sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ode ao Pinguim



Feira do Livro – palestra dos escritores moderninhos Daniel Galera e Santiago Nazarian – chego atrasado – cadeirinha dura no fundo – os menininhos falando sobre o “ofício” de escritor para alunos do 2º. grau... pobre geração que não chuta mais o balde! Saudades do Glauber mandando todo mundo à merda!!
Pois a melhor parte da palestra foi quando Santiago Nazarian falou que é comum encontrar o Marcelo Rubens Paiva na Rua Augusta em Sampa cercado de putas lindas e dizendo que as pessoas não sabem....mas seu pinto funciona!(eh eh eh!!!).
De repente também fala de uma viagem com Rubem Fonseca – que o cara é muito figura, gosta de fazer apoios/flexões no meio da rua e nos lugares mais insólitos (eh eh eh!!!) – o guia explicando sobre um ponto turístico e o Rubem Fonseca fazendo apoios/flexões...
Daniel Galera sem pedir licença levanta e vai ao banheiro! E eu naquela cadeirinha dura lá no fundo.

Um senhor mais velho resolve fazer uma pergunta “polêmica”: - “Porque esta nova geração usa um vocabulário tão chulo?” – Resposta do Nazarian que é uma mistura de emo com clubber saradinho: – Que “o vocabuário não é chulo mas necessário para caracterizar o personagem!” “-Muitas vezes o palavrão é necessário e não gratuito” – Puta-que-pariu!!!!!!!!
Nessa altura eu que estava do lado do Pingüim no Auditório Meira Jr. comecei a ter visões de chopes dourados gelados entrando pela minha garganta profunda e sedenta....
Foi quando o Daniel Galera chegando do banheiro respondeu que não escreve por ofício mas por necessidade....uma necessidade mais profunda que minha garganta....algo da alma e não para vender ou para satisfazer o leitor! Puta-que-pariu!!!!
Nesse instante levantei-me da cadeirinha dura lá no fundo e fui para o glorioso Pingüim. Tomei meia dúzia de chopes acompanhado de lingüiça, arroz, farofa e vinagrete; Fiquei olhando para os transeuntes que desfilam diariamente pelo calçadão.
Definitivamente não existe melhor programa do que ficar tomando chope na General Osório com a Álvares Cabral e vendo a vida passar em frente.
UM DISPARATE! UMA IRRACIONALIDADE!!! UMA PAIXÃO!!!!
E os menininhos perderam. Ao contrário no dia Seguinte Sócrates, Peréio, Cachaça e Cia Ltda se esbaldaram por várias horas no local.
A maturidade um dia chega.
Lembrei-me de George Bernard Shaw: “O homem racional se adapta ao mundo; o irracional insiste em tentar adaptar o mundo a ele. Assim todo o progresso depende do homem irracional”.
Um brinde!!!!!

