tag:blogger.com,1999:blog-4366441723287343232024-03-21T12:14:34.312-07:00T I N O C A B R A L I ALITERATURA E AFINSLuiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.comBlogger170125tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-20719227514259219702016-05-17T17:40:00.001-07:002016-05-17T17:40:35.185-07:00SUBMISSÃO MICHEL HOUELLEBECQ<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH5UWTqIPNK6PqqEiw1RU-ioaoOBk7AclxVzWxTq900dZ7O5oGTsTyA7jv9UrOJcbDbSmwNU6TKYMx4758jSWIXwqvAUhoQ8ColftmrXC7Q1j32Uep_LO9aj4qyT8dMo77598Ohszq6A/s1600/michel-houellebecq_2015-04-02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH5UWTqIPNK6PqqEiw1RU-ioaoOBk7AclxVzWxTq900dZ7O5oGTsTyA7jv9UrOJcbDbSmwNU6TKYMx4758jSWIXwqvAUhoQ8ColftmrXC7Q1j32Uep_LO9aj4qyT8dMo77598Ohszq6A/s320/michel-houellebecq_2015-04-02.jpg" width="235" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
caricatura do escritor - autor desconhecido</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O livro é narrado por um professor universitário e estudioso
de literatura da Universidade Paris IV- Sorbonne, com tese de doutorado baseada
na obra e vida do escritor Joris-Karl Huysmans numa fictícia França futura no
ano de 2022 quando por ocasião das eleições presidenciais, coisas e situações e
alianças políticas estranhas acontecem, levando a uma vitória do Presidente
Mohammed Bem Abbes do partido da Fraternidade Muçulmana, que paulatinamente e
de início moderado vai alterando e revolucionando os hábitos culturais e
religiosos do País bem como influenciando a vida do nosso narrador e
protagonista levando-o a uma reviravolta um tanto quanto forçada de conceitos,
numa guinada irreversível para o novo regime islâmico instalado.</div>
<div class="MsoNormal">
Desta feita a obra trata da decadência da cultura ocidental,
e da influência perniciosa ou não que leva à inevitável subjugação ou submissão àqueles que
passam a deter o poder conforme o título do livro.</div>
<div class="MsoNormal">
A princípio relutante, o professor, pessoa culta, solitária,
carente e extremamente ocidental vai de forma parcialmente relutante cedendo à
máxima prolatada e introduzida pelas oportunidades dos novos tempos conforme se
extraí da página 219 Editora Objetiva, Alfaguara 1ª. Edição <i>“A idéia assombrosa
e simples, jamais expressada antes com essa força, de que o auge da felicidade
humana reside na submissão mais absoluta”. </i>Afinal segundo o próprio
protagonista para se justificar: <i>“o intelectual na França não precisava ser
responsável, isso não fazia parte de sua natureza”.</i></div>
<div class="MsoNormal">
Lá pelo meio do livro achei que ele ia descambar para um
realismo fantástico, mas no final não... o autor segura as rédeas e de maneira
comedida diz a que veio, sem alarde e sem exageros, dotando o final fictício e
futurístico com uma provável e aceitável veracidade. Um verdadeiro tratado da
vulnerabilidade humana e de seu caráter ambíguo e camaleônico.</div>
<div class="MsoNormal">
Livro de uma atualidade gritante tendo em vista os últimos
acontecimentos e atentados, na França bem como a alternância forçada de poder
no Brasil.</div>
<div class="MsoNormal">
Além do que Michel Houellebeq intercala várias situações
hilárias, estórias amorosas frustradas, prostitutas mercenárias , amizades
excêntricas, bem como um pouco da vida intelectual universitária e suas nuances
um tanto quanto européias. O escritor desse livro além de romancista é poeta e
ensaísta e tem um estilo bem legal de escrever por momentos alternando com a
estória verdadeiros ensaios sobre outros autores, intelectuais e manifestações
artísticas diversas. Sem sombra de dúvidas, alta cultura de alguém habituado a ler
e escrever muito e debater os problemas contemporâneos.</div>
<div class="MsoNormal">
Confesso que relutei em começar, achei a temática difícil e
o autor mais ainda. Porém passei bem pelas páginas e surpreso confesso que não
tive nenhuma dificuldade aproveitando para elogiar a hábil tradução de Rosa
Freire de Aguiar. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
Ta aí, para aqueles que acharam que o blog tinha morrido
sigo comentando os livros que gosto na esperança, sempre, de despertar o seu
interesse pelas coisas boas da vida, a literatura e os vícios saudáveis(ou não)
sendo que não poderia deixar passar essa
última citação da página 181 de Huysmans e que reflete bem o meu momento atual:
<i>“uma das únicas alegrias puras da vida neste mundo consiste em se instalar
sozinho na própria cama, tendo ao alcance da mão uma pilha de bons livros e um
pacote de fumo”.</i> Salientando que o fumo eu dispenso desde sempre mas trocaria
de bom grado por uma boa e amarga cerveja artesanal. "tim tim”!!! Au
revoir!!!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Luiz Tinoco Cabral </i></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-63515484059652349392015-10-16T12:40:00.000-07:002015-10-16T12:54:20.373-07:00ARIANE LOIRA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh473Ih2vqBQW3pIA0mCU_tRVBWJQ-0OaE3FS2cXyi-v3Z-siMcl8YRS1O6fMO4zSREUAUYfM_5ARzahgHrnt1puXZgEdNJ2hoIaFPJ4GOmkY1-E6QggH8OGQYIP_xsIkG7_UnJBJ05Kw/s1600/loira+falsa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh473Ih2vqBQW3pIA0mCU_tRVBWJQ-0OaE3FS2cXyi-v3Z-siMcl8YRS1O6fMO4zSREUAUYfM_5ARzahgHrnt1puXZgEdNJ2hoIaFPJ4GOmkY1-E6QggH8OGQYIP_xsIkG7_UnJBJ05Kw/s320/loira+falsa.jpg" width="280" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Conheci Ariane numa
reunião dos alcoólicos anônimos em Ribeirão Preto. Ela era tão linda que não
combinava com as paredes gastas da sala decadente do antigo casarão na zona
central da cidade. Digamos assim que ela era uma Pietá de Michelangelo ao lado
da privada de Duchamp. Loira falsa a esconder uma mata escura e tesuda no meio
das pernas. Olhos verdes, seios fartos e duros, cintura de bailarina....enfim
uma puta de uma gostosona, uma mistura de Babi Xavier com a bunda da Sheila Melo.
De babar baby!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A reunião começou e um Senhor velho e barbudo começou a
dizer o óbvio, que estávamos no lugar certo e que o único requisito para se
tornar um membro era o desejo de parar de beber etcetera, etcetera, e eu olhava
para a boca carnuda daquela mulher e sentia um desejo incontrolável de tomar um
porre para curar toda a minha impotência em conversar com aquela musa e puxar
seu braço e leva-la para o bar da esquina da General Osório com a Alvarez
Cabral.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A reunião entediante e enfadonha caminhou para os depoimentos. O velho barbudo
deixou todos a vontade para o primeiro relato. Foi quando para espanto geral
ela pediu a palavra e com voz embargada começou a falar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Me chamo Ariane, nasci <st1:personname productid="em Ribeir ̄o Preto" w:st="on">em Ribeirão Preto</st1:personname> a
exatos 22 anos atrás; mas bebo desde os 14 anos quando por incentivo do meu
primo Rodrigo numa noite longínqua de Natal em família na casa de Vovó tomei
logo de cara uma garrafa de uísque para curar minha inibição e trauma de uma
adolescência infeliz. Desmaiei na sala, minha avó chorou muito minha tia Elza
foi embora desolada e meu primo Rodrigo na época com 24 anos me levou para o
Hospital São Paulo. Tomei uma dose de glicose na veia e depois Rodrigo me levou
para a sua casa(ele era estudante de medicina e morava sozinho) ligou para os
meus pais e disse que eu estava bem mas que era melhor eu passar a noite
lá...no quarto de hóspedes. Autorização concedida Rodrigo veio com uma conversa
mole que eu precisava tirar a roupa para melhorar e começou a fazer uma
massagem na minha bunda, e de repente socou dois dedos na minha bucetinha
virgem, me deixando toda molhadinha. Eu estava achando tudo ótimo afinal
Rodrigo era meu primo mais bonito, mais educado e o xodozinho da vovó. Todos
adoravam o Rodrigo!. Quando ele me disse que
sempre teve uma quedinha por mim fui da adolescência infeliz para as
nuvens em um átimo de segundo. Bem...logo depois ele se despiu e pude ver
aquele pinto enorme e teso, vinte e quatro centímetros de alegria e eu no auge
dos meus quatorze anos só tive uma reação espontânea. Cai de boca naquele pirulitão.
E chupava, chupava como aquela matrona velha fazia naquele filme super-8 que
roubei do porão da vovó. O filha-da-puta do Rodrigo começou a gemer e falou que
assim não agüentava e ejaculou com gosto dentro da minha boca. Depois disso o
filha-da-puta abriu outra garrafa de uísque e bebemos mais...e fumei maconha
pela primeira vez e Rodrigo me perguntou se eu estava preparada.....e eu
ingênua falei para quê. E ele me disse que precisava estourar aquela coisinha
rosinha que atrapalhava o meu xixizinho.
Disse que não....que tinha medo.....mas no fundo estava louca para que tudo
finalmente acontecesse e fui entre beijos molhados cedendo....cedendo....e ele
introduziu o pirulitão com toda força no buraquinho do xixizinho e eu senti um
dor imensa e cravei minhas unhas várias vezes em suas costas e ele sequer se
importou e continuou na cadência, no compasso, subindo e descendo subindo e
descendo do útero aos pequenos lábios de minha xoxota. E a dor foi se
dissipando e a dor transformou-se em prazer e o prazer transformou-se em êxtase
com muita porra, mijo, água e sangue....muito sangue que saia de minha vagina e
das costas de Rodrigo. Enfim uma loucura total, uma noite inesquecível....eram
tantas novidades, meu primeiro porre, a maconha, inclusive a primeira vez que
gozei de verdade sentindo aquele estremecimento que vai da ponta dos dedos do
pé ao último fio de cabelo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Os oito membros da reunião, eu e mais o cara barbudo(todos
homens) simplesmente não emitimos sequer um único comentário. Seria isso sim
uma loucura total um disparate, um despropósito. Foi quando eu que não estava
suportando a conversa do barbudo pude ver que ele tinha um bom senso fora do
comum quando disse “– Prossiga minha filha, não se acanhe, fique a vontade!”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
-Sério, estou meio sem graça de falar essas coisa tão
íntimas para estranhos!!!!!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“- Não,,,,aqui todos somos irmãos, e tudo será perdoado e
esquecido. Prossiga!”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Bem, nem preciso dizer que o Rodrigo, aquele filha-da-puta
, me levou para casa no dia seguinte com a maior cara de santo, me entregou
para papai, beijou no rostinho de mamãe com ares de salvador da pátria, o bom
samaritano, e cinicamente me deixou a ver navios e com esse puta tesão por ele
até hoje. Casou com uma matrona mais gorda que a velha do porão da vovó, e
nunca mais quis me comer por mais que eu implorasse. O babaca dizia que tudo
foi um erro, que eu era sua prima....Covarde! Covarde! Uma bichona velha
recalcada é isso que ele é.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu que já estava totalmente enfeitiçado por Ariane não pude
discordar nem um minuto de seu discurso tão convincente. Esse Rodrigo era uma
besta quadrada mesmo!</div>
<div class="MsoNormal">
E ela continuou....</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Pois é se tem um provérbio que realmente é verdadeiro é
aquele....não me lembro muito bem....algo que diz que a primeira vez a gente
nunca esquece. Desde então tenho procurado algo parecido por aí. E minha
cabeçinha associa sexo, a bebida a maconha a gozo e só com essa combinação é
que consigo gozar plenamente e satisfazer o meu desejo sexual que encontra-se
numa crescente incontrolável. O duro é que bebo muito, dou vexames homéricos e
fico totalmente envergonhada....preciso me controlar....essa combinação toda
tem me feito muito mal, minhas ressacas são faraônicas, vomito pra
caramba...isso tem que acabar e por isso é que estou aqui.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ontem mesmo chamei um amigo de bebedeiras, o Afonso e
fomos numa casa de swing...vocês sabem né? Aqueles bailinhos de sacanagem em
que os casais liberam as mulheres e outras coisinhas mais! Pois é! Fingimos que
éramos casados, eu e o Afonso, compramos até uma aliança fajuta pra incrementar
a fantasia. Chegando na Chácara que fica a alguns kilometros aqui da cidade
logo fomo recepcionados por ela a Lady Francisca. A rainha do swing local e seu
marido Clóvis Belanowski, casalzinho bem suspeito... que de cara já foram
servindo um “Black Label” com muito gelo o que nos deixou muito a vontade
aliviando as suspeições.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Papo vem papo vai, black vem, label vem também, fomos para o
andar superior onde existia uma cama enorme com vários casais na maior felação;</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Entramos de cabeça e o resto também...bom...mas realmente
estou muito sem graça de contar isso!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Então gritei: - PROSSIGA! (Silêncio) – todos olhando para
mim.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Desculpa chefinho só estava querendo ajudar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E ela prosseguiu com estórias fantásticas do arco da velha e
dos arcos das novas, uma mistura de relatos de Anais Nin com Hilda Hist. Ela
tinha classe. Seu relato era fascinante e eu, bem...eu me apaixonei.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pra finalizar a sessão o Sr. velho
e barbudo falou qualquer coisa
motivadora e batida, algo assim:<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: black;">- “<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">A
única pessoa que pode dizer que tem problema é ela mesma. Ninguém pode decidir
por ela Saibam que estaremos sempre aqui,
prestes a ajudar a evitar o primeiro gole”<span class="apple-converted-space"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: black; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Desta feita fiquei pensando nos meus problemas e nos
problemas de Ariane, no Black Label, no Pingüim, Lady Francisca e o primo
Rodrigo sendo que neste exato e breve momento de distração ela saiu pela porta
e desapareceu na noite. Pude ver um táxi escuro subindo à Rua Cerqueira César e
virando à Rua Campos Sales.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: black; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Em vão subi na minha moto e percorri desesperadamente o
trajeto inteiro várias vezes e terminei a noite tomando um porre na Choperia
Colorado para afogar à frustração e dormindo abraçado na privada de
Duchamp para não vomitar no chão de casa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: black; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Já é a qüinquagésima reunião do alcoólicos anônimos que vou e ela nunca mais apareceu. Desolação
profunda. Continuo bebendo com freqüência, dando vexames com assiduidade e posse dizer sem nenhum constrangimento.
