domingo, 3 de maio de 2009

crise, crise, crise, crise....

kiss - Andy Warrol


Acho que é até lugar comum já que escuto esta frase quase todo o dia no elevador, mas nunca é demais repetir "não aguento mais essas crises". Crise educacional, crise do sistema de saúde, crise ambiental, possibilidade de endemia, crise no futebol, crise econômica, acho que nos meus quarenta anos nunca estive em um período tão, digamos, crítico.
Mas a solução é simples e veio de uma fonte um tanto quanto improvável - O Presidente do México. "fiquem em casa, não há lugar mais seguro". É verdade. Se todo mundo ficar em casa acaba a crise ou pelo menos não teremos mais que ouvir sobre ela no elevador. Ademais todo este texto só tem uma razão de ser e literária já que este blog não trata de política economia ou outras coisas similares enfadonhas e entediantes.
É que a muito tempo atrás lendo um livro eu grifei a seguinte frase: "A infelicidade do ser humano provém do fato de ele não querer ficar quieto no seu quarto, onde é o seu lugar" Patrick Suskind. Será que o presidente do México leu "O Perfume"?
Mas deixando tais pertinentes questionamentos de lado(O Lula com certeza não leu!) por enquanto só nos resta esperar...esperar....esperar as malditas crises passarem. Elas vem e vão no balanço do mar ou no balanço das horas mostrando que os acontecimentos tomam rumos independentes de nossos desejos. Sinto pena: pena dos aflitos. O sonho é constantemente corroído por uma ferrugem porcinamente cinza e insistente, que vai dominando e enfeiando o espaço, tornando a sala suja e gasta. A brutalidade dos fatos contra a sensibilidade da alma do poeta que insiste em ver o imaginário, sonhar com o intangível e ver escapar o mundo utópico na palma de sua mão. E assim vamos caminhando...caminhando....esperando Godot. E para quase finalizar uma frase de Milan Kundera, colhida no livro Risíveis Amores: "...mas é sempre o que acontece na vida: imaginamos representar um papel numa determinada peça e não percebemos que os cenários foram discretamente mudados, de modo que, devemos atuar num outro espetáculo".
Em tempos de crise lembre-se que o melho alento está na arte, na leitura nos livros. E já que é melhor ficar em casa ? Vai um livrinho aí? Nesses tempos absurdos talvez Samuel Beckett seja uma boa pedida!!! abraços.

sábado, 2 de maio de 2009

coisa de louco


Sabe aqueles dias em que vc acorda, olha no espelho e indaga: - Sou louco?!?
Pois não é só você. Bernardo Bertolucci a muito tempo atrás dizia que a sua maior angústia e medo, relacionava-se ao sentimento de loucura, de não mais conseguir separar a realidade da ficção, emfim, o famoso "medo de enlouquecer".
Mas enfim o que significa esse medo?
É o medo de ser tachado de maluco, da exclusão social, da perda dos direitos civis e de expressão.
A acusação de loucura é a arma dos "normais" contra os "diferentes", que buscam o intangível e fazem girar o mundo.
Bertolucci viveu na pele essa acusação. Foi condenado por obscenidade quando realizou sua obra-prima "O Último Tango em Paris"; foi preso e perdeu o direito de votar, passando então a pertencer a casta restrita da minoria, devido ao patrulhamento indócil contra as minorias em seu País.
Então quando estiver se achando louco. Lembre-se de Jung:
"Não podemos escapar de ser influenciados por conteúdos psíquicos, é nossa condição natural; por isso sempre fico desconfiado quando alguém me assevera que é muito normal, pessoas normais em excesso são apenas loucos compensados. O homem realmente normal não tem necessidade de ser sempre correto, ou de sublimar sua normalidade, ele pode ser possuído por uma idéia, uma convicção, um sentimento, ele pode viver todos os lados de si mesmo e fazer muitas coisas loucas"
Portanto não saia por aí gritando em altos brados aquele jargão daquele impagável personagem interpretado pelo saudoso Francisco Milani: "EU SOU NORMAL!!!!!!!!!!!"
"eu juro que é melhor/ não ser um normal/ se eu posso pensar que Deus sou eu..."(balada do louco - Arnaldo Baptista e Rita Lee); afinal "loucura pouca é bobagem" (Luciano Alves e Sérgio Dias).