A Carta Secreta de Caminha



Pouco ou quase nada se sabe sobre a vida de Pero Vaz de Caminha. Sabe-se que era filho do Duque de Bragança e que nasceu na cidade de Porto. Dedicou-se ao comércio e por escrever bem foi designado escrivão da feitoria de Calicute na Índia de onde seguiu com Cabral em 1500 para o Brasil, por ordem de D. Manuel.
Ainda em 1500, Caminha segue com Cabral para Índia e morre segundo relatos no dia 15/12/1500, durante um assalto dos mouros à feitoria de Calicute.
Mas não foi bem assim. Recentes estudos nos mostram que Caminha não morreu na Índia e sim no Brasil nos braços de um índio conforme carta secreta descoberta recentemente num compartimento escondido no banheiro particular de Dom Manuel em seu Palácio em Évora na cidade de Portugal. Vide o texto na íntegra:
“2 de maio de 1500
Caro Dom Doca vulgo “o venturoso”
Lembra quando lhe dei este apelido? Daquela noite chuvosa e aconchegante na Torre do Tombo?
Mas não escrevo essa segunda carta para rememorar os bons tempos que para mim estão enterrados a sete chaves e embaixo de sete palmos de terra portuguesa. Em realidade gostaria de expressar minhas justas lamúrias e ao final lhe fazer um pedido.
Porque Vossa Alteza fez isto comigo? Colocou-me a revelia nesta nau só para me punir? Como se o amor tão puro e verdadeiro entre dois homens fosse um pecado?
Pensou que me afastando de Portugal não revelaria nosso “segredo”?
Pensou que poderia enterrar o seu passado tão belo ao meu lado?
Pois fique sabendo que o seu Deus escreve certo por linhas tortas. Que sua torpeza e hipocrisia me revelaram o segredo da simplicidade da vida e me trouxeram para um novo mundo onde posso finalmente ser eu mesmo.
Logo que aqui desci nesta maravilhosa terra descobri o quanto era falsa a nossa vida em comum. Tudo às escondidas, nesse mundo de aparências e religiosidade castrante que é o Paço Imperial.
Primeiro gostaria de dizer que muito aprendi com Pedro, que além de ótimo Capitão-mor me proporcionou inesquecíveis noites em sua cabine particular. Jamais esquecerei Pedrinho, homem de garbo e bom gosto, sempre com seu colar de ouro, que ao contrário do restante da tripulação me ensinou os segredos das nuvens e das estrelas. Quantas noites não ficamos lado a lado no tombadilho observando figuras geométricas no infinito céu azul. Um dia ainda lhe contarei ao pé de ouvido o que significa uma “ancoragem limpa e segura”. Ao contrário do que pensas foi o melhor presente que já me destes caro “Dom Doca venturoso” e no tocante estou em débito com Vossa Alteza.
Mas não é só: gostaria de relatar que muito prazer e tesão me trouxe a visão dos índios nus que não ficam escondendo suas vergonhas, com seus falos grossos e ornamentados e sua sinceridade e inocência em expressar sentimentos. Mas vamos ao que interessa:
Pois bem, logo que desci nessa nova terra de Vera Cruz lá estava ele saindo do mar: homem de confeição branda, pardo, nu,, bom rosto, de nariz bem feito, apenas com uma copanzinha de penas vermelhas e pardas na cabeça, com um colar de continhas brancas e miúdas no pescoço, com o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro; para completar o belo conjunto o cabelo corredio e tosquiado com aquela sensual pintura vermelha pelo peito, costas, pelos, quadris, coxas e pernas até embaixo; mas os vazios com a barriga e estômago eram de sua própria cor. Só a nádega tingida de pintura preta que ficava ainda mais vívida com a água do mar.
Confesso que foi amor a primeira vista. Depois vim a saber que seu nome é Aimberê e que pertence à Tribo dos timbiras e que no mesmo instante aquele homem adoravelmente selvagem também se afeiçoou com minha pessoa, convidando-me para passar a noite em sua taba. Fiquei com muito medo, mas como Pedrinho achou que a experiência era importante para a nossa missão de amansamento topei imediatamente. Foi quando então o mundo novo descortinou-se em minha frente. Aimberê é tudo o que sempre sonhei, e a Tribo dos timbiras encara com a maior naturalidade aquilo que Vossa Alteza classifica como “o abominável pecado de sodomia”. Aimberê me batizou de “cunhanbebe”, nome com o qual fiquei conhecido entre os nativos que me aceitaram como o novo membro da tribo dos timbiras em uma grande festa de rebatizado, noite de lua cheia iluminada ainda por uma enorme fogueira ao som de peculiares instrumentos de percussão. Poderia ficar horas descrevendo o quão maravilhoso é tudo por aqui. Mas também não é o caso.
Feito tal relato peço que, por me fazer singular mercê. Me autorize por aqui ficar definitivamente e como satisfação para a sociedade portuguesa diga oficialmente que morri durante um assalto dos mouros à feitoria de Calicute. Pedrinho já concordou com a farsa. Também peço o sigilo dessa missiva e garanto que em contrapartida “aquele segredo” entre nós ficará guardado eternamente.
Adeus.
Assinado: Cunhanbebe
ps – favor desconsiderar a carta anterior; escrevi apenas para justificar o salário.
Ps2 – ah! Quase ia me esquecendo: Vá para o inferno seu filho de uma rameira!!!”
Vinte e um anos depois mais especificamente em 1521, quando D. Manuel veio a saber que Caminha tinha morrido de uma doença tropical misteriosa; numa espécie de ciúmes tardio, editou na nova terra então chamada Brasil as “ordenações manuelinas” onde instituiu a pena de morte aos sodomitas praticantes do abominável pecado da sodomia inclusive sem necessidade de consulta a Metrópole. E os homossexuais do Brasil não tiveram mais paz.

tributo a mirisola






Sentimento, sentido, exército, sentido, porrada no coração, sentido...meia volta volver. Volto ao início de tudo, nas profundezas do coração que insiste em me direcionar para a frente, para os lados, para todos os lugares, para lugar nenhum, como um titã enfurecido. Leio revistas, leio Nietsche, Márcia Denser e James Joyce. Vou no clube e vejo corpos queimando-se e cérebros desocupados. Caminho pelo shopping e vejo pessoas e mais pessoas, o mundo cheio de meias pessoas sem sentimento, sem sentido; porrada no coração...meia volta volver. Assisto um filme! Saio para trabalhar e vou para um motel lamber azulejos fétidos. Silicone nos seios pela rede pública nos cérebros desocupados. Vou no centro da cidade; o comércio de quinquilharias que todos querem mas não precisam. Em realidade em que sentido vou? Do centro ao shopping do motel ao inferno. Fico no quarto de leitura lendo Pelegrini, Bocage e Mirisola. Semana da pátria, semana dos párias, semana da merda enlatada para boi dormir. E não cheirei cocaína hoje, nem nunca! Abram os "gates" do Central Park dos cérebros desocupados. Desopilar a merda enlatada. O CRÂNIO É UMA LATA.

Repeat after me:

O CRÂNIO É UMA LATA
O CÉREBRO É UMA PASTA
MARRON ESVERDEADA
MERDA PISOTEADA

cú de bêbado não tem dono




CAPÍTULO 1 – SÃO PAULO - BRASIL

Rubão conheceu Helena na fábrica de cerveja onde trabalhavam; mais especificamente no setor de engarrafamento.
Ele alto forte e de cabelos negros como a asa da graúna. Ela pequena, delicada e meiga com os cabelos mais longos que o talhe de palmeira.
Começaram a namorar e apesar das diferenças físicas logo descobriram coisas em comum; mais especificamente uma coisa em comum. Adoravam sexo; e na cama convencional se davam muito bem.
Porém com o passar dos tempos, mais especificamente dois anos de namoro, a relação começou a ficar monótona e repetitiva.
Para afastar o tédio Rubão começou a ter brilhantes idéias; mais especificamente uma brilhante idéia: transar em lugares insusitados e improváveis de forma rápida e fortuita.
Tudo começou um dia no Parque do Ibirapuera. Helena com uma saia rodada e sem suas roupas íntimas, mais especificamente sem a calcinha, sentou na grama no colo de Rubão e transaram ali mesmo com várias pessoas passando ao redor.
A experiência foi tão emocionante que repetiram a dose na praia, mais especificamente num final de semana na Praia Grande onde a cena romântica deu-se no mar.
E daí em diante o tédio deu lugar à emoção vibrante da aventura. Era no elevador, no carro, banheiro de boteco, casa dos pais, festa de batizado, festa de criança, cemitério, velório....
Tudo ia muito bem; muito tesão, muitas emoções fortes mas...Rubão tinha uma idéia fixa, uma verdadeira obsessão. A coisa tinha que ser feita onde se conheceram, mais especificamente na Fábrica de Cerveja no setor de engarrafamento.
Porém como executar o intento com tanta gente no local, bem como o insuportável encarregado Tonhão que não largava do seu pé?
Após grandes estudos e projetos de alta indagação formulou seu plano. Na hora do café, mais especificamente às 22:30 horas do turno da noite esperaria todos saírem para o refeitório, inclusive o encarregado Tonhão que não perdia o café por nada, e então “pimba”:...daria início àquela transa inesquecível que não poderia durar mais do que especificamente 10 minutos. (tempo do intervalo).