Entrei no A. A. com um problema. Agora tenho dois. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: black; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">A. A. para mim só tem um significado: Álcool e Ariane. <o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><span style="background: white;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMtTsbyMpofVfuFQo7wcpGWth0a9KBKYrGytjup4iLqnv_z61AuzmEUS6rI6t1BFvEPi75mGSMuD2bNON4G3UY91xTAggvStnn6LTUp7d7hTUzM-ibD4UIJnWcR_OSXOqSLKV5v7npNg/s1600/copo+sexy.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMtTsbyMpofVfuFQo7wcpGWth0a9KBKYrGytjup4iLqnv_z61AuzmEUS6rI6t1BFvEPi75mGSMuD2bNON4G3UY91xTAggvStnn6LTUp7d7hTUzM-ibD4UIJnWcR_OSXOqSLKV5v7npNg/s320/copo+sexy.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><span style="background: white;"> </span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: black; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">texto de LUIZ TINOCO CABRAL - todos os direitos reservados</span></span></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-70566096591200549902015-08-10T16:48:00.003-07:002015-08-10T16:50:24.293-07:00VIDAS SECAS 1<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPqw3AH495bWZj8UhtOYDAevKEQjqxAJvfZhOZ7O-RBk0f5V1GTe_FM5pOvNdiWGex4RjVxS2ZwhdRCsH3Lw-M5mg5TYHqxqsqL7DRzAYAyFq_oExaqzWwbuWbyHMjfrxneLng8B2guA/s1600/cativeiro+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPqw3AH495bWZj8UhtOYDAevKEQjqxAJvfZhOZ7O-RBk0f5V1GTe_FM5pOvNdiWGex4RjVxS2ZwhdRCsH3Lw-M5mg5TYHqxqsqL7DRzAYAyFq_oExaqzWwbuWbyHMjfrxneLng8B2guA/s320/cativeiro+2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><i>foto - Silas Batista /Globoesporte.com/pb</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;">Já
se vão quatro dias neste cativeiro infernal, sem água e sem comida decente,
vivendo a base de pão de forma com molho tártaro. Filhos da puta. Dei azar com
esses sequestradores de merda. Só me resta pensar na vida e esperar, esperar, esperar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Sei que em virtude da falta d’água estou
perdendo 2 litros e meio por dia, urinando e defecando no chão, o cheiro de
bosta e mijo insuportável e suando, suando feito um porco nesse calor de
matar. Trancado, humilhado, no escuro e sem ninguém para conversar; resta saber
se os poucos parentes ou a burrinha da
minha mulher vão conseguir sacar o meu dinheiro para me resgatar. Resta saber
se alguém vai se importar com meu desaparecimento. Pelo menos estou emagrecendo.
Isso é bom. Aliás tudo tem seu lado bom, até eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Só posso como já salientado refletir sobre a
vida. Nasci em família pobre, meu pai era caixeiro viajante, vendendo vassouras
e rodinhos de porta em porta. Bonitão ele...de vez em quando eu ficava horas na
calçada de formosas donas de casa esperando papai sair e demonstrar seus
apetrechos para elas. O tempo que esperava deitado na sarjeta contando baratas
no bueiro dava pra ele passar o rodo na
casa inteira das vadias. Filho da puta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Depois ele morreu, pobre como veio ao mundo e
eu assumi os negócios para ajudar mamãe em casa. Não tenho irmãos. Comecei como
caixeiro, depois camelô, montei uma lojinha, depois uma loja grande, uma
segunda e hoje sou um dos maiores
empresários do comércio varejista do Brasil. Acho que prosperei. O que
significa que qualquer idiota é capaz de ganhar dinheiro e ficar milionário.
Assim como qualquer idiota pode ser estupidamente seqüestrado e ficar nesse
quartinho sem água comendo pão com molho tártaro. Fique esperto heim?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Ano passado mamãe morreu. Não consegui
derramar uma lágrima. Fiquei mais triste com a crise da bolsa que ocorreu no
mesmo ano. Mas sobrevivi. E depois da crise veio a bonança. Nunca vendi tanto.
A morte da mamãe me deu sorte. Carrego essa crença comigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Bem, não sou bonitão como meu pai, mas tenho
meus encantos, pele rosada, olhos castanhos e bigode grosso. Casei com a Érica,
manicure e pedicure na época das vacas magras. Érica me amava, eu me encantei
por suas pernas , nádegas salientes e peitos saltitantes e casamos por absoluta
conveniência. Ela era fiel, gostosa, me amava e não se importava com os meus
negócios até altar horas da noite. A mulher ideal. Burrinha de dar dó. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Com o tempo a relação foi assumindo ares de
enfado, ela não podia ter filhos por um problema no aparelho reprodutor que
sequer sei do que se trata até hoje, nem
quero saber e o sexo protocolar era um tédio existencial profundo, uma mesmice
desmedida e comecei a colecionar traições. Trinta e nove ao todo se não me
falha a memória;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Com uma funcionária lá da loja tive um
filho...ou acho que tive um, a ação de paternidade ainda não foi julgada e
estou fugindo do DNA a oito anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Depois trepei com duas amigas da Érica, uma
inclusive do mesmo salão de beleza em que a conheci. Bem burrinha também. Gostosinha também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> As outras trinta e quatro foram prostitutas,
sem contar dois travestis que peguei nas ruas do centro da cidade, pertinho da
loja matriz onde tudo começou. Confesso que com eles tive a melhor relação da
minha vida. Com eles transcendi e ultrapassei algumas barreiras impostas pela
educação austera de papai. Mas na minha posição nunca pude assumir uma
porra dessas e continuo vivendo de aparências com a burrinha da minha mulher.
Esqueça esse detalhe de travestir por favor. É mentira viu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Minha Rede de Lojas patrocina um time de
futebol popular. Todos acham que adoro o time já que o patrocínio se estende
por vários anos, mas gosto mesmo é do centro-avante gostosão e de ver a minha
marca estampada naqueles abdomens sarados e suados. Confesso que estou
excitado. Só me faltava essa... excitado nessa situação. Só eu mesmo! Deve ser
a falta d’água.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Tirando isso nunca plantei uma árvore, não
escrevi um livro, talvez tenha um filho hoje com uns 10 ou 11 anos que nego até
a morte se precisar. Meu advogado é fodão pra caralho. Gosto dele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Tenho um carro do ano importado, uma bela
casa no melhor condomínio fechado da cidade, quadros do Romero Brito, sonego
impostos desde o tempo de caixeiro e uma
tv de tela plana de 50 polegadas onde costumo assistir os shows do Latino.
Aliás acho o Latino o máximo. <i>The best</i>. Meu sonho de consumo. Ainda quero ver
um show dele e pedir autógrafo no camarim e postar uma foto com ele no
<i>Instagran</i>. Coisa de macho é claro. <i>Selfie </i>de responsa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Outro dia matei um homem e fiquei muito
chateado. Deu nos jornais. Foi acidente, tinha bebido algumas cervejas, pouca
coisa é claro e por uma fatalidade dormi no volante. Fugi. Estava com a carta
vencida e não podia esperar a polícia. Ninguém descobriu até hoje. Apaga essa
também por favor. Olha lá <i>heim</i>? “Não respeito delator”. Quem foi que disse isso
mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Mas também para compensar, todo ano faço uma
bela doação de eletrodomésticos para o asilo da cidade. Maravilhoso ver a
carinha de contentamento dos velhinhos ao lado das enceradeiras, ferros e
torradeiras elétricas. É claro que tenho uma bela isenção nos poucos impostos
que não sonego. Esse governo é uma piada mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Quero derrubar a Presidente. Quero mesmo, com
convicção. Fui nas passeatas, levantei faixas, cumpri o meu dever cívico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Enfim depois de todas essas ilações chego a
conclusão que sou uma ambiguidade humana como a maioria dos empresários e das
pessoas de bem deste País. Não me venha com hipocrisia. Acho até que sou um
cara bem legal na medida do possível. Acordo cedo, leio os jornais, faço
academia e depois vou para o meu escritório, delegar funções, analisar balanços
e estratégias de venda, marketing e enviar dinheiro para as Ilhas Cayman. Tenho
uma pele lisa e um barbear rente e macio, como diria um velho desafeto que não vejo a tempos, Marcelo Mirisola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Perfeitos só eles mesmo, Deus e Jesus, ou
seriamos fruto do acaso? Sei lá nunca li Darwin ou Stephen Halkins. Aliás odeio
biologia e física. Gosto das coisas práticas, tipo....comer batatinha <i>Chips</i> com
molho barbecue e cortar cabelo com máquina
zero. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Aliás, pensando bem nunca li porra nenhuma. E livro de ficção, é coisa de boiola. Sou macho viu?
Aquela estória de travestis ali em cima era só brincadeira. Sou um mentiroso
contumaz na maioria das vezes. Não acredite em nada que digo ou que escrevi, já
dizia um antigo Presidente que não lembro o nome.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Bem...como toda regra tem sua exceção gosto
dos livros do Paulo Coelho e do Roberto Shynyashiki.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Meu Deus, ou sei lá o que aí em cima, que
situação calamitosa?!!! será que vou escapar desta? Confesso mais uma vez nesse
mar de confissões que estou com medo? Um vazio, misturado com vergonha e
arrependimento desta vida de merda que levei até agora. Que porra de balanço de
vida foi esse? E o pior é que não tem mais nada. Não tem um grande amor, uma
grande viagem, um grande feito ou enfrentamento. Só mentiras e vaidade. Troquei
a vida por nada, corri atrás do vil metal e vou morrer como um verme. Não terei
mais a minha tão sonhada festa lá no meu
apê. Covarde...um reles covarde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> E enquanto assim pensava para passar o tempo,
como um verdadeiro milagre, um estrondo abriu a porta do cativeiro. Um clarão
incidiu diretamente nos meus olhos e quase me cegou. No fundo da visão
recalcitrante um policial muito forte e bonito,
ou anjo da guarda, sei lá, veio ao meu encontro e foi puxando meu braço e dizendo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> <i>- Doutor
o senhor está livre, venha comigo, o pesadelo acabou.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Ao sair pela porta arrombada, pude ver que
estava num bairro da periferia da cidade que já tinha passado algumas vezes e
nunca tinha reparado muito; milhares de
câmeras de televisão das maiores redes do País e do exterior transmitiam ao
vivo o feliz desfecho do sequestro e os repórteres insistiam:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> E aí, como foi? Está bem? Saudades da esposa?
Da família? Dos amigos? Gostaria de dar uma declaração, Uma declaração por
favor estamos ao vivo? Diga Algo?!?!?!? Pra posteridade!?!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Foi quando uma cerca viva de microfones
fechou-se em frente a minha boca seca e, sem escapatória, eu pude gritar em
alto e bom som para o mundo todo ouvir:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> - EU QUERO UM COPO D'ÁGUA!<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt;"><br /></span>
<span style="font-size: 14.0pt;"><br /></span>
<span style="font-size: 14.0pt;"><br /></span>
<span style="font-size: 19px;"><i>autor do texto: Luiz Tinoco Cabral - todos os direitos reservados</i></span></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-25587666342961595122015-08-02T05:33:00.000-07:002015-08-02T05:33:10.351-07:00OSSOS DO ORIFÍCIO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDew2lI94UST1pIxlzgztHYvpGxNY53L2m3ncJN7GAQGDDLCiDX2gvrQIHNpUz9SUVLl3unBc2XuIqX15rnTZvri7VObeopf1gb3sfMoYQyCRshRE9u9b-al5270sQJwaTu9zq4nCJbA/s1600/osso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDew2lI94UST1pIxlzgztHYvpGxNY53L2m3ncJN7GAQGDDLCiDX2gvrQIHNpUz9SUVLl3unBc2XuIqX15rnTZvri7VObeopf1gb3sfMoYQyCRshRE9u9b-al5270sQJwaTu9zq4nCJbA/s320/osso.jpg" width="257" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>(foto extraída da internet - autor desconhecido)</i></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Me chamam de Ricardo da Cruz, uma alusão ao
negócio da família de venda de crucifixos de osso que já dura três gerações.
Não sou rico. Se a família tivesse investido em crucifixos de ouro, ou prata,
que seja, estaria numa situação melhor. Não reclamo. São os ossos do meu
ofício.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Sou discreto. Faz parte do meu negócio ser
discreto. Aqui cabe revelar um segredo que poucos sabem. A matéria prima dos
nossos crucifixos é osso humano a 30
anos. No princípio vovô usava osso bovino, eqüino, caprino. Meu pai também. Mas
o sucesso veio quando consegui um contato no IML aqui da cidade que passou a me
fornecer ossos humanos para a lapidação dos crucifixos. Muitos cadáveres da
cidade foram enterrados sem os ossos apenas com enchimento no lugar do fêmur ou
da patela. Os parentes nem imaginam. Meu fornecedor é um artista e a legalidade
desse procedimento é duvidosa, mas a consistência e a maleabilidade desses
ossos nem se compara aos de outros animais de pequeno e grande porte. Saliente-se
a título de ilustração que u</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14pt;">m </span><span style="font-size: 14pt;">pequeno e mísero pedaço de
osso humano consegue suportar até 9
toneladas de carga</span><span style="color: #646464; font-size: 14.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Incrível como o meu negócio prosperou após
essa inovação. De forma inconsciente, e principalmente às mulheres ao se
depararem com meus crucifixos nas vitrines das lojas sentem uma grande e
irresistível atração. Não sei se é o osso, minha arte, ou quiçá a própria
morte. O que interessa é que as vendas aumentaram, o que me possibilitou ter
mais horas vagas para apreciar as belezas desse mundo, mais especificamente
elas, às mulheres. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Quando não estou trabalhando tenho por hábito
sentar nesse banco aqui no parque com um lago bucólico e um lindo caminho de pedras, onde agora escrevo.
Não é uma parque movimentado, isso é proposital. Gosto de tranqüilidade. Fico
aqui com meu caderninho e caneta esperando pacientemente a passagem delas. As
mulheres bonitas, e claro, ossudas. Tenho um critério diria, peculiar, para
analisar a beleza feminina. Enquanto a maioria dos homens repara na carne, nas
nádegas, nos seios, eu, talvez por dever de ofício fico imaginando como um
super-homem e sua visão de raio-x a
ossatura, a carcaça que se esconde atrás dos músculos, veias e do calor do
sangue. O erotismo é muito mais forte
nas entranhas mas poucos sabem. Nessas horas a ereção peniana é inevitável.
Anoto algumas características que me vem à cabeça e corro para casa para
praticar os solitários prazeres e artes de Onan.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Opa, lá vem uma:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Mulher de estatura mediana, cabelos loiros,
na faixa de 30 anos, roupa de ginástica, carrega uma sacola azul, deve conter
alguns vegetais, saindo da ginástica e indo para casa comer brócolis com
cenoura, fêmur de 43 centimetros. Que delícia, queria poder chupar esse fêmur.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Lá vem
outra:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Mulher baixa, cabelas castanhos, 29 anos,
roupa muito fechada, carrega uma bíblia, deve ter saído da igreja, a princípio
nada excitante, mas veja lá, que orelhinha....três ossinhos e um estribo de 3
milímetros. Esse dá para sentir com a língua. Já tive essa experiência e
recomendo sem pestanejar. Delícia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Oba, hoje o negócio está bom, diria muito bom.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Mulher alta, negra, uma Deusa, cabelo
encaracolado, perfume de jasmin, porta um livro de direito, “Teoria Pura do
Direito” de Hans Kelsen, dá para ver a capa; um decote que deixa vislumbrar a
ondulação dos seios e como sempre me ocorre o inevitável. Tenho uma enorme
ereção ao imaginar aquela coluna esbelta
e suas trinta e três vértebras cartesianamente enfileiradas para o puro
deleite; o cheiro do osso, o cheiro do amor inatingível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Sei que você deve estar pensando que eu tenho
problema psiquiátrico, que deveria me tratar, que sou um tarado incorrigível,
com uma tara inexplicável, quase um pisicopata, mas o que posso fazer se esse
sentimento domina todo meu ser a todo instante. A coisas que vão muito além da
nossa capacidade de entendimento. Friso que não sou um necrófago, um <i>serial killer</i> ou coisas do tipo, mas
apenas um <i>voyeur</i> pacato e inofensivo
cumpridor dos seus deveres e pagador de impostos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> O fato é que hoje já na saída do parque e
após fazer estas anotações tive uma experiência sobrenatural que nunca tinha me
ocorrido. Ao olhar a minha própria imagem refletida nas águas do lago que
circunda o parque pude ver de forma cristalina e transparente o meu próprio
esqueleto, todo ele completo e libidinosamente
tesudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> E ao focar a visão nas minhas vértebras
sacrais, um fenômeno instantâneo e narcisístico
ocorreu:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Foi
amor à primeira vista e agora estou
desesperadamente apaixonado pelo
meu próprio esqueleto; Porém o que me deixa realmente pasmo, estupefato é que
nunca fui muito chegado em esqueletos masculinos. Mais essa agora.... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Pensando bem talvez você tenha razão e
eu deva mesmo consultar um analista e
levar essas anotações para ele verificar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> Antes porém e por via das dúvidas vou no
laboratório aqui perto fazer uma radiografia de corpo inteiro. Quero pregar a
chapa na parede, em frente à privada do banheiro lá de casa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"> O onanismo ainda me mata. Será que tenho
cura? Vai ser osso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt;"><i>autor: Luiz Tinoco Cabral (todos os direitos reservados)</i></span></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-42470770117392780612015-07-23T12:13:00.004-07:002015-07-24T04:15:59.621-07:00DANDO UM GÁS NO MUNDO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1n5ssiO7cNEHvnedqzPjlkQfQVKRPo01oiD-ypGoLni3v3ppy8SJOXyUQYCMdnPZ-pXBVEpmpmAWkgFrFniqdoXf22UDvjupeG2XS_0FWWhrBUoQ5786vSKiQdxgO7ND1p_raMfFh3Q/s1600/touro+peido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1n5ssiO7cNEHvnedqzPjlkQfQVKRPo01oiD-ypGoLni3v3ppy8SJOXyUQYCMdnPZ-pXBVEpmpmAWkgFrFniqdoXf22UDvjupeG2XS_0FWWhrBUoQ5786vSKiQdxgO7ND1p_raMfFh3Q/s320/touro+peido.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Luiz Faro Zéfiro da Silva nasceu e passou quase toda sua
vida na pequena cidade de Brisas do Sul,
no estado de Minas Gerais. Um homem simples, de poucas palavras, trabalhador
rural, cabelos ralos, franzino, olhar distante e sonso, com bem vividos 50 anos
a base de muito repolho, couve-flor, nabo, cebola, maça crua e ovos de galinha
caipira. A personificação da tranqüilidade bucólica do povo mineiro. A noite
depois de seus afazeres no curral da Fazenda Ventania, gostava de sair com os
amigos e ir nos bares de esquina para tomar um pouco de cerveja Caracu, que
estranhamente misturava com Coca-cola para espanto de todos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Depois de umas e outras
o pacato trabalhador rural transformava-se
no potente Luizoco, o oco mais temido do estado, quiçá do País. Tal alcunha lhe
foi conferida com méritos devido ao potente e sonoro flato que só ele tinha, capaz de fazer estremecer a
terra como um terremoto de grandes proporções e derrubar garrafas das prateleiras dos bares
que freqüentava.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Lá pelas tantas e depois de muita Caracu com Coca, era só
alguém começar, para o coro dos bêbados entoar: .” – Oco Oco Oco solta um
grande aí Luizoco. Oco Oco Oco solta um grande aí Luizoco...”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E numa performance apoteótica, depois de 30 segundos de
suspense e mistério, Luizoco soltava um persistente peido meteorológico de
trovão acordando os bêbados que a essa altura insistiam em levar um tête a tête
com às mesinhas do bar. Todos alegravam-se e riam admirados de tamanho e
incendiário dom e iam para casa felizes, assim como Luizoco que ia dormir
orgulhoso e satisfeito por poder proporcionar um pouco de alegria às pessoas
sofridas de sua pobre comunidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sua fama espalhava-se como rastro de cobra n,água, desde os
rincões das fazendas mais escondidas da região até chegar ao gabinete do
Prefeito da cidade que, sabendo da fantástica estória e do famoso peido sete
tiros, resolveu tirar proveito eleitoreiro da situação convocando formalmente
Luizoco através de ofício escrito para comparecer a uma reunião urgentíssima e
secreta na Prefeitura;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Seu Luiz, bons ventos o trazem, satisfação recebê-lo aqui
no gabinete da Prefeitura.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Parzer é todo meu seu Perfeito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pois bem, sente-se aí que eu vou direto ao assunto que, como o Sr. Sabe, não
sou homem de meias palavras.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pois pó sortá homi de Deus, sô todo orvido</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Fiquei sabendo que o Senhor tem um peido queima olho assassino que entoa mais
alto que labareda em canavial ah ah ah é
verdade?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Se o povo fala quem sou eu pra desdize!!!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pois então homem de Deus, o Senhor é um homem de sorte,
temos que valorizar os talentos da cidade, mormente um talento assim, como o
seu, tão, digamos, peculiar, “sui generis” .</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pois diga o que c qué
logo omi de Deus para de dizê parlavra difíci.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- O negócio é o
seguinte, meu secretário de eventos e turismo descobriu na internet, que vai
ter daqui a um mês na Europa um
campeonato mundial de flatulência, em resumo, ganha o peido mais barulhento,
com medição por aparelho e tudo e gostaríamos de enviar o Senhor com todas as despesas
pagas pra representar a cidade e o País nessa jornada. Dinheiro não é problema,
pagamos tudo, hospedagem, inscrição, avião....sem contar o portentoso prêmio em dinheiro para primeiro colocado que
será todo seu.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Vixi homi de Deus nunca andei disso não. Vião é pobrema tô
fora, sartei de banda, num vô mesmo. Ce é besta sô....</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Mas como assim Seu Luiz? Vai ser a sua glória. O Sr. vai
entrar para os anais da estória desta cidade. Se o Senhor ganhar, Brisas do Sul
vai ter a tão esperada projeção internacional que tanto sonhamos, podemos então
até criar um campeonato local, quem sabe até trazer o mundial para cá, seu
talento é indiscutível o Senhor vai conquistar o mundo meu caro e Brisas do Sul
vai crescer de vento em popa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Disculpa seu perfeito, sua intenção é boa, mas vião não
dá; Num vo mesmo e tenho dito, e agora cum todo respeito, tenho que ir andando
cuida das minha vaca e cume meu repolho que eu to cuma fome du cão, passar bem,
um bom dia pra vosmice. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De forma abrupta e inesperada Seu Luiz virou às costas e
saiu da Prefeitura decidido, deixando o Prefeito pasmo e boquiaberto. <i>Vai ter medo de avião assim no inferno</i>,
pensou o Prefeito e voltou aos seus enfadonhos afazeres diários.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No caminho para casa Luizoco encontrou a sua musa chamada Rosinha,
balconista da venda de secos e molhados do Seu Manuel, mulher nova, de fino
trato e belas curvas por quem ele vivia arrastando suas asinhas sem o mínimo
êxito. Pra impressionar a moça contou que estava saindo do gabinete do
Prefeito, do honroso convite para representar a cidade e o País e por fim sua
digna recusa. E está lhe falou com toda a sua educação de berço:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pois saiba que tu és um borra botas, perdeu a grande
chance da sua vida de merda. Frouxo do caralho. Bunda mole! Ah ah ah.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Indignado, cabisbaixo e com o peito em frangalhos Luizoco que é
católico mas com um pé no terreiro, foi consultar seu babalorixá de candomblé
que após várias cantilenas, cafungadas e fumegadas lhe disse em tom
professoral, de forma profética e com olhar vazio e perdido no espaço esotérico;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Misifiu, não existe
ateu em pane de avião. Mas desse mal c num morre não. Vai com fé misifiu pra
conquistá o mundo e dela o coração;<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E foi pensando no seu amor que ele disse sim ao Prefeito,
dedicou-se aos treinamentos, venceu seu
medo com doses cavalares de calmantes e sedativos, atravessou o oceano e desceu
na Finlândia na cidade de Utajärvi para representar Brisas do Sul e o Brasil no primeiro e
único Campeonato Mundial de Flatulência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Chegando
no aeroporto de Helsinque, todo o esforço e superação empreendidos valeram a
pena. Luizoco foi recebido pelo embaixador brasileiro local com honras de
estado e salva de 21 tiros de canhão, diga-se, muito fraquinhos, perto dos seus
próprios petardos, pensou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No
caminho para a cidade de Utrajarvi, num belo carro, numa bela estrada, em
companhia do afável embaixador, que desde a chegada mostrou-se um ótimo aliado
e parceiro, Luizoco foi apreciando a bela paisagem, os lagos enormes e
suntuosos, as montanhas cor de giz tão diferentes dos chapadões mineiros, bem
como foi checando os itens em sua matula e todo o equipamento de preparação
para o grande desafio que ainda estava por vir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estavam
lá, às calças e cuecas com fundilhos reforçados, os ovos de galinha caipira,
cebolas da roça, nabo da terra, couve-flor, maçã crua, repolho e vários litrões
de Coca-cola, bem como o indispensável e até então insubstituível engradado de
cervejas Caracu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pois
bem, chegando na bela cidade foram direto para o local do evento que já estava
começando. Ás regras eram bem simples, baterias individuais e eliminatórias,
três minutos para cada competidor expulsar os gases pelo ânus em porções
anormais provenientes do aparelho gastroentérico , ou seja uma distenção
voluntária ou involuntária do estômogo
ou dos intestinos por ar ou gases com o intuito de produzir o maior ruído em
decibéis possível medido por um decibelímetro e avaliado pelo corpo de jurados
composto por um fonoaudiólogo, um otorrinoralingologista e um engenheiro em
segurança do trabalho. Obrigatório o uso de calças ou bermudas e proibido
expelir fezes sob pena de eliminação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Luizoco
não estava entendendo absolutamente nada
até que seu parceiro embaixador esclareceu às regras com toda a sua diplomacia
a là Arnaldo César Coelho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">-
A regra é clara: quem peidar mais alto ganha!!!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E
dito e feito lá estava ele cônscio de sua missão e no meio dos maiores peidorrentos do mundo,
todos com um perfil físico e psicológico muito parecido, gordos, fortes,
negros, brancos, muito amarelos, suados, barbudos, fedidos, malvados o que
causou um certo constrangimento já que só Luizoco era um típico mineiro
mirradinho e sonso, destoando sobremaneira
dos demais. Assim sendo, a princípio, ninguém colocou muita fé nos seus
dotes peidorrísticos, e não entendiam a razão daquele homenzinho franzino ter
viajado tanto e estar ali no meio dos maiorais, tomando sua cervejinha caracu
com Coca-cola e com aquela cara de Rock Balboa do Sertão mineiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas
bastou a primeira bateria eliminatória para o constrangimento virar a sensação
do pedaço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Luizoco
simplesmente humilhou e desclassificou a grande esperança local Tony Phartman.
E olha que ele se deu ao luxo de economizar na flatulência emitindo um peidinho
pitila e engraçadinho de apenas 85 decibéis. O suficiente para ganhar a parada
e não humilhar os donos da casa. Um gentleman esse brasileiro, pensaram eles. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E
assim sucedeu-se a cada nova bateria eliminatória, conquistando fãs de todas as partes, até deu
autógrafos para a garotada.Camisetas com sua foto eram as mais requisitadas na
lojinha de conveniências.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Engraçado que enquanto todos os outros
concorrentes causavam repugnância e revolta na seleta platéia, Luizoco tinha
uma empatia natural com a galera; enquanto o estrondo dos demais causava susto
e aversão o seu flato altíssimo e em vários tons tinha ares cômicos trazendo
uma incompreensível alegria para o evento. Sua aparição como nos velhos tempos
era apoteótica, quase divina. Como se o ato de peidar fosse uma arte relacionada
a origem do universo, ao “Big Bang”, o bóson de Higgs. Ademais quem sabe Deus
em momento de extrema flatulência não soltou um pum gigante e criou o mundo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pois
retornemos ao que interessa:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Passaram-se
três dias como um vento.... E Luizoco chegou a semi-final para enfrentar aquele
que poderia por fim a sua meteórica trajetória.O famoso Mr. Metano, o campeão inglês. Era um homem
forte, alto, nojento e com uma ridícula
fantasia de tartaruga ninja que sinceramente não combinava nem um pouco com o
resto do contexto. Deu um peido de 1oo decibéis enorme, só que para sorte de
nosso representante o inglês provido de
excesso de vaidade e jactância deu um peido irresponsável, tipo freio de
bicicleta e deu aquela enorme e pastosa melada na cueca. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Conclusão:
Desclassificação imediata, e vaias, vaias, muitas vaias da platéia, sem contar
o desmaio de várias pessoas por asfixia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E quem diria que ele, aquele franzino mineirinho de Brisas
estaria agora na grande final do primeiro e único Campeonato Mundial de
Flatulência. O grande dia finalmente havia chegado, mas a parada era duríssima,
talvez a maior parada de toda a pacata vidinha do nosso protagonista. E justo
no grande dia o imponderável aconteceu.
Ao olhar o engradado ao lado da cama viu que tinha tomado no dia anterior a
última cerveja caracu. O líquido que era o seu elixir da vida. A poção mágica
que misturada com os demais ingredientes alimentícios era responsável
exatamente pelo arroubo sonoro emitido pelo seu nobre instrumento gástrico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Meu Deus onde poderia ele encontrar uma garrafa de cerveja
caracu na cidade de Utrajarvi
na região central da Finlândia??? Missão impossível claro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O
seu aliado, companheiro e agora amigo de
todas as horas, o embaixador correu
desenfreadamente por todas às lojas de
cervejas, supermercados, bares e tabernas da região e nada, nada de Caracu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E
Luizoco com ares de derrota, desânimo e
cagaço,, já antevendo uma provável humilhação não parava de repetir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>“- Sem Caracu nada feito
homi</i>,
tamo fudido”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas
o embaixador que era um homem muito vivido e inteligente, vislumbrando ou ao
menos desejando que tal dependência
fosse meramente psicológica, recolheu as garrafas vazias do quarto de hotel de
Luizoco inserindo nelas o líquido negro da deliciosa cerveja finlandesa
Nikolai, passando desta feita o bom e velho conto do vigário no rapaz peidante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Contente
e confiante ao ver as falsificadas
garrafas de Caracu, num misto de delírio e felicidade Luizoco gritou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“-
Vambora homi. É hoje que eu vou arrebentar as pregas da meu cu de tanto
peidar!!!!!!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E nesse clima quente, tipo, queima olho, os guerreiros
entraram em campo para a mais dura batalha:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Lá estava ele no lado
direito do octógono; (ou seria um exágono?) o adversário dos adversários,
ex-pugilista, com seus dois metros de altura e com mal distribuídos 180 kilos de pura banha e
gases, o Russo CATIMBRAL, o homem que segundo à lenda carregava um coquetel
molotov no intestino, pronto para
detonar as maiores revoluções e rebeliões da face podre da terra. Seu peido,
além do ruído altíssimo era famoso por ser o mais catinguelento do mundo, com
um odor capaz de espantar os urubus de todas as espécies e levantar os mortos e as múmias das
catacumbas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E do outro lado, bem, vocês já sabem, Ele, Luizoco, o oco
mais temido de Minas Gerais, quiçá do Brasil, que entrou no recinto ao som da
música “Eu quero ver o oco”, dos Raimundos. Brilhante idéia do inteligentíssimo
embaixador.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E o Russo CATIMBRAL era o primeiro a se apresentar, e assim
foi. Após quase dois minutos e meio de concentração, aquele homenzarrão enorme
curvou os joelhos como se fosse iniciar uma dança dos cossacos e expeliu um gás
pérfido e repugnante com um ruído de 112 decibéis quebrando vários copos na
platéia para espanto geral e comentários do tipo: já ganhou, coitado do
brasileiro, tão bonzinho......</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enquanto isso Luizoco se preparava tomando sua improvável
mistura de coca-cola com falsa cerveja caracu sem sequer perceber a farsa. “Cervejinha
xoxa essa? Parece que ta choca?”, pensava ele.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O embaixador na
Tribuna das Autoridades estava tenso. Será que a malfadada farsa vai dar certo?
O que será que vai sair dessa bunda Santo Cristo?. Meu Deus rogai por nós. O
embaixador além de inteligente era um homem muito religioso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas o mineirinho de Brisas, como um burrão de raça não
refugou. Cumpriu sua sina. Subiu no Octógono(ou seria um hexágono) ao som de “eu quero ver o Oco, eu quero
ver o Oco” agora entoado com um estranho sotaque nórdico por sua eufórica e
simpática torcida. Idéia do embaixador é claro. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">LUIZOCO após a protocolar concentração e 30 segundos de
suspense e mistério, , soltou de chofre o seu famoso trovão assassino, aquele
que viria a ser considerado por muitos estudiosos do assunto o maior dos flatos já produzidos e emitidos na face da terra,
quiçá do Universo, se é que extras-terrestres têm o poder sensorial da
flatulência. Vai saber. Dizem que o ruído superou os 120 decibéis que é o
máximo que o ouvido humano pode suportar
e que a velocidade dele ultrapassou todas as barreiras, chegando a ser
ouvido e sentido em diversas partes do planeta e até fora dele em algumas estações
espaciais tripuladas. Um verdadeiro terremoto de 9.5 na escala Ritchter, só
comparável ao maior terremoto da história ocorrido no Chile na cidade de
Valdívia em 1960.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No dia seguinte todos os jornais e mídia em geral eram
unânimes em afirmar. UM FENÔMENO, ALGO ALÉM DA COMPREENSÃO HUMANA. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A Revista Times estampou a foto de LUIZOCO com a bem bolada
legenda ‘O PELÉ DA FLATULÊNCIA”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É claro que a fama e a glória entorpeceram e envaideceram
muito o nosso herói. Sempre acompanhado de seu amigo embaixador, foi
homenageado em grandes festas na capital Finlandesa e com o prêmio conquistado
comprou roupas novas, cuecas reforçadas e uma bela lembrança para levar para
Rosinha o seu amor, sua paixão. Uma bíblia em Finlandês. Idéia é claro do embaixador.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aliás o embaixador não podia deixar o amigo sem saber da
farsa da Caracu e em uma dessas inúmeras festas de comemoração e homenagens,
após tomarem umas e outras, contou-lhe
toda verdade e encerraram a noitada às gargalhadas e tomando é claro a
fantástica Cerveja Nikolai nas gélidas ruas de Helsinque. Luizoco inclusive
trouxe em sua matula duas caixas da Breja Finlandesa para o Brasil e só bebe em ocasiões muito especiais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Chegando em Brisas do Sul foi recepcionado pelo orgulhoso Prefeito,
desfilou em carro aberto pelas ruas da cidade, foi ovacionado e teve que
repetir exaustivamente nos bares da cidade a mesma estória que acabei de contar
acima, é claro que cadê vez com outras nuances, outras 50 tonalidades de marrom
e outras hipérboles muito maiores do que
as minhas, além das famosas performances apoteóticas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tudo ia muito bem para Luizoco, sua vida agora até parecia
um sonho, mas algo ainda lhe faltava.... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas é claro.... precisava levar o presente para Rosinha, seu
grande amor, sua grande paixão. Quem sabe, em contrapartida, um terno abraço,
um beijo de júbilo e desejo e admiração pela sua façanha além mar? Afinal ela
foi a grande mola propulsora de tamanha jornada o Leitmotiv condutor de toda a
estória.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E lá chegando na venda, com o coração pulsando e saltitando
freneticamente, com a bíblia Finlandesa e duas garrafas de Nikolai para presenteá-la,
encontrou apenas o Seu Manuel, sozinho e cabisbaixo, contanto o seu dinheirinho
no caixa como sempre fazia;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- E aí homi, turdo bem? Quanto tempo heim? Cadê a Rosinha?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pois.... pois, tu não sabes?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Fala logo homi de Deus?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- MORREU!!!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- MORREU? Mas como? Morreu de quê?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Intestino preso! Muito triste.... Morreu asfixiada pelos
próprios GASES.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>autor: Luiz Tinoco Cabral</i></span></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-27799933549365718442015-03-17T11:33:00.000-07:002015-03-17T11:33:54.719-07:00Para Felipa Martins<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0zvoTHHgfZALh5VuJaTzoGuEZAUmBqy8g9YmYEkKFQ6ttNKhyphenhyphentRQlvRS6_MA3sHNapXfvRUxrjcVAWa5uCVjN5MCpIplT7GZ4MTCz6OqjbhKZdniA2B8XP6XHcNCRqm5O0434MLSjag/s1600/filipa.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0zvoTHHgfZALh5VuJaTzoGuEZAUmBqy8g9YmYEkKFQ6ttNKhyphenhyphentRQlvRS6_MA3sHNapXfvRUxrjcVAWa5uCVjN5MCpIplT7GZ4MTCz6OqjbhKZdniA2B8XP6XHcNCRqm5O0434MLSjag/s1600/filipa.png" height="320" width="213" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma estante enorme com clássicos da literatura. Mesas e
cadeiras enfileiradas. São brancas, simples e estranhamente possuem toalhas.
Como ler um livro sobre uma toalha? Por que cantor famoso gosta tanto de toalhas?
No pé da estante um banquinho, urna, cofrinho ou escada. Na verdade uma peça de design sem nenhuma ou várias
serventias. Só pra dar um ar de modernidade. Na parede uma imagem inusitada. Um
super-homem numa bicicleta de circo segurando um guarda-chuva. Na composição
secundária, nuvens carregadas e uma
gaivota com as asas abertas. Não sei o que o artista ou a artista quis dizer,
mas combina com o ambiente, dito sofisticado biblio-resto-bar.
Paraíso tropical em forma de livraria parafraseando Borges. No fundo uma porta
de vidro separa o mundo dos livros do
mundo real. Aliás o que é real? Para quê uma porta? Porque uma banda se chama
“portas”?Questionamentos assim entram e saem da minha mente perturbada. ELA
chega. Curvilínea e dançante. Loira, vestido azul de laise, cabelos longos e
salto agulha emanando leveza e delicadeza. Enfim uma mulher, daquelas de
verdade, nota dez. Nesse exato instante queria ser o super-homem com sua visão
de raio X(sem guarda-chuva, sem bicicleta). Esqueço que estou numa biblioteca,
ou livraria ou paraíso borginiano ou coisa que o valha. Meus dois fetiches no
mesmo raio de visão privilegiada. Tenho que escrever uma tese, um poema, um
romance, um parecer jurídico uma porra qualquer. E nesse momento tudo fica num
segundo plano, por trás da porta. Esqueço o real. Eu sou o super-homem não é
mesmo? Sua pele é branca e entra uma brisa que a deixa levemente arrepiada.
Acabou de sair do banho, seu perfume é um Miracle da Lancôme, aliás sua
aparição é um miracle, uma miragem, uma vertigem. Como sou o super-homem vejo
seus pelos pubianos suaves e loiros. A vulva rosa Lancôme levemente molhada. Um
jasmim rosa em flor no início da madrugada. Saio do transe. O espinho de peyote
entra na minha carne delirante fazendo estrago. Ela senta, cruza as pernas. A
barra do vestido azul levita até metade das cochas volumosas. Ela olha para mim
com curiosidade. De observador a observado. Ela desvia o olhar. Será que lê
pensamentos? Raio X de pensamentos? Viro para meu torturador imaginário e
confesso.- EU SOU CULPADO, EU SOU CULPADO! O Borges fica para outro dia. Entra
uma bibliotecária gorda e velha que até
então se escondia atrás da estante. Eu lhe pergunto: - Não servem uísque nessa espelunca? A gorda
com ar de enfado não responde. A loira sorri. Nessa hora Borges diria: “a
esperança é o mais sórdido dos sentimentos”.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
LUIZ TINOCO CABRAL</div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-79684323570729459342015-03-13T11:53:00.000-07:002015-03-13T12:06:38.669-07:00O MATADOR DE POODLES BRANCOS<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6Cc8-PU9eqT9BLiz9ROvyUzA7tgXhieWxYchwt0ke_7dVuql97wv-DqPZCsAx_dG8K5_98aVKmh21hMrVIsJqDA2914ectj3-VX_HcED5IiNNIBEHHIcosYVXhYjrWoeXhCY1-qm5cw/s1600/poodle.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6Cc8-PU9eqT9BLiz9ROvyUzA7tgXhieWxYchwt0ke_7dVuql97wv-DqPZCsAx_dG8K5_98aVKmh21hMrVIsJqDA2914ectj3-VX_HcED5IiNNIBEHHIcosYVXhYjrWoeXhCY1-qm5cw/s1600/poodle.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Sou
brasileiro, solteiro, veterinário aposentado por invalidez aos 38 anos. Não sei
como isso foi acontecer? Só me lembro do meu último trabalho. Estava numa
fazenda em pleno ato de combate à miíases cutâneas(bicheira) de uma vaca Jersey
quando desmaiei e acordei no hospital. Depois disso nunca mais trabalhei. Moro
com meus pais e não sou feliz em plenitude, a não ser em alguns momentos
especiais conforme vocês verificarão no desenrolar dessa estória. Fui
diagnosticado como esquizofrênico mas é mentira. Esses médicos da Previdência
Social não entendem nada. Uns merdas! Aliás quem pode dizer que entende alguma
coisa nesse mundo sem sentido e nesse País de bosta?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Sempre
acordo tarde! A manhã me entedia, me lembra a infinidade de horas em que vou
ter que encarar o nada o vazio da minha vida de aposentado. Então ligo o
computador e fico nas redes sociais vendo o vazio da vida dos outros. Quanta
banalidade.... A vida é banal, mas nessas redes sociais observo o quanto o ser
humano é fútil, egocêntrico e egoísta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Pois
bem! Sempre posto alguns comentários políticos para passar o tempo. Acho que
política é importante, faz parte e divulgar alguns pontos de vista contra a
insegurança e a violência podem ajudar na construção de um mundo melhor. Sou
entediado não alienado e por incrível que pareça ainda acredito no ser humano.
Ninguém curte os meus comentários. Também não faço questão. Não quero ser
apreciado por essa bandalheira de boçais que postam fotos da última viagem a praia, vídeos de esqui em Bariloche, mensagens de otimismo, aniversário
de casamento, declarações de amor e outras coisas desprezíveis. Não, não... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Mas
o que eu odeio mesmo é foto de cachorrinho. De cadelinha, de shitzu, de
poodle... que coisinha mais desprezível....Que droga, o suposto amigo além de
ter um animal de estimação que só serve
pra defecar no jardim alheio tem que torrar a nossa paciência???? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Existe
uma infinidade de infelizes dizendo nessas redes sociais que amam mais animais
do que pessoas, mostrando fotos de animais e dizendo que são lindos, pedindo
ajuda para encontrar cadelinhas perdidas, típico comportamento pequeno burguês
num País onde temos 20,4 homicídios por ano para cada 100 mil habitantes. É de
estarrecer. Por isso que no curso de veterinária me especializei em animais de
grande porte, vacas, bois etc. Esses pelo menos tem uma serventia. Servem para
comer, para fritar bife, churrasco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Também
sou apaixonado por armas. Tenho uma coleção aqui no meu armário. Mas gosto
mesmo é da minha Barret M82A1 com mira telescópica e silenciador. O legal dela
além do seu formato anatômico e militar é que seu tiro pode atingir até 2 kilometros
e meio de distância. Sem contar a aproximação da mira e a sua efetividade. A
minha tem até nome. Bartira. Toda noite tiro a Bartira do armário e durmo com
ela bem abraçadinho (e descarregada é claro porque não sou bobo). Trato-lhe como
uma mulher de verdade. Garanto que é bem menos belicosa. Mulheres de verdade me
dão medo, não gostam de mim mas também não dou nenhuma importância. Não
necessito delas; me satisfaço sozinho com muita competência,imaginação e gel
lubrificante. Aliás se for pensar mesmo não necessitamos de ninguém nessa vida
vazia e passageira. Se a necessidade faz o homem no meu caso esse ditado velho
não se aplica. Coisa de pederasta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Pois
bem, só de brincadeira coloquei a Bartira num <i>case</i> de violão e comecei a perambular pelo centro da cidade me
misturando com essa corja de infelizes que seguem andando e comprando e
contratando advogados, marcando consultas com médicos e dando importância
excessiva à vida e seus pequenos problemas. É incrível como é fácil andar com
uma arma de alto poder lesivo e não ser notado sendo confundido com um pobre músico
indo para um ensaio ou apresentação qualquer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Cumprimento
policiais com semblante de “homem do bem” na maior cara dura. Confesso
envergonhado que tenho sempre uma ereção nessas ocasiões. Sou um grande artista
e capaz de passar incólume e despercebido nas grandes multidões de cretinos. Um
gênio travestido de homem comum. Aliás modéstia é para os fracos!!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Mas
vamos aos fatos. Assim como é fácil andar com uma arma pelo centro da cidade
sem ser notado é muito fácil subir nas coberturas dos edifícios comerciais,
armar um suporte e acoplar a Bartira. É
sempre da mesma maneira. Falo na portaria que vou em um escritório de um advogado
qualquer e me dirijo para a cobertura no último andar que, ao contrário dos
países evoluídos, no Brasil não é aproveitada para nada – mero suporte de caixa d’agua, sujeira e
entulho. Um espaço vazio e sem vida. O ambiente perfeito para meu divertimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">No
começo ficava horas no parapeito mirando
para cãezinhos de todos os tipos, chihuahuas coloridos, pinschers
enrustidos, chow chows peludinhos, lhasas atrevidos, poodles de todas as cores,
pretos, marrons, brancos.....e assim me divertia até o final da tarde e ia para
casa me sentindo o senhor do destino de tão repugnantes criaturas. Deus cometeu
erros crassos no momento da criação, mas esses bichinhos inúteis....<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Um
certo dia involuntariamente quando mirava para um poodle branco o gatilho
disparou. O tiro acertou em cheio na testa do pequeno cão que morreu na hora e
seguiu arrastado pela calçada e puxado pela coleira por 50 metros até que a sua distraída dona se
deu conta do fato. Lá embaixo uma enorme aglomeração, choro desmedido, comoção
popular. Em cima do edifício
experimentei o maior êxtase de toda a minha vida. Uma sensação de
plenitude, um lampejo, uma razão para viver. Enfim um sentido para a minha
existência. Rapidamente desarmei a Bartira, guardei-a no <i>case </i>e fui para casa sorrateiramente. Passei ao lado da cena do
crime, exercitando o meu dom artístico com ares de comoção. O crime foi
perfeito, a nossa polícia incompetente jamais cogitou quem poderia ser o autor
do disparo, sequer investigaram a trajetória da bala. Com certeza pouca
importância deram para a morte de um mero cãozinho de madame.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Foi
fácil. Diria extremamente fácil mesmo odiando o Rogério Flausino, aquele merda!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Sigo
com a minha missão é claro com variações de cidades, centros, edifícios, com
bom espaçamento entre um assassinato canino e outro para não causar suspeitas. Afinal
aposentado e preso está fora de cogitação. Eu não agüentaria o tranco e o convívio com os demais detentos
nem mesmo em cela especial por direito. O ser humano é difícil. Seria muita
humilhação para um artista e gênio como eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Matei
cães de todas as raças, até mesmo cachorros maiores como Doobermans, Filas e São
Bernardos. Muitos me agradeceriam se soubessem.... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Porém
por uma dessas vicissitudes sem qualquer explicação plausível, reparei que o êxtase maior motivador da minha missão só
ocorre quando mato poodles brancos. (???)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Desde
então me especializei em poodles brancos. Uns dizem que é uma raça francesa
porém a grande maioria acredita ser alemã. É considerada uma das raças mais
inteligentes do mundo. Talvez seja esse o mote para a minha obsessão
inexplicável. Preciso anotar para a
próxima sessão de terapia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Frisando
é claro que esse meu terapeuta também
não entende nada. Um merda!!! A única pessoa que me entende nessa vida é a
Bartira, minha amada, minha companheira, minha confidente. Mas isso já é outra
estória...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">LUIZ
TINOCO CABRAL<o:p></o:p></span></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-87479820461676089612015-01-02T05:24:00.002-08:002015-01-02T05:24:49.359-08:00O CHEIRINHO DO AMOR - crônicas safadas - Reinaldo Moraes<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsNm1q1YEWEK21iLy4YUqT0UYXpEV4lMLYxjgbFxe_EY06v-iIfUOe2Fo4pGUQ2cyabdUI2xXbar356YCsK32qygUyngv2GK5fCnAjuekoJhzAjGANWhmZsE70U03ZdnXyuwR6SM9FVw/s1600/cheirinho+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsNm1q1YEWEK21iLy4YUqT0UYXpEV4lMLYxjgbFxe_EY06v-iIfUOe2Fo4pGUQ2cyabdUI2xXbar356YCsK32qygUyngv2GK5fCnAjuekoJhzAjGANWhmZsE70U03ZdnXyuwR6SM9FVw/s1600/cheirinho+2.jpg" height="320" width="161" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i>imagem retirada do blog da Status - da crônica homônima</i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ahhh o velho lema da literatura brasileira – sempre gostar
do livro dos amigos... Como não devo nada para ninguém muito menos para o
Reinaldo Moraes que conheci na Feira do Livro aqui de Ribeirão Preto lá vai. Dei
algumas risadas nas primeiras crônicas. Se fosse para eleger uma elegeria a
primeira do livro “Retiro Criativo do Carvalho”. Ótima crônica que traz uma idéia
para um retiro de escritores para lá de inusitado. Se fosse para eleger a
segunda melhor crônica elegeria a 2ª. crônica do livro “Chaterine, Serge et moi”.
Conhecendo o Reinaldo essas coisas que ele narra só poderiam acontecer com o próprio. Assistir uma sessão de cinema ao lado do Alan
Gainsburg e da Catherine Deneuve. O deslumbramento do fã no auge da juventude. Ótima
também. O livro de crônicas “O cheirinho do Amor” crônicas safadas, Editora
Alfaguara é sem sombra de dúvidas divertido, leve e descompromissado. Mas
confesso que esperava mais. Com o passar das crônicas, que foram escritas
originariamente e publicadas na Revista masculina Status, o esquema traçado e
provavelmente encomendado pela revista começa a ficar repetitivo, diria até técnico,
por vezes maçante com assuntos pra lá de datados, em que pese a maestria do
escritor, domínio da gramática, do assunto e a manifesta e notória cultura
geral. Talvez esteja sendo chato, mas é isso aí, aqui nesse espaço não faço
concessões e não estou aqui para puxar o saco de ninguém. O legal de um livro
de crônicas ou contos, pelo menos para este modesto leitor, é a divergência de
assuntos, o inusitado, o que podemos verificar não muito longe em outro livro
do próprio Reinaldo Moraes “Umidade”, onde temos uma gama de assuntos
diferentes, crônicas de períodos diversos, a evolução estilística do autor sem
cair no enfado e na mesmice. No novo livro “Cheirinho” ficam nítidas às concessões
do autor ao esquema da revista e ao gosto médio de seu leitor, em alguns pontos
chega até a explicar às citações, ou seja, no ato de escrever a crônica deve
pensar: acho que meu leitor não tem cultura para conhecer esse escritor que
cito, ou essa obra de arte então lá vai um parágrafo/aula introduzindo de
maneira “light” e até indicando o universo paralelo da alta cultura para eles.
Tudo bem para revista de mulher pelada vale, <u>é até recomendável</u>, mas
para livro, e para o público que entra numa livraria, compra um livro, conhece
a obra do escritor e espera um pouco mais do que simples entretenimento ficou
devendo. Vixi comecei o ano bravo heim??? Criticando o mestre, autor de PORNOPOPÉIA? Muita coragem. Mas não se preocupe não Reinaldão. Ninguém lê mais blog hoje em
dia; o meu então está no limbo. Comentários por favor </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwFAz395sCcyItNhrNOSUpFZ0IVBbYQJ-Fg1dgenDnzY3xg2CdFRugLanImjus-kPO58bWRB0GVZO9_xv_Ta9-ZXJvh7zJxiRYZTaN8RBeByCipapYnHfp1Ekhrm5562zVv8Pb-xKr6Q/s1600/cheirinho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwFAz395sCcyItNhrNOSUpFZ0IVBbYQJ-Fg1dgenDnzY3xg2CdFRugLanImjus-kPO58bWRB0GVZO9_xv_Ta9-ZXJvh7zJxiRYZTaN8RBeByCipapYnHfp1Ekhrm5562zVv8Pb-xKr6Q/s1600/cheirinho.jpg" /></a></div>
(risos).Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-26177723899717439992014-09-13T07:03:00.001-07:002014-09-13T07:03:19.094-07:00Hosana na sarjeta Marcelo Mirisola<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkX5wC17YWggcm4QXLiJkIrRMLmbWnHy5gGyL0E7hqat_Dl4qHxB_iogV9Hpsi6TUbvjykC_ysVOvRZ7kcRkMMfTWwYSQwLJJtiRFIYfGDPBDn0B_pcLZ_tiwJmRV8RgzIkTUeVj6XrQ/s1600/mm+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkX5wC17YWggcm4QXLiJkIrRMLmbWnHy5gGyL0E7hqat_Dl4qHxB_iogV9Hpsi6TUbvjykC_ysVOvRZ7kcRkMMfTWwYSQwLJJtiRFIYfGDPBDn0B_pcLZ_tiwJmRV8RgzIkTUeVj6XrQ/s1600/mm+foto.jpg" height="241" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Analisando o último livro do
Marcelo Mirisola, Hosana na Sarjeta que comprei aqui na Saraiva do Shopping
Santa Úrsula, Ribeirão Preto, por R$32,00. Editora 34 primeira edição. Tem o
livro novo do Mirisola até nas Lojas Americanas, quem diria!!! Yahoo!!!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pra começar aviso que conheço
quase tudo que o Mirisola já escreveu, desde o tempo que tinha que encomendar o
livro e recebê-lo pelo correio e por isso entendo o mote que o impulsiona a
escrever. No caso uma dor de corno ou de amor sempre é bem vinda(ou mal vinda)
e serve de combustível, de lenha e adubo. Lembrei de “Joana a Contragosto”
outro livro dele. Pensando bem uma dor não, duas dores. Para não se sujeitar a
um psicanalista argentino(essa é dele). Fiquemos então com nosso analista de
Bagé, ou de Florianópolis ou da Praça Roosevelt. Começamos com um encontro
fortuito de um macho heterossexual, meio cristão e intelectual que gosta de
Borges, Céline e Cioran com uma fêmea brega, macumbeira, raspada e gostosa em
frente a boite Kilt que pode ser em Copacabana, Kuala Lumpur ou nos Jardins.
Pois bem lá em frente ao Castelo da Cinderela M.M encontra a sua primeira mariposa Paulinha Denise. Não vou
ficar descrevendo tudo. Como diria o Tim Maia “read the book”. Mas digamos que o seu traço marcante é uma carapinha oxigenada.
Pois bem, desse encontro vamos rindo do imponderável e trágico dessa combinação
imperfeita. O equilíbrio que não existe mas que persiste na tênue corda bamba
do sexo que, no caso, não precisa de viagra nem de metafísica. O contraste
entre o carnal e o racional com pitadas de sobrenatural. Muitas divagações que
vão das qualidades indiscutíveis do Zeca Pagodinho a cinco entidades abaixo de
um chapeuzinho de poodle. Se a coisa toda já era difícil imagine quando aparece
uma pseudo-fã mentirosa, novinha e adultera na jogada. Ariela é o oposto da
outra em tudo pra começar nas regiões baixas onde predomina uma selva amazônica
<i>a la</i> Cláudia Ohana. Mas com a nova
cara metade e muita palha na cabana o equilíbrio por óbvio também não existe.
Sem conflito não há livro, não há vida, não há merda, não há combustível. Entra
a questão da juventude da mentira do desejo instintivo pela solidão e pela
preservação do homem egoísta e ciumento. Entra agora até um improvável viagra
na jogada e uma ou duas brochadas. Sei que falando assim nesse meu espasmo de
síntese tudo parece muito pobre e superficial mas só lendo o livro para
entender a profundidade, as sutilezas, as associações e citações de uma riqueza
ímpar. (“read the book”). </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEOf_Is1Jof09yjmnYv0qv_EHYgAIQTnZS3PmLeaB2PWCe8v2-PDu9jYOo5YyNk3p4hCSlgxstfIQW6BneXSYfJM8Q-qelPAtTYZXpaRasmrmAssrEW7MBpdA014fts1SoMlBXWZ7X6g/s1600/mm+hebe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEOf_Is1Jof09yjmnYv0qv_EHYgAIQTnZS3PmLeaB2PWCe8v2-PDu9jYOo5YyNk3p4hCSlgxstfIQW6BneXSYfJM8Q-qelPAtTYZXpaRasmrmAssrEW7MBpdA014fts1SoMlBXWZ7X6g/s1600/mm+hebe.jpg" height="150" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Explico com exemplos:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Só Marcelo Mirisola é capaz de
escrever diálogos impagáveis do tipo: </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“-Aeroporto? – perguntou o motorista. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>– Aeroporto, cemitério do Caju, pruma boate azul em Kuala Lumpur.
Deserto do Mojave. Pra avenida chorar pela cabrocha que não apareceu. Vamos
resgatar o dr. David Banner de um piano triste. Pruma quarta-feira de cinzas
chuvosa debaixo de uma marquise no Anhembi. Qualquer lugar! Me leva
praputaqueopariu motorista.”</i> (página 140 1ª. Edição de 34).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ou tratados de antropologia como
este:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Quando Deus fez o mundo, deve ter olhado pra Mongaguá e pensado: “É
aqui”. E carimbou a Baixada na alma dessa gente que não é caipira, não é
praiana, não é metropolitana. Não é nada. Basta fazer uma viagem de metrô. Do
terminal Jabaquara até o Tietê. Reparem. A cara amarrada. A mesma tristeza, o
viço perdido. A deselegância nada discreta da tiazona crente vestida de urubu.
Apenas o barulho do vagão, nenhum sinal de vida. Inventamos a embolia. O câncer
do pulmão. A neblina eterna cobrindo a Serra do Mar. Hebe Camargo. O bermudão, o
Rider e a camiseta regata. E Deus, só pra sacanear, dividiu a conta no cartão
em mil parcelas a perder de vista e sentenciou: “agora vão pra Mongaguá e não
me encham o saco”</i>. (pág 81 ed 34 1ª. Edição) (risos).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sem contar o imperdível estudo
sociológico/político/ambiental de um Reveillon no Rio de Janeiro que começa na
Adega Pérola em Copacabana e vai parar
numa cobertura/duplex no Leme com vista para a mata e as favelas. (ponto alto).
O contraste com a vidinha banal e marginal no Km 60 na Rodovia Raposo Tavares
dias depois. Já dizia o lugar comum: “o mundo dá voltas”. E esse livro também
de Kuala Lumpur a São Paulo, Rio de Janeiro a Piumhi MG. (faz até uma parada
obrigatória aqui em Ribeirão Preto/na Rodoviária).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E depois de tudo isso termina com deslavado lirismo e uma poesia em
prosa sobre felicidade, solidão,
desolação, tilápias e tucunarés na Serra da Canastra. Só poderia ser ele mesmo.
Marcelo Mirisola. O resto é mesmice, cópia mal acabada, enganação. Fique com o
legítimo(Rider) que não deforma. (“read the book”).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuBh5dh0nigKPj1P23YhErp6gXViMetj6R3OD6jJYEG8vXTu44j6pxSN1D_2InnuOasVi9DofoELZi6Z0TlcoRqkpFtea4kT_u-QVaROs3zyZNcya0FNpnCpAGohSD_K2sapgp3xL_hg/s1600/mm+hosana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuBh5dh0nigKPj1P23YhErp6gXViMetj6R3OD6jJYEG8vXTu44j6pxSN1D_2InnuOasVi9DofoELZi6Z0TlcoRqkpFtea4kT_u-QVaROs3zyZNcya0FNpnCpAGohSD_K2sapgp3xL_hg/s1600/mm+hosana.jpg" height="320" width="184" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-38487454304478278752014-09-12T08:39:00.003-07:002014-09-12T08:39:46.358-07:00A vida financeira dos poetas - Jess Walter<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSrHvc_ygs_LcWi8MWNdjh-H-EW_i3y3UlDsqikuLaAjd7c8Bu38hKO6RXwXQU6pcif_01OPUCfuz_QjO6PsUj3tG3tddoFwxtfJ2rpP-HJmEdWK8AJk1fdoVYU6PMCs7J7KzeKxzcmQ/s1600/jess+walter.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSrHvc_ygs_LcWi8MWNdjh-H-EW_i3y3UlDsqikuLaAjd7c8Bu38hKO6RXwXQU6pcif_01OPUCfuz_QjO6PsUj3tG3tddoFwxtfJ2rpP-HJmEdWK8AJk1fdoVYU6PMCs7J7KzeKxzcmQ/s1600/jess+walter.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg06hupY0xE7faEUuGVGVUon550pn6LQUuqoE1d_9G6bYpUHIiuWiJnFt2FdxSKoCbEbNgXdQ9jPj7vgV1_eder3Z767KSy1Vhyphenhyphen62JvLuOmICFaRFlIGwdw-SsQLz25w16LFJ9Ib7pcfQ/s1600/jess+walter+livro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg06hupY0xE7faEUuGVGVUon550pn6LQUuqoE1d_9G6bYpUHIiuWiJnFt2FdxSKoCbEbNgXdQ9jPj7vgV1_eder3Z767KSy1Vhyphenhyphen62JvLuOmICFaRFlIGwdw-SsQLz25w16LFJ9Ib7pcfQ/s1600/jess+walter+livro.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Jass é um escritor americano consagrado vencedor do Prêmio
Edgard Allan Poe, mas o que me levou ao livro foi o ótimo título. Conta de
forma muito bem humorada a estória de um anti-herói Matt Prior, jornalista com
tendências poéticas e artísticas que abandona um emprego fixo para aventurar-se
em carreira solo na internet. A partir disto o autor vai desvelando fracassos
em série de Matt. O negócio não dá certo e no fluxo vem a crise financeira,
matrimonial, familiar, profissional, culminando na crise de identidade com o
protagonista aventurando-se numa insólita viagem ao mundo do tráfico de drogas.
É claro que nada dá certo. O cara é jornalista e pior poeta como poderia
envolver-se em seara tão distinta e tão, digamos, anti-poética. O bacana é que
ao mesmo tempo em que o escritor nos entretém com essa personagem tão
cativante, paralelamente faz uma crítica a todo o sistema americano
capitalista, da busca desenfreada por comodidades, status, coisas e mais
coisas, o que leva muitas vezes o cidadão a deixar toda a vida esvair-se pelo
ralo, num fluxo constante e perpétuo ruma ao lugar que nos indicaram, que nos
reservaram no sistema hidráulico. O esgoto. A selvageria urbana dos encanadores
e detentores das torneiras em Wall
Street. O sonho americano nunca foi tão questionado. E é isso, no fundo o livro
é : da classe média a classe pobre para demonstrar que não precisamos de luvas
se temos bolsos. E o que importa está em outro lugar com certeza. E que para
essa sociedade que está aí , começar do zero talvez seja uma boa saída. Sem
afetações e maneirismos é claro. Pra começar - deixar o carro em casa e pegar
um ônibus é uma salutar mudança de perspectiva. <i>“O medo conduz às formas
poéticas mais baixas” </i>(pg 311, cap 28 Ed Benvirá 1ª. edição- titulo/autor
supra)</div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-62244982016933252442014-02-13T10:37:00.001-08:002014-02-13T11:30:07.882-08:00O herói discreto Mário Vargas Llosa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.tamara-de-lempicka.org/Women-Bathing,-1929.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.tamara-de-lempicka.org/Women-Bathing,-1929.jpg" height="304" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
The Women Bathing 1929 - obra de Tamara de Lempicka</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dos prazeres que me restam como homem casado além das
alegrias do leito conjugal e oficial e o som da novela entrando pelas vísceras me sobra ler bons
livros. Desta feita confesso: Sou fã de carteirinha do Mário Vargas Llosa ,
escritor que admiro sobremaneira
acompanhando os altos e baixos de sua carreira como romancista.
Simplesmente adoro “O paraíso é na outra esquina” e “Memórias de uma menina
má”. Seu último livro “O herói discreto” é um livro discreto. Daqueles sem
alarde, sem arroubos de política ou grandes saltos estéticos de um escritor que
não tem que provar mais nada para mais ninguém. O Esquema de duas três estórias
paralelas e intercaladas que se encontram vagamente ao final continua lá. O
resgate de antigos personagens de outros romances também continua lá. Afinal o
escritor tem um estilo próprio ao escrever, tem suas cartas na manga, tem 78 anos e nenhuma necessidade de mudar o time que efetivamente joga bem e
efetivamente ganha. Porque não? A critica é impiedosa, sempre espera algo novo
ainda mais depois que ele ganhou o Nobel de Literatura e se envolveu com
política num passado próximo. Só vejo criticas negativas ao livro. É difícil
para algumas pessoas pensar, imaginar vagamente que o escritor quer apenas contar algumas
estórias e se divertir com elas sem segundas intenções. Afinal escrevemos para
quê? Para influenciar ou para entreter? Porque não as duas coisas sem
maneirismos ou afetação? E é somente isso. Um livro sem maneirismo e afetações
que trata superficialmente <i>“en passant</i>”
de questões como ética e retidão de caráter num mundo materialista. A
dificuldade da honestidade no mundo moderno. O medo coletivo. Os personagens
principais Felicito Yanaqué e Rigoberto passam por inúmeras dificuldades e
provações para manter seus princípios ante às tentações mundanas e triunfam em
um final edificante. Os personagens se dão bem ao final e isso a crítica não
perdoa. Acusam o autor de neoliberal já que um protagonista é empresário bem
sucedido e o outro funcionário/advogado graduado de uma grande empresa. E
porque não? Só tem valor escrever sobre artistas do underground que bebem e
flertam com o suicídio 24 horas por semana? Acusam-no ainda de novelismo,
irrealidade etc. Com o devido respeito
às opiniões divergentes não aceito. As estórias estão bem engendradas e se
sustentam e nos impulsionam para a continuação, para o capítulo seguinte sem
nenhuma dificuldade. Li o livro em dois dias até perdi a noção do tempo. Os
personagens estão bem constituídos, passam na prova do CPF e do RG, e embora
tipos comuns, deixam a impressão de magnitude, deixam uma mensagem, ou seja
toda essa lenga lenga e para dizer que os personagens deixam o seu recado, a
que vieram. Um romance tem que cativar o leitor. E cativa. Ademais sempre achei
que o Rigoberto é o alter ego do Llosa. Aquele cara no fim da vida bem casado que quer curtir as alegrias do leito conjugal
e oficial, seus livros, suas gravuras ao som de boa música mas é convidado
frequentemente a lidar com toda a urbe ensandecida, críticos mesquinhos e com essa estranha realidade massacrante do dia a
dia que nos envolve. Talvez não perdoem
o escritor devido a esse atual e bem dado piparote na página 180 : <i>“a função do jornalismo nesta época, por
exemplo, ou pelo menos, nesta sociedade não era informar, era escamotear toda e
qualquer forma de discernimento entre a mentira e a verdade, substituir a
realidade por uma ficção na qual se manifesta a massa oceânica de complexos,
frustrações, invejas, ódios e traumas de um público corroído de ressentimento e
pela inveja. Mais uma prova de que os pequenos espaços de civilização nunca
prevaleceriam sobre a incomensurável barbárie.”</i> Mais atual impossível não?
Basta ir na banca e ver a capa da última “Veja”. Enfim pode ler sem culpa ou
vergonha. Pra finalizar e dar um piparote em você leitor que não acredita no
seu próprio potencial artístico (como eu) destaco o diálogo abaixo entre o
filho Fonchito de 14 anos e seu pai Rigoberto retirado das páginas 185/186,
lembrando que Deus perdoa tudo menos a covardia. Se a carapuça servir já ta
valendo. Lá vai: <i>“-Sobre você papai. Você
sempre gostou de arte, pintura, música, livros. É a coisa de que fala com mais
paixão. E então, por que foi ser advogado? Por que passou a vida inteira
trabalhando numa companhia de seguros? Você devia ser pintor, músico, sei lá.
Por que não seguiu sua vocação? Dom Rigoberto assentiu e pensou um pouco antes
de responder. – Por covardia, filhinho – murmurou afinal –Por falta de fé em
mim mesmo. Nunca acreditei que tivesse talento para ser um artista de verdade. Mas
talvez fosse só um pretexto para não tentar. Decidi não ser um criador, e sim
um mero consumidor de arte, um diletante da cultura. Foi por covardia, é a
triste verdade. Então é isso. Não vá seguir o meu exemplo. Seja qual for a sua
vocação, vá fundo com ela e não faça como eu, não a traia.” </i>E aí serviu?
Como uma luva não é? Esse espaço agora passa a ser de auto-ajuda também. Agora
vamos ler o Cântico dos Cânticos que está no livro mais erótico do mundo e
procurar na internet o catálogo de Tâmara de Lempicka na Royal Academy. Só vai
entender esse último lampejo súbito de vontade quem ler o livro. Só para
ilustrar que um romance de Mário Vargas Llosa nunca é um simples romance
dispensável como muitos levianamente reproduziram por aí. Cabe apenas um
pequeno puxãozinho de orelha no escritor já que ele sacaneou o personagem
Fonchito na página 339. Eu provo: “<i>No free shop ela havia comprado várias
correntinhas de prata peruana para das de lembrança às pessoas simpáticas que
conhecessem na viagem <u>e Fonchito um DVD de Justin Bieber, um cantor
canadense que enlouquecia os jovens do mundo todo e que ele pretendia ver
durante o vôo na tela de seu computador</u>”</i>. É ruim heim Fonchito? Pelo
amor de Deus.... Essa foi imperdoável. (risos).</div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-58373772031322347352014-02-08T03:16:00.000-08:002014-02-08T03:24:56.501-08:00Notícias da Matilha Luiz Augusto Michelazzo Editora Coruja<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.editoracoruja.com.br/img/autor/Auto%20retratos%20062.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.editoracoruja.com.br/img/autor/Auto%20retratos%20062.JPG" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
Conheci o Luiz Augusto Michelazzo no lançamento do livro “20
ficções sobre o amor & ribeirão preto”, compilação de textos em que participei
com um conto “as mulheres que não comi e outras misérias”. Autografei meu conto
para ele e batemos um breve papo. De cara muitas afinidades literárias,
referências influências etc. Mas no final da breve conversa ele falou algo que
me intrigou. “-Também li “pornopopéia” e escrevo melhor que Reinaldo Moraes”.
Pra quem não sabe Reinaldo para mim é um
ídolo, um escritor com grande domínio desse estilo desbocado e despudorado que
procuro papagaiar. Dita a frase intrigante vamos então a prova. Fui na Editora
Coruja e ressabiado comprei o romance “Notícias da Matilha” de Luiz
Augusto Michelazzo. De cara adorei a capa com um desenho do grande artista
plástico Paulinho Camargo. O livro é cinza e tem 303 páginas muito bem escritas
e revisadas pelo próprio autor que escreveu em diversos jornais por vários anos
dentre eles o saudoso Diário Popular. Entramos então no mundo das redações de
jornal, da notícia <i>fast-food</i>, da
rotina incessante em busca de algo que atraia o leitor médio, uma rebelião
qualquer, política, drama, num ambiente altamente competitivo e opressor em
busca da venda, do lucro da aceitação popular e do editor canalha, sempre
canalha. Só os fortes sobrevivem. E o protagonista Antonio Capuletto é um deles
sem deixar de ser um eterno repórter idealista e sonhador vivendo em um momento
histórico altamente conturbado de inflação galopante e incertezas políticas.
Mas tudo isso serve de pano de fundo
para descortinar as sacanagens, e o outro mundo que rola nos bastidores da
notícia, entre um plantão e outro nos cafezinhos e barzinhos de final de
expediente; E aqui entram as duas outras jornalistas Maria Luiza e Bete (mal casadas)
e um tórrido triângulo amoroso de fazer Henry Miller ter uma ereção nas
catacumbas. Seguindo uma antiga tradição de grandes escritores de Bocage a
Bukowski o Luiz Augusto não tem tramela no teclado. Tecla sem dó nem piedade
caprichando nas descrições eróticas e nos detalhes mais íntimos, muitas vezes
sórdidos das relações sexuais de seus personagens, chegando muito perto do
abismo da pornografia, mas com muita maestria não caindo nele, usando de um
artifício muito nobre. O humor. Grande mérito do autor. Todo o texto é permeado
de muito humor daquele escritor que escreve curtindo o que escreve sem se levar
muito a sério, dando liberdade e vida
para seus personagens sem se preocupar com os pudores o nojinho dos leitores.
Parabéns ao Luiz Augusto e para a Editora Coruja que tem prestado um excelente
serviço às letras aqui na nossa terrinha roxa. Quanto a prova. Quem escreve
melhor? Concluo que pouco importa, o importante é que ambos escrevem muito bem, com alguns pontos
em comum, mas cada qual com seu estilo próprio. Cada qual no seu quadradinho de
quatro. O que realmente importa e a pergunta que não quer calar é quanto de
autobiográfico tem de “Notícias da Matilha” com a trajetória de vida do nosso
escritor e jornalista Luiz Augusto. Pergunta para ser feita no próximo
bate-papo, quem sabe tomando um belo chope no Pingüim. Está feito o convite.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.editoracoruja.com.br/img/livro/normal/2011-08-19-16-41-56_capa00noticiasdaMatilha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.editoracoruja.com.br/img/livro/normal/2011-08-19-16-41-56_capa00noticiasdaMatilha.jpg" height="320" width="208" /></a></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-91698230478482778042014-01-01T12:32:00.001-08:002014-01-01T12:35:33.595-08:00Kafka à beira-mar Haruki Murakami<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15.6pt;">
<em><span style="color: #333333;">“Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já
não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido.”</span></em><span style="color: #333333;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15.6pt;">
<span style="color: #333333;">Haruki Murakami, in<span class="apple-converted-space"> </span><em>'Kafka
à Beira-Mar'</em><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaDafIsg7M5hbxv1efFTvE7Vns7YYnj71qwNkgdOdIpt9ZLQeybPPgcZow92vmqsMnKPfAw5lXCPjZs9XHYUW93CcHvpDSQafAk8NTliaPcXeNGHRvAH-MDt81EHeGp34wvuKRAUlD6g/s1600/kafka+a+beira+mar.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaDafIsg7M5hbxv1efFTvE7Vns7YYnj71qwNkgdOdIpt9ZLQeybPPgcZow92vmqsMnKPfAw5lXCPjZs9XHYUW93CcHvpDSQafAk8NTliaPcXeNGHRvAH-MDt81EHeGp34wvuKRAUlD6g/s320/kafka+a+beira+mar.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esse Japonês é foda! Escreve pra caralho! Ao narrar duas
estórias de personagens solitários que se cruzam com toda sorte de realismo
fantástico o mestre Murakami vai nos dando uma aula de como destrinchar
romances intercalando alta cultura com cultura pop, filosofia e a escatologia oriunda das coisas banais do dia a dia.Um
garoto de quinze anos em crise existencial foge de casa para encontrar
respostas para suas angústias e dilemas familiares. Um velho analfabeto que
conversa com gatos vai em busca do seu
destino. E nesses caminhos díspares nos deparamos com um menino chamado corvo,
chuva de peixes e sanguessugas, portais para outras dimensões, dilemas
freudianos e shakesperianos, uma mãe omissa, um assasinato, um caminhoneiro apaixonado por música clássica,
prostitutas que citam Hegel, uma
bibliotecária andrógina,conversas com ícones do capitalismo como o bonequinho
do Jhonny Walker e o Coronel Sanders, mortes, sexo, descobertas e surpresas a
cada página nos causando uma constante sensação de estranhamento. Murakami como
sempre cria um mundo muito peculiar, um mundo de sombras que esconde os
detalhes do piso irregular em que estamos caminhando de forma sempre
titubeante. No final todo o não senso improvável faz o maior sentido posso
garantir. E a satisfação após as intrincadas 589 páginas é plena. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Murakami é o queridinho da literatura japonesa atual largou
uma vida estável como proprietário de uma casa de Jazz para correr literalmente
atrás do sonho de ser escritor em tempo integral. Muito esforço e muito
talento.</div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-66565687566990007382013-12-02T10:57:00.001-08:002014-02-14T06:12:45.786-08:00Quiet Riot no Corinthians - 1985<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyINWPh6DydxfmAFu1NnhWYzgHXvTV4J5S0jWlL40v-cznwjvPqaJZGpLZuR8Wfa1DPztRQ93OVCW7UBI15lAawr2Oc4tOpMlw5GPxEgnMRR7efRxP28CCHSzUtM1sY-KctZt7CBg1cw/s1600/ticket+quiet.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyINWPh6DydxfmAFu1NnhWYzgHXvTV4J5S0jWlL40v-cznwjvPqaJZGpLZuR8Wfa1DPztRQ93OVCW7UBI15lAawr2Oc4tOpMlw5GPxEgnMRR7efRxP28CCHSzUtM1sY-KctZt7CBg1cw/s1600/ticket+quiet.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: #f6b26b; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 18px;">Tempos atrás na corridinha matinal surgiu no i-pod a música “balls to the wall” do Accept e imediatamente me veio uma saraivada de lembranças boas do tempo em que eu tinha cabelo em abundância, era metaleiro, andava devidamente paramentado com uma gangue de japoneses metaleiros em São Paulo, com meu grande amigo Silvio Kimura e seu primo Renato, e íamos ao centrão comprar discos e artefatos roqueiros na Woodstock e lá ficávamos sentados na praça trocando idéias sobre música, comportamento, mulheres e deixando o tempo passar. E o tempo passava. Certa vez fomos no show do “Quiet Riot” e os brothers derrubaram o portão do Ginásio do Corinthians; Entramos de graça, a polícia descendo o cacete e fazendo revista durante o show. Eu com o ingresso no bolso(guardei como souvenir) e berrando “c’mon fell the noise” e delirando com os solos de Carlos Cavazo. Bons tempos.....e aí surge a inelutável questão: Em que encruzilhada nosso caminho muda tanto? E essa gravata embaixo do meu queixo?</span></div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-21453398505935554262013-07-13T06:39:00.000-07:002013-07-13T06:50:24.344-07:00Efraim Medina Reyes – Técnicas de masturbação entre Batman e Robin, Pistoleiros/Putas e dementes e Era uma vez o amor mas tive que matá-lo.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.revistanuevomundo.unlugar.com/palabra/efraim%20medina%203.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="263" src="http://www.revistanuevomundo.unlugar.com/palabra/efraim%20medina%203.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
o escritor brincando de roleta-russa</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Fiquei um bom tempo sem postar aqui. Desilusão com a
literatura? Não. Novos caminhos a serem percorridos. As vezes como Rimbaud é
preciso viver um pouco e como Bukowski fingir uma adaptação, uma integração com
a sociedade pra sacanear depois. Mas deu saudade e nesse eterno retorno aqui
estou novamente para falar desse escritor colombiano muito interessante. Acima
os títulos dos livros que li e que encomendei por sebos espalhados pelo Brasil
inteiro. O cara é “bom de título” porém muitas vezes estes não demonstram o
verdadeiro conteúdo e por conseqüência é
impressionante a quantidade de “Técnicas de masturbação” devolvidas pelos
leitores às prateleiras. Fico imaginando o cara comprar esse livro buscando
muita sacanagem e humor despretensioso e fácil e deparar-se com fracassos,
desilusões, lirismo e experimentações formais. (risos) Pena que as pessoas não
perceberam que é um bom livro assim como os demais e que fogem muito da
mesmice. Vai entender o leitor....Com isso ganhei descontos bem vindos na
estante virtual. Efraim é desses amigos que encontramos perambulando pela
América Latrina, como Gutierrez, como Fuguet e que gostaríamos de tomar uma
cerveja na mesa de um bar bem decadente. O cara não tem tramela e fala em prosa
e verso desde a chifrada que levou da namorada, uma imaginária transa com
Silvia Plath , desventuras de uma banda <i>underground</i>,
técnicas para conquista e sedução até uma despretensiosa mini-biografia não
autorizada de Kurt Cobain. Portanto mais pop impossível. O alter-ego Rep vai
perambulando pelos subúrbios mais escuros das cidades mais apagadas e
envolvendo-se nas situações mais insólitas. Nessa miscelânea encontramos
momentos muito poéticos intercalados com humor refinado e uma auto-sabotagem
constante. O eterno descontentamento desses seres latino-americanos que andam à
margem, num local incerto, tão incerto como Cartagena das Índias e quiçá com
forçada analogia: Ribeirão Preto minha querida cidade colônia penal. Essa
passagem é bem ilustrativa: “<i>Dia e noite
deixamos nossos sonhos de amor, nossas loucuras e ilusões diante da tevê
enquanto acumulamos desleixo, gordura e remorsos</i>”. Recomendo para quem está
lendo os mesmos livros com as mesmas fórmulas várias vezes e que hoje estão na
lista dos mais vendidos e amanhã não servirão nem mesmo para forrar a gaiola(objeto
em desuso) ou para limpar a bunda. Precisamos ousar nas escolhas meu caro
leitor que sai em passeatas, escreve cartazes espirituosos, se emociona e chora
e não percebe que continua sendo manipulado pelo Grande irmão e aumentando o
ibope dos telejornais. <i>“Retorna neste
verso a tarde com os cílios molhados e o sol contradizendo a garoa. Há um potro
sem domar amarrado à alma e os olhos da ira se agitam nesta tarde sem
cavaleiro”</i> É esse o espírito contestador e vibrante do escritor que atrás
de um visual misógino-caribenho e de um auto-marketing duvidoso esconde e
revela muitas coisas nas entrelinhas. O <i>prefácio “a máquina de somar zeros” de
“pistoleiros/putas e dementes” é imperdível cabendo aqui algumas transcrições
“uma vida sem canções e sexo oral é muito entediante” (...) “os poemas não
evitam guerras, nem curam a gripe, mas ajudam a suportá-las” (...) “Se você
está lendo esta linha ou a seguinte, o problema é seu; como a máquina de somar
zeros, tudo o que eu digo e em que me baseio pertence ao vazio porque o destino
de um livro nunca estará nas mãos de quem o escreve, e sim de quem o lê”.</i>
Falou e disse! E serviu ao menos para destravar esse blog mais uma vez. Quiça
chegarei às quinze mil crônicas de Rubem Braga. O sorriso fechado já é um
começo.</div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-76312895031137769582013-01-24T10:50:00.000-08:002013-01-24T11:11:32.962-08:00Os Anos do Furacão - Mário Bortolotto - Manual de "antiajuda"<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://vejasp.abril.com.br/blogs/dirceu-alves-jr/files/2012/09/M%C3%A1rio-Bortolotto-3-680x1024.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://vejasp.abril.com.br/blogs/dirceu-alves-jr/files/2012/09/M%C3%A1rio-Bortolotto-3-680x1024.jpg" width="212" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<i>foto Bob Sousa</i></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Digo desde agora e sempre que é difícil manter o
distanciamento quando nos deparamos com um livro de um cara que é a nossa cara,
que tem os mesmos ídolos e quase as mesmas idéias. Aliás isso é um privilégio
cada vez mais raro nesse mundo esquisito e multifacetado. Mas vamos lá: O livro
“Os anos do furacão” do Mário Bortolotto
narra em forma de crônicas de uma maneira bem sincera e com um vocabulário
simples e cheio de gírias (“ta ligado?”); trechos da vida do escritor,
dramaturgo, ator, músico, poeta....desde a sua infância até o episódio dos
tiros/assalto no teatro da Pça Rossevelt e fatos posteriores a este
acontecimento marcante a fartamente noticiado. Tudo bem autêntico, bem a cara
do autor, de maneira desordenada, em formato “blog” e pinçando acontecimentos e brincando com a
memória. Porém ao contrário do Marcelo Mirisola que mais inventa do que
transcreve a realidade biográfica com proposital picaretagem no livro do
Bortolotto temos uma crueza e uma sinceridade quase infantil, singela, você lê
o livro e diz: “- É ele mesmo, está tudo ali!” </div>
<div class="MsoNormal">
Com o devido respeito é o mesmo “marginal” corajoso que
encontrei em duas palestras aqui em Ribeirão Preto, uma na Feira do Livro e
outra nos Estúdios Kaiser de Cinema, sem contar as inúmeras e impagáveis
entrevistas, peças, livro de contos, vídeos no youtube, etc. O Mário curte esse
negócio de ficar à margem, mas ao mesmo tempo trabalha pra caramba, produz como
ninguém e extrai dessa situação, com muito humor, diga-se, todo o seu material
de trabalho como um Plínio Marcos, um Gutierrez.</div>
<div class="MsoNormal">
O Mário é um exemplo de anti-exemplo de auto-sabotagem
voluntária e só quem tem alguma maturidade de vida pode entender o que eu estou
escrevendo. Só esses vão entender o título acima “Manual de antiajuda”, só
aqueles que tem um Bukowski ou Henry Miller na cabeceira da cama no lugar da
Bíblia. </div>
<div class="MsoNormal">
Muito embora o livro seja de memórias, temos nas entrelinhas
várias divagações pertinentes e visões peculiares sobre sucesso, fracasso,
estilo de vida, trabalho, coerência, solidão, individualismo, marginalidade,
drogas, bebida, esporte, amizade, sinceridade, referências, gibis, poesia,
blues.....</div>
<div class="MsoNormal">
Legal ver também a modificação de ânimo antes e depois do
dia fatídico. Acho sinceramente que aconteceu alguma coisa importante ali.
Antes o texto era mais leve, superficial, agora mais melancólico, mais
nostálgico e porque não dizer mais equilibrado e sereno. Laudas em homenagem à
filha, aos verdadeiros amigos.... Afinal qual a razão de viver ou ter uma
segunda chance senão para estar com aqueles que valem alguma coisa e fazendo
aquilo que vale a pena?</div>
<div class="MsoNormal">
Você pode não gostar e não concordar com tudo que o Mário
diz, mas é tudo muito bem fundamentado por alguém que vive na carne e
constantemente aquilo que escreve.</div>
<div class="MsoNormal">
Uma vez fui numa palestra de uma escritora que veio com essa
de laboratório, que para escrever sobre
o lixão pesquisava em livros, em jornais, bibliotecas.... Definitivamente não
acredito nessa literatura. Falta sangue, falta esperma, merda, falta verdade,
falta adubo natural, urina na meia(essa é do Mário rsss). No livro do Mário voa
resíduos para todo o lado. É só ligar o ventilador ou abrir a garrafa. (a capa
do livro é o rótulo estilizado de um Jack Daniels – risos novamente). Só para
ilustrar o que estou dizendo aí vai uma transcrição da crônica “bem-vindos ao
meu mundo”: <i>“Não é o melhor dos mundos e
nem é exatamente agradável. É um mundo de um cara confuso que sempre mete os
pés pelas mãos e perde o jogo e não consegue trapacear, mas mesmo assim fica
posando de “esperto” (...) o meu mundo não cheira bem e as torneiras estão
sempre pingando e há restos de comida em cima da pia.” M. Bortolotto na pág
253.</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.realejolivros.com.br/loja/image/cache/data/furacao-250x250.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.realejolivros.com.br/loja/image/cache/data/furacao-250x250.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Portanto fica a recomendação – tecle na editora Realejo e encomende o seu <a href="http://www.realejolivros.com.br/">www.realejolivros.com.br</a>. Para mim
o livro caiu muito bem. Viver sem grandes expectativas em relação a si e em
relação aos outros nesse mundo que persegue o “sucesso” a qualquer custo e
tenta esconder às “mazelas” embaixo do tapete. Estou aos poucos pulando fora
também meus caros leitores! Não se iludam! Aproveitem enquanto ainda dá tempo.
Fica aqui a minha “antiajuda”. Maiores esclarecimentos é só pagar uma cerveja
qualquer lá no Bar do Português.</div>
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-88513904473436230262013-01-13T06:30:00.001-08:002013-01-14T03:51:47.728-08:00Gibis e literatura. Nerd eu? Longe disso...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-p550UenkHGI/T7ClRFsgDEI/AAAAAAAAC38/rEQyQa96CT8/s640/diomedes+gramp%C3%A1.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" eea="true" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-p550UenkHGI/T7ClRFsgDEI/AAAAAAAAC38/rEQyQa96CT8/s320/diomedes+gramp%C3%A1.gif" width="189" /></a></div>
Minha relação com os quadrinhos vem dos confins da infância. Era um menino sozinho mas muito curioso com uma irmã cinco anos mais velha com uma prateleira cheia de Mônicas, Cebolinhas, Bolinhas, Brotoejas e Luluzinhas. Depois numa mudança da minha prima Dulcinha herdei uma série de Zé Cariocas, Pato Donalds dentre os primeiros números de tais coleções (inclusive). Coleção essa que foi roída por traças urgh! Teve também aquelas férias em Araruama que comprei “Lulu e Bolinha nas férias” e viajei por Paris e Nova Iorque numa rede da varanda da casa do Tio Joel . Mas a febre começou mesmo com a Tia Guiomar que me deu o primeiro Tintim e depois o primeiro Asterix e a paixão não teve mais fim. Tenho a coleção completa dos dois até hoje. A adolescência chegou e com ela muitos Mads, “Animal”, Chicletes com banana, Rebordosas, Luke Lukes e Cia ltda (guardo todos com muito zelo no meu escritório). Necessário frisar que nunca gostei de Batmans, Robins e Super-homens e outros heróis mascarados. Necessário frisar número dois que entendo os quadrinhos como literatura e não vou ficar falando aqui “graphic novels”, porque isso é uma “frescura du caralho” com o perdão da expressão. É “quadrinhos” mesmo, GIBI, estórias em quadrinhos e tenho dito. Sou nerd? Longe, muito longe disso.... Gostaria de frisar número 3 que os quadrinhos quando bem feitos nos remetem a uma outra dimensão da literatura. Temos uma imagem mais nítida da própria imagem que o autor tenta nos passar; uma imagem mais próxima da imaginação do autor/escritor. Porém ao contrário do cinema essa imagem não esgota tanto a nossa própria imaginação, não satura o nosso cérebro. O desenho por mais realista que seja não esgota a imagem em si. É uma sobreposição de imagens do autor com as nossas loucuras imagéticas que criamos no ato da leitura. Em resumo: um barato sem necessidade de qualquer ácido. E é exatamente isso que tem me levado de volta aos quadrinhos. Na minha idade não há como tomar ácidos sem efeitos colaterais duradouros e indesejáveis.Recentemente li vários Robert Crumbs dentre eles o tão bem escrito “Kafka” com parceria de David Zane Mairowitz e posso sem sombra de dúvidas dizer que é a mais agradável maneira para conhecer esse fantástico escritor tcheco universal. Uma outra dica é o ótimo “os beats” com roteiro de Harvey Pekar e companhia onde é possível visualizar de uma outra maneira, que seja superficial, toda a cena literária “beat” em meados dos anos 50 e 60 nos Estados Unidos. Também nem tudo é alegria nesse mundo dos quadrinhos. Já tive experiências ruins como o “Palestina” de Joe Sacco, que com o devido respeito e com as devidas escusas pelo trocadalho – é um saco!.Acho que política com quadrinhos não combina muito. Sou nerd? Longe, muito longe disso....Mas sou mais um bom gibi erótico do que uma revista Playboy e tenho dito. Nessa linha reverências obrigatórias ao Sr. Milo Manara e Giovanna Casotto. Bom bem, ops. Toda essa introdução foi para falar sobre dois gibis que li atualmente. O primeiro é “Pagando por sexo” de Chester Brown, o segundo é Diomedes de Lourenço Mutarelli. O primeiro tem o mérito de, com muita sinceridade, relatar de uma maneira agradável, realista e didática um tema para lá de controverso e porque não tabu. O escritor canadense Chester narra em primeira pessoa suas próprias desventuras com prostitutas e similares com toda riqueza de detalhes e traços para lá de primitivos para depois concluir que mesmo com o vazio pós-coito prefere estas relações às relações dita românticas, chegando a conviver por anos com uma prostituta para lá de especial. Por fim desvela toda a hipocrisia e preconceito que envolve o tema, não poupando amigos, sociedade, País etc. Belo trabalho. Todo escritorzinho novo que fica aí tentando jogar as verdades inconvenientes tapete abaixo deveria ler. Já “Diomedes” de Lourenço Mutarelli, peculiar escritor e desenhista que venho acompanhando a vários anos revela a construção de um personagem impagável : Um detetive, delegado aposentado, sujo, desorganizado, piadista e aloprado que percorre os caminhos mais tortuosos para desvendar, ou melhor, não desvendar seus “casos” indo do nada a lugar nenhum, passando por situações insólitas, existenciais e metafísicas e nos revelando um caminho para lá de caótico, escatológico e engraçado. O destino não importa, o que importa é o caminho. Tudo muito noir, com diálogos “a la” Pulp fiction. <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Certa Feita G. K Chesterton , escritor inglês falecido em 1936 em seu ensaio sobre “como escrever uma história de detetive” estabeleceu a primeira regra: “<em>o alvo de uma história de mistério, como de toda outra história e todo outro mistério, não é a escuridão mas a luz. A história é escrita para o momento em que o leitor a compreende, não simplesmente para os vários momentos preliminares em que ele não a compreende</em>”. Pois não é que o Mutarelli subverte esse princípio com muita propriedade?</span>A compilação da trilogia de 5 ou 6 anos de árduo trabalho, 429 páginas Editora “Quadrinhos na Cia” do nosso amigo Muta só não é obrigatória porque não acredito em “obras obrigatórias” e tenho dito. Nerd eu? Longe, muito longe disso....Em tempo: não empresto os meus gibis!<br />
<br />Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-53503297188219141822012-11-27T06:29:00.001-08:002012-11-27T06:29:37.624-08:00sinal dos tempos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjZGrF-Wlykv57mDI1tnrln9ZKbGQ3hCpHQLUjDN07KV4q3fs4oVLI_pwLue6O_IboeTNr3uPMYuZykRZJWTWsJ6q7JoFud6H859TwU8dWUduFDVAlUxK0_hhU-2o9rRd52haFrC_OTA/s1600/PB230173.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjZGrF-Wlykv57mDI1tnrln9ZKbGQ3hCpHQLUjDN07KV4q3fs4oVLI_pwLue6O_IboeTNr3uPMYuZykRZJWTWsJ6q7JoFud6H859TwU8dWUduFDVAlUxK0_hhU-2o9rRd52haFrC_OTA/s320/PB230173.JPG" tea="true" width="320" /></a></div>
Percebo com total serenidade que os tempos são outros ao abrir o Jornal “Folha de S.Paulo” e observar na sua “Folha corrida” do dia 26/11/12 as seguintes manchetes: “Nova Roosevelt – após a revitalização, os aluguéis subiram e os Satyros vão sair da praça;” Caramba...essa é a realidade cruel do nosso teatro(penso)....Na mesma página “Dinheiro dos músicos. Por uma música ouvida um milhão de vezes na internet, algo raro, um músico recebe a miserável quantia de R$360,00”. Putz...que mal....não dá mais para viver de música(penso). Mas de súbito e na mesma página em contraposição vejo este quartzo rosa dos “tempos modernos” “Nerd Campeão - Jogadores profissionais faturam milhões disputando torneios mundiais de games.” (....) Milhões??? Games???? Para fechar a minha agradável leitura matinal o jornal destaca a insólita “frase do dia” “Atenção aos retardados que estão assistindo Pica Pau começou Tv Xuxa” – “Mário Meirelles diretor do TV Xuxa no seu twitter”. Pica Pau??... TV Xuxa???...Estupefato fecho o jornal, acabo de tomar meu café italiano, forte e amargo, como o meu pão amanhecido com manteiga, visto o meu paletó surrado para ir para mais um dia de trabalho enfadonho e ao despedir de meu filho de nove anos que está na TV jogando “Call of Duty Black Ops”....tenho enfim um alento matutino e digo com orgulho paternal: <br />
<br />
<br />
-MATA...ATIRA...ATIRA....MAIS RÁPIDO..RÁPIDO PORRA... MATA todos eles meu filhão!<br />
<br />
Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-67709743091162603852012-10-29T12:15:00.001-07:002012-11-27T08:26:00.090-08:00Tropicália - o filme de Marcelo Machado<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.lancamentodefilme.com.br/wp-content/uploads/2012/09/documentario-tropicalia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="244" qea="true" src="http://www.lancamentodefilme.com.br/wp-content/uploads/2012/09/documentario-tropicalia.jpg" width="320" /></a></div>
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Aproveitando a ressaca de eleição com o fim do 2º. Turno aqui em Reb’s bem como o forum fechado fui assistir uma matinê no Cinépolis da “avant-première” em Ribeirão Preto do filme Tropicália do diretor Marcelo Machado. Dia 29 de outubro, 13:30 horas – ao escolher a cadeira tinha o cinema todo a minha disposição; <em>“- Se for só eu a sessão acontece?” “- Sim, sem problemas, mesmo sem ninguém!”.</em> Aliviado lá fui eu. Durante os trailers apareceu mais um nerd gato pingado (que não ficou até o final da sessão). Pedi para o operador da câmera acertar o foco que estava horrível e iniciou-se a sessão para os dois gatos pingados. Um e meio vai já que o meu cúmplice barbudo que deveria ter a minha idade foi embora antes do final. Me senti uma flor de lótus. Porém tudo isso é um pecado. Um desperdício. Um despautério. Sei que sou suspeito já que quero justificar o meu investimento(R$8,00 + a pipoca) mas o documentário é ótimo, as imagens selecionadas incríveis e o tratamento delas bem como os relatos muito felizes e com muita riqueza de detalhes. É fácil entrar no climão “flower power” utópico que envolveu a Tropicália com alguns dos nossos ídolos desfilando na telona com aquela trilha sonora tão prazerosa e familiar. O diretor foi muito feliz em deixar as imagens falarem por si com os relatos em <em>off</em>. Um despropósito aquela sala quase vazia... O filme deveria ser matéria obrigatória nas escolas. Já pensou? Hoje aula de Tropicália. Assunto: Liberdade de criação – Subversão – Utopia – Rebeldia - Criatividade.- Isso é que é utopia heim? A despeito do meu privilégio de ter uma sala de cinema exclusiva valia um ônibus escolar na porta do Shopping desovando a criançada para ver e saber ao menos superficialmente algo sobre Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Torquato Neto, Hélio Oiticica, Maria Bhetania, Gal, Mutantes, Tom Zé, Rogério Sganzerla, Glauber Rocha & Cia.<br />
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Também está ali um libelo contra a mesmice de um ditadura acachapante de um período sombrio da nossa estória de familiares omissos e medrosos. Outrossim e apenas finalizando está ali uma pequena aula contra o conformismo muito apropriada para as novas gerações e essa moçada que fica por aí perdendo tempo com joguinhos de computador, boliche, novela, restart, nx zero.... e que não sabem sequer que um dia existiu um festival de Wigth. Será que tem Mutantes no Guitar Hero? E o assassinato do estudante Edson Luís será que essa moçada dourada e sarada sabe do que se trata?<br />
Pois é...valia aquela gritaria, chicletes voando...neguinho sentado no chão, piadinhas....namoricos e outras interações e interferências para encher o saco deste quase velho triste naquela sala de cinema quase vazia.... Já não se fazem <em>matinês </em>e <em>avant-premières</em> como antigamente.... Vou levar meu filho de nove anos para ver o filme. É claro se eu conseguir tirar ele por algum tempo do minecraft. Missão quase impossível.<br />
<br />Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-88162630640076795022012-08-13T08:23:00.000-07:002012-08-13T08:23:17.087-07:00Desconstruindo Bukowski (monólogo em dois atos)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://my.opera.com/E.%20Driver/homes/albums/35120/bukowski.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" mda="true" src="http://my.opera.com/E.%20Driver/homes/albums/35120/bukowski.jpg" width="320" /></a></div>
Numa pequena sala de aula com um espelho uma velha poltrona, algumas cadeiras de aula quebradas, um café, cafeteira velha, bolacha cream cracker e um copo com água, Chinaski começa a falar para si e para o vento com tom de desprezo. delírio e ressaca.(ao fundo a música “The end” do The Doors bem baixinho – versão instrumental ou repetição reiterada do solo ou qualquer música melancólica do Tom Waits ou Johnny Cash ).<br />
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Começa então o monólogo – entra CHYNASKI falando: <br />
1º. ATO<br />
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- Compromisso enfadonho, medonho, camarim improvisado, fudido mesmo!, faculdade interiorana, sem grana, implorando para os céus, para o meu “cicerone” afrescalhado lembrar que o palestrante em questão sou eu... “HENRY CHYNASKI”;e que com café fraco e bolacha cream cracker a palestra simplesmente não vai rolar, não, não, não vai rolar legal. Diria até impossível. Improvável....E as dez horas da manhã? Quem foi o infeliz que marcou essa porra! Deve ter sido o cicerone bichinha. O que me leva a divagar, devagar...agora tudo é devagar...(a idade é foda): O que eu não faço por 100 pilas, um quarto de hotel barato e um bom rabo! <br />
<br />
(olhando para o lado do palco)<br />
<br />
“- O meu amigo, cumpâdi, meu irmão, meu chegado, sabe que fui com a tua cara? Tem como mandar aqui um uísque, um conhaque, que seja um bourbom barato, álcool 90, gasolina, etanol ou mesmo um vidro de perfume qualquer? <br />
<br />
(volta a falar sozinho) <br />
<strong><em>“É este o problema com a bebida.. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom,bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa”</em></strong><br />
<br />
Fico aqui nesse desacontecimento profundo....melancolia profunda...com uma sede do caralho e uma “melancia na bunda”.<br />
Agora tenho que falar com esses “estudantes de literatura”...que porra é essa!? Literatura não se aprende nessa merda de catedral gótica e fria do inferno! Escritor que é escritor tem que levar é MUITA PORRADA MESMO pra ver se aprende sobre a vida sobre a morte, azar, sorte. A merda desta vida não é para amadores não...não... Tem que levar porrada desde criança. Sentir o desprezo de seus pares... ou seriam os ímpares? Nunca achei um ser vivente capaz de apaziguar a minha dor nessa terra de ninguém. Nenhum que chegasse perto da minha “genialidade” que seja, vá lá(modéstia é para os fracos).... Graças aos céus!!! Um Chinaski só já é demais. Mas não estou nem aí não! NÃO! Nunca precisei de amor....compaixão...gratidão....isso é para suburbanos que não podem ouvir a palavra CÚ.<br />
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Já fui casado, amigado, juntado com toda a fauna e flora do mundo, até flertei com o amor e paixão com aquela louca linda que enfiava espetos pelo corpo todo e foi embora para sempre. Como era o nome dela mesmo? Mas definitivamente não me venha falar de amor. Fora! Fora! FORA!!!!!! <strong><em>“O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece”.</em></strong><br />
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Aliás que vontade de subir naquele palco agora e mandar todo mundo tomar no cú. Virar para a estudante mais gostosinha e tentadora e falar de forma bem lasciva. “– ô gostosa? Sabia que você é um tesão?, larga de perder tempo e vem aqui me dar esse seu cuzinho agora mesmo que eu vou te ensinar o que é literatura na prática. A litera dura. O “segredo” jamais revelado Ah Ah Ah!!!!! E sem vaselina heim? Ah Ah Ah você vai adorar sua puta!” Antigamente eu era capaz dessas coisas e as pessoas ficavam chocadas! Antigamente eu até me fingia de nazista para ver a reação óbvia do lugar comum. Hoje só faz parte do meu show de velho escritor decrépito. “O velho safado”.Tudo é “showbuzzines”, celebridades....Bem provável que depois que eu morrer esses filhos-da-puta mandem colocar uma estátua em minha homenagem em praça pública. Já estou até vendo os meus cacarecos expostos na Livraria Harlington.;vão estudar as minhas merdas e meu “delirium tremens” em universidades.Falsos...hipócritas....vendidos.<br />
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Hoje infelizmente é isso: 100 pilas e a seco. AGUA E CREAM CRACKER! é isso que estou valendo! Ainda se fosse um pãozinho com mortadela... E tenho que suar muita cerveja velha e barata pra subir naquela merda agora e “entreter” esse bando de boçais para pagar o aluguel do fim do mês.Boçais tá sabendo. “Tá ligado manoooo!.” Boçais. Todos uns boçais.<br />
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Tempos atrás casei com uma caipira/interiorana/rica/boçal e ninfomaníaca só de sacanagem.....é....todo mundo achava que eu queria a grana dela. Mas na verdade eu só queria tirar uma onda ...é....também sou filho de Deus...(esse filho-da-puta). Só que por óbvio também não deu certo. Ela também não agüentou o tranco. Tinha estomago fraco.<br />
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De sacanagem uma vez comecei uma conversa nonsense com a vadia:<br />
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<em><strong>“O que há de errado com os cus baby? Você tem um cu, eu tenho um cu, você vai ao mercado e compra um pedaço de filé, que é parte de algo que um dia teve um cu! Os cús cobrem a terra! De certa forma até as árvores têm cus, mas a gente não os vê, elas apenas deixam cair as folhas, seu cu, meu cu, o mundo está cheio de bilhões de cus, o presidente tem um cu, o garoto que lava os carros tem um cu, o juiz o assasino têm cus...até o alfinete roxo tem um cu!”</strong></em><br />
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É não é que a suburbana vomitou? Não agüentou o tranco. Estômago fraco. Vadia.<br />
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(...pausa – olhar perdido – sério)<br />
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Lembro quando meu pai me batia e eu engolia a seco. Não derramava uma lágrima para aquele desgraçado. Não...não...nunca derramei lágrima para ninguém. Depois, vieram as espinhas, a feiúra e comecei a arrumar emprego a torto e direito para me “enquadrar” só para conseguir comer mulher. Um vendido. Um fingido. E era massacrado pelo sistema, pelos estúpidos...pelos capatazes...pelos encarregados.... ados...ados...ados VIADOS. Trabalhei em matadouros, correios e até para a Cruz Vermelha. Se arrependimento matasse.... <em><strong>“Que tempos penosos foram aqueles: ter a vontade e a necessidade de viver mas não a habilidade”</strong></em> Se bem que esse negócio de arrependimento é coisa de boiola não é? Ou não? É? E para extravasar um pouco ia para casa beber bebida barata. E para agüentar a benga entrando e o exame de próstata nosso de cada dia passei grande parte da minha vida emendando uma ressaca com uma bebedeira, com uma porrada, com uma ressaca, com uma bebedeira, com uma porrada....e por aí fui...até aqui... agora... nesse camarim fudido. Como é que eu ainda achei tempo para escrever esse monte de asneiras? Trinta e tantos livros muitos deles de poesia....loucura pouca é bobagem mesmo.<br />
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Bobagem? Quantas vezes não flertei com o suicídio em quartinhos minúsculos com venezianas fechadas. Quem mandou nascer na estrada na contramão, numa estrada infernal cheia de caminhões? Esse é meu problema. Nasci na época errada. Pacifista enquanto todo mundo era belicista, da contracultura enquanto nem sequer existia a palavra contracultura. O “underground” sozinho levantando a bandeira do fracasso enquanto todos almejam e almejavam o “sucesso” a qualquer preço. Sucesso? Que porra é essa? <br />
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Nos primórdios, subindo a rua numa noite chuvosa e fria me deparei com um mendigo sujo, cabelos enormes e desgrenhados enrolado em um cobertor grosso, felpudo, xadrez e fumando um baseado. Seus olhos eram azuis. Foi quando eu vi o que eu queria ser, o que eu queria ser...pelo resto da minha vida. Um vagabundo andarilho. Então comecei a escrever uma vez que esse era o caminho mais fácil para alcançar o meu intento. Quem ia querer ler um cara fudido como eu? E não é que hoje essas criançinhas aí fora gostam???? As gostosinhas que na hora “h” não querem me dar? E se eu vomitar em público daqui a pouco é bem provável que eu até seja ovacionado... Vai entender o ser humano(???); <br />
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Aliás nunca me considerei um ser humano. Nunca! Nunca quis participar de festinhas...confraternizações....”estar com meus pares”...ou seriam ímpares? Sempre gostei de beber sozinho, escrever sozinho, tudo sozinho... <em><strong>“Não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão por perto.”</strong></em><br />
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E certa feita fiquei cinco anos sem sexo, só na punheta..., no mano a mano, na masturbação.....para não ter que implorar uma bocetinha qualquer, um cuzinho que seja. Isso seria se rebaixar de mais até mesmo para um cara fudido e feio como eu. E não é que quase enlouqueci? Loucura? Quem é louco aqui heim... heim... heim? <br />
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E então cheguei a inