sexta-feira, 3 de abril de 2009

Putas Assassinas Roberto Bolaño




De volta aos autores latinos, e aos títulos improváveis, o livro de Contos "Putas Assassinas" de Roberto Bolãno é um primor de situações inusitadas e excentricidades de seus personagens - todos muito bem construídos, como por exemplo o estilista necrófilo(sob a ótica de um espírito no ato da profanação de seu cadáver), o jogador de futebol místico e africano(sob a ótica de outro jogador colega de quarto e companheiro de rituais pagãos), a puta assassina(sob a ótica de uma vítima no momento da tortura e sob o discurso dela própria) e o próprio autor sob a roupagem de escritores exílados de forma espontânea... errantes.
Enfim, mais uma delícia, de um escritor carismático e boêmio de muita imaginação, que passeia tranquilamente em várias cidades do mundo, ora escrevendo em Barcelona, ora no México, ora no Chile, chegando a receber críticas de peso e atualmente estudado por literatos e descoberto como uma renovação do realismo mágico. O cara virou "autor cult", seja lá o que isto seja.
Para variar no Brasil apenas começa a ser percebido agora...tarde...
Dica de leitura "Os Detetives Selvagens" de Roberto Bolaño.
Enfim me recuso a descrever os contos sequer sucintamente já que a surpresa é a alma do negócio.
Tá feito o convite! Surpreendam-se inclusive com algumas declarações do autor sobre literatura, mecenas e escritores medíocres. Vide entre aspas abaixo:
“A literatura é uma selva em que a grande maioria dos escritores é formada por plagiários. Existem alguns jovens com voz própria, mas não sabem escrever. Então, freqüentam a universidade para aprender e, quando já sabem, não têm mais voz própria.”
“Nunca tive um mecenas, jamais ganhei uma bolsa de estudos, governo algum me ofereceu dinheiro, nenhum cavalheiro ou senhora elegante sacou seu talão de cheques. Meu verdadeiro mecenas não é o diabo nem o Estado. É o vazio.”
“Não há nada escrito por mim que me faça sentir seguro. A minha foi uma vida medíocre e isso sempre te salva no último minuto, ainda que, em certas ocasiões, nem isso. Vale dizer, a memória te salva, te exclui dessa turba infame de esritores medíocres que duvidam pouco e pisam forte.”

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