E chegou o grande dia. Considerando o tempo que dispunham Rubão já chegou na fábrica vestido, mais especificamente com a camisinha no pinto. Helena sua comparsa no crime veio com sua velha saia rodada e sem suas roupas íntimas, mais especificamente sem sua velha calcinha;
A sirene irritante tocou; todos foram para o café, menos o casal. E então sem mais delongas “pimba”: a transa inesquecível começou ali mesmo onde tanto sonharam. Na Fábrica onde se conheceram, no setor de engarrafamento, mais especificamente próximo a esteira onde as garrafas circulavam em fila até o braço mecânico que impingia violentamente as tampas douradas em suas bocas.
Tudo ia às mil maravilhas; Rubão e Helena estavam em êxtase, em transe....ele apenas com o pinto para fora da braguilha...ela com sua saia rodada e esfuziante...a melhor transa de suas vidas, movimentos repetitivos e ritmados, muito suor, muita cerveja... (só faltava o samba!).
Mas alegria de operário dura pouco, mais especificamente muito pouco.
Ao fundo viram uma porta abrir-se e um vulto enorme entrando no setor, mais especificamente o encarregado Tonhão que estranhamente voltava do café mais cedo como jamais tinha feito. De súbito o casal interrompeu o ato e sabe-se lá por qual razão Rubão tirou a camisinha guardou o pinto e ficou lá...parado...com cara de patso...em estado de choque... de braços abertos e com a camisinha na mão sem saber o que fazer.
Quando Helena viu Rubão fazendo aquela cena comprometedora sussurrou delicadamente:

“-Faz alguma coisa idiota....esconde essa porra!”

De forma inconsciente e assustado Rubão fez a única coisa que lhe ocorreu no momento: girou o braço para trás e enfiou a camisinha numa garrafa que andava pela esteira segundos antes de ser lacrada com a tampa dourada. Tonhão nada viu de estranho... tinha voltado especificamente para buscar seu óculos de grau. Dezoito de miopia.


CAPÍTULO II – MOSCOU - RÚSSIA

A cerveja com a camisinha foi para um engradado de plástico. O engradado foi para um container, o container foi para um navio que chegou no Porto de San Petesburgo na Rússia. A cerveja importada do Brasil foi parar numa noite fria, no Bar Vodka em Moscou quando o cidadão moscovita Pavlov após pedir a 12ª. garrafa recebeu a dita cuja no balcão e depois do primeiro gole comentou com seus amigos Sasha e Boris:

"-Esta cerveja esta com um gosto gozado, vocês não acham?"

Depois de experimentar olhou para a garrafa e viu a camisinha boiando no líquido amarelo e mais uma vez comentou:

“-Malditos fabricantes de cerveja, por que não pensaram nisso antes; se as garrafas de cerveja trouxessem uma camisinha de brinde, eu nunca teria engravidado aquela vagabunda em Kiev!!!!”

Pra finalizar a noite, bebeu a derradeira cerveja, retirou a camisinha da garrafa e colocou no bolso ao lembrar o dito popular universal: “cú de bêbado não tem dono”.

Nunca se sabe....(pensou) e saiu perambulando pelas ruas de Moscou até dormir num banco duro e gélido na Praça Vermelha.

Acordou no dia seguinte roxo de bruços e com a calça arriada. A camisinha(???) Sumiu!(?)