Estupefato!!!!(ainda bem que estava sozinho e ninguém viu minha cara de patso!)
Enfim o cara escreveu o livro para ser entendido na sua integridade por ele próprio e por mais dois cabeludos da Filô!!!
Mas para um leigo atento é possível extrair pérolas como estas: "O homem é um súdito do tempo, este sim, o verdadeiro demiurgo que nos inventa e nos desmancha: é o tempo originário que jogando conosco faz com que sejamos, simultaneamente, hóspedes e estrangeiros nesse mundo".
"quando eu te revi já era tarde demais. É sempre tarde demais nesta terra de metamorfoses"
"vejo todos os acontecimentos se desdobrarem até um final banal e me mantenho fora deles para não contrariar minha lucidez. Quando era possuído pelos erros, minha vida era repleta de eficácia; repleta de "história",,,"
Uau!!!Poesia pura não?
No dizer de Heitor Ferraz : "A falta de identidade de Z é um piparote na cabeça do leitor, já que esta é a nossa própria condição, o nosso próprio sentimento contínuo de exílio"
E eu lendo este texto depois de uma semana em Fortaleza, aquele puta sol maravilhoso, os caras fazendo Kite-Surfe, eu tomando uma Heineken geladinha e observando o mar e as estrelas em canoa-quebrada ao som dos bons ventos constantes!!!!!
Até que foi bom para "cair a ficha", " cair na real" e sair da letargia dos bons ventos constantes.
E lá em Fortaleza quando vc pede para alguém tirar sua foto este alguém não diz "olha o passarinho!" Ele diz: "-ÓLHA Ô JÉGUE" eh eh eh!!! piadinha para descontrair um pouco. Depois deste livro eu tô precisando!!!!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O lobo do mar Jack London


A brutal história do terrível capitão Lobo Larsen escrita em 1904 por Jack London une várias paixões. Mistura livro de aventuras com romance filosófico, criando um clima todo próprio, de uma brutalidade a flor da pele, numa constante tensão.
Tudo começa quanto um aristocrático senhor na condição de náufrago é socorrido pela escuna "Ghost", de saída para uma temporada de caça às focas nas cercanias do Japão.
Então o Sr. aristocrático que sempre ateve-se ao mundo irreal dos livros, que sempre teve empregados para lhe servirem, vira servo do peculiar comandante Lobo Larsen, e entre vários questionamentos existênciais, serviços na cozinha e diálogos impagáveis transforma-se em imediato, aprende a trabalhar e a defender-se, liberando o seu lado selvagem até então desconhecido.
De quebra torna-se confidente e tutor de seu algoz(o comandante) em intermináveis discussões baseadas em Nietsche, Darwin....
Ainda de quebra recolhe uma náufraga escritora de renome e descobre o amor...e sua capacidade de amar e odiar e defender seu amor. As cenas de amor são de uma ingênuidade que só poderia existir exatamente a um século atrás, quando o livro foi escrito.
O personagem Lobo Larsen é um dos vilões mais bem construídos de toda a literatura; daqueles vilões que não conseguimos esquecer tão cedo. Inteligente, culto e proporcionalmente maldoso. O capítulo em que Lobo Larsen resolve dar uma lição ao imundo cozinheiro da nau, deixando-o amarrado na proa do barco, banhando-se no mar gelado a contragosto até o malfadado ataque de um tubarão que lhe arranca o pé é uma das cenas mais terríveis que já li. Não só pela cena, mas pela indiferença com que tais fatos dentre outros são tratados naquele mundo próprio e tão distante da civilização a que pertencemos.
Dentre outras passagens temos as caçadas e os banhos de sangue das focas no gelo, guerra de barcos entre irmãos, humilhações que deixariam em pé a Dr. Margarida Barreto, uma das maiores estudiosas do Brasil da nova matéria tão em voga no direito: "Assédio Moral".
Além do que Jack London tem uma escrita bem formulada; de prender qualquer um do início ao fim.
Mais uma dica meus amigos....vamos ler...vamos escrever...Vivas à Martin Claret que nos dá entretenimento de qualidade à 10 reais.

basta um verniz para ser feliz


Mais um livro de Mirisola para desgosto de meu cunhado o músico e jornalista Regis Martins.
Mas vou fazer o quê? Adoro o cara, seu deboche, seu sarcasmo e tudo o que escreve sobre a classe média, seus sonhos de consumo e esses personagens tão comuns nos subúrbios das grandes cidades e nos litorais "descolados".
Marcelo Mirisola segue a risca os ensinamentos de outra grande escritora Márcia Denser que em determinado momento escreve:
Posteridade (uma reflexão com dor) "O que você vai ser quando morrer,Posteriormente como será lembrado,Como um pós-consumidor?"
Nesse livro de contos temos uma pequena obra prima: "Basta um Verniz para ser feliz", um conto visceral que gostaria de ter escrito.
Começa assim: "O que eu gosto nele é a vida minúscula e bem-sucedida que leva. O medo de mostrar o rabo, sujar a gravata. Duarte jamais vai cagar em cima do bolo de aniversário. É do tipo que freqüenta sauna finlandesa às terças-feiras e reputa uma ‘personalidade vitoriosa’ por conta e obra da colônia importada que usa depois da barba: “gasto mil dólares por mês com a educação das crianças”, para ele a vida é um barbear rente, hipócrita e macio, “outros tantos em Pet-shop, treinador”; e tudo, desde o nome (ou marca, tanto faz) do “Colégio” das crianças até a conta do veterinário, absolutamente tudo, poderíamos incluir plano de saúde e câncer no cu, é uma sinopse deste sentimento comprado de vitória e frescura depois da barba. Duarte é um babaca."
Já li várias vezes o conto e não me canso!!!! Não vou transcrevê-lo na íntegra por que aqui não é espaço para tanto. Mas também não me canso de dizer: Leiam Mirisola...Leiam mirisola. Para desgosto de Regis Martins.
Para quem não quer gastar grana com livro, o que reputo um absurdo, entre no site http://www.klickescritores.com.br/ e procure o conto mínimo "basta um verniz para ser feliz".
Absurdo maior e repetindo mais uma vez neste blog: é não ler Marcelo Mirisola; de quebra leiam Márcia Denser.

Putas Assassinas Roberto Bolaño




De volta aos autores latinos, e aos títulos improváveis, o livro de Contos "Putas Assassinas" de Roberto Bolãno é um primor de situações inusitadas e excentricidades de seus personagens - todos muito bem construídos, como por exemplo o estilista necrófilo(sob a ótica de um espírito no ato da profanação de seu cadáver), o jogador de futebol místico e africano(sob a ótica de outro jogador colega de quarto e companheiro de rituais pagãos), a puta assassina(sob a ótica de uma vítima no momento da tortura e sob o discurso dela própria) e o próprio autor sob a roupagem de escritores exílados de forma espontânea... errantes.
Enfim, mais uma delícia, de um escritor carismático e boêmio de muita imaginação, que passeia tranquilamente em várias cidades do mundo, ora escrevendo em Barcelona, ora no México, ora no Chile, chegando a receber críticas de peso e atualmente estudado por literatos e descoberto como uma renovação do realismo mágico. O cara virou "autor cult", seja lá o que isto seja.
Para variar no Brasil apenas começa a ser percebido agora...tarde...
Dica de leitura "Os Detetives Selvagens" de Roberto Bolaño.
Enfim me recuso a descrever os contos sequer sucintamente já que a surpresa é a alma do negócio.
Tá feito o convite! Surpreendam-se inclusive com algumas declarações do autor sobre literatura, mecenas e escritores medíocres. Vide entre aspas abaixo:
“A literatura é uma selva em que a grande maioria dos escritores é formada por plagiários. Existem alguns jovens com voz própria, mas não sabem escrever. Então, freqüentam a universidade para aprender e, quando já sabem, não têm mais voz própria.”
“Nunca tive um mecenas, jamais ganhei uma bolsa de estudos, governo algum me ofereceu dinheiro, nenhum cavalheiro ou senhora elegante sacou seu talão de cheques. Meu verdadeiro mecenas não é o diabo nem o Estado. É o vazio.”
“Não há nada escrito por mim que me faça sentir seguro. A minha foi uma vida medíocre e isso sempre te salva no último minuto, ainda que, em certas ocasiões, nem isso. Vale dizer, a memória te salva, te exclui dessa turba infame de esritores medíocres que duvidam pouco e pisam forte.”

Peter Baiestorf - sangue e mulher pelada


Maior personalidade de Palmitos- SC , videomaker, diretor e produtor de mais de cem títulos dentre eles o grande: "Super Chacrinha e seu amigo ultra-shit em crise X Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha(ou - "Ainda bem que Jimy Hendrix morreu"), ou ainda o cult "Sacanagens bestiais dos Arcanjos fálicos", ou o político "Porquê??? Porquê sou brasileiro!!!!". eh eh eh!!!! Com certeza os títulos são melhores que os filmes!!!!eh!eh eh!....
O maior sucesso de Baiestorf foi o filme "Zombio", trash ao extremo foi renegado por Petter que esclarece: "tá tudo certo as luzes, o figurino nem parece que fui eu que fiz?!"
Conheci o figura acima no documentário que dá título a este post direção de Christian Caselli(pode ser acessado no porta-curtas), onde observamos uma entrevista bem humorada do Petter e seus discípulos, onde eles procuram levar ao extremo o "faça você mesmo", sem aula, sem aprendizados... mesmo que seja uma merda!!!!
E não é que temos um universo interessante(???). Adubo em profusão(no sentido de - excesso de liberdade). Larga mão de preconceito e entre no site :
http://www.canibalfilmes.bulhorgia.com.br/
Afinal como diz a música do Zeca Baleiro: "se minha vida agora é cool, meu passado é que foi trash"
Ahh!...ia me esquecendo; Aproveitem logo já que Baiestorf quer largar a produção de videos e sair pelo mundo em busca de artistas como ele e escrever um livro sobre a sua arte trash...artistas trash espalhados por aí!!!
Estão vendo? Falta tudo menos projetos!!!!......E nós aqui com estes pudores da classe média recalcada!...
Fico com André Malraux(1901/1976) romancista, ensaista, cineasta e Ministro de Estado: "A Arte é uma revolta contra o destino".
Afinal o que seria de Palmitos sem Petter Baiestorf??

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