sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A mesma praça....

Haruki Murakami - correndo para escrever


Mais um ano começa e com ele as velhas promessas, ler mais, estudar mais fazer mais esporte. Porém como não vou cumpri-las mesmo prometo: não bater o carro até o final do ano; beber moderadamente; comprar bilhetes da mega-sena. A promessa adequando-se às reais possibilidades do compromissado. Começou bem o ano. Estive na Praia Grande onde: meu filho teve disenteria ou sindrome decorrente de inflamação intestinal e na passagem de ano muita...muita gente. Teve os fogos tradicionais, aquela barulheira e coisa e tal... Para compensar o “agito” fui para um Hotel Fazenda em Dourado/SP. Muita cavalgada, muita tirolesa, piscina, sauna, comida calórica, cerveja original e nada...um nada que a muito tempo não me brindava!!! Como é bom fazer nada!!! Absolutamente. Obviamente com um bom livro a tira-colo. Adorei o livro do Haruki Murakami(vide acima) “O que eu penso quando penso em corridas”. A princípio parece um daqueles livros chatos, que simplesmente procuram fazer apologia das corridas e da vida saudável. Nada disso! Murakami faz um belo ensaio sobre a influência da corrida em sua vida de romancista e todas as nuances filosóficas que envolvem as duas atividades. Uma verdadeira paixão insana, com muita verdade uma vez autobiográfico. Teve também a autobiografia do André Agassi, que li pulando mais do que uma bola de tênis. Dispensável mas ao mesmo tempo corajoso. Li alguns livros da Roberta Ferraz que sinceramente não consigo alcançar - a sua cultura específica e sua formação mística, cabalística e lingüística. Sabe aqueles livros que vc lê e fica pensando...pensando...onde a autora quer chegar? Mas o “Fio, Fenda, Falésia” até que tem algumas coisas legais e inteligíveis, como: escrever um livro a três, um projeto conjunto, sem contar o interessantíssimo projeto gráfico das capas e inversões , os cenários praianos e as frases cheias de poesia. Desculpe prima!!! Um dia ainda chego lá. Devo ser um leitor chucro mesmo. Caipirão. Gostei de algumas passagens do livro de uma amiga dela “Acorrentados” Ana Rusche . Bem interessante mas com um roteiro um pouco confuso. Não adianta sou tradicional gosto da coisa mais careta, mais retinha, bem delineada em matéria de roteiro, de história . Fazer o quê??? Uma verdadeira descoberta foi a Graphic Novel “Os Beats”. Ai estou tranqüilo no meu terreno. Volta às origens. A Graphic Novel narra em quadrinhos a vida de vários ídolos que tenho como Ginsberg, Kerouac e o loucaço do Burroughs dentre outros poucos conhecidos do movimento Beat e também a história da banda “The Fugs”. São vários desenhistas e roteiristas de ponta no cenário americano para simplificar e desmistificar o movimento que tem muita coisa boa, mas muita coisa ruim também. A única crítica que faço é que os quadrinhos poderiam ser maiores, a revista poderia ter outra formatação nos moldes grandes, capa dura etc. e não no tamanho caderninho de escola. Não poderia deixar de elogiar(como sempre!!!) Reinaldo Moraes e seu livro de contos “Umidade” , esse é um verdadeiro talento. Escreve fácil, joga na cara todas as inconveniências, toda a podridão da vida sem atalhos. E o conto em que narra as aventuras e desventuras de um pseudo-playboy que casa com uma gostosa virgem é de estarrecer. Vai ter imaginação doentia assim lá na China!!!! E assim começa mais um ano(acho que já falei isso lá em cima). Muita literatura boa para todos!!!! Sem redundâncias....sem enganos. A vida começa aos 42. “Não confie em ninguém com mais de 30/Não confie em ninguém com 32 dentes”. Que texto barroco!!!! Viva o Aleijadinho!!!! E nessa inspiração termino com Gregório de Mattos “E quer meu mal, dobrando os meus tormentos/Que esteja morto para as esperanças/E que ande vivo para os sentimentos.” Sarava iemanjá!!!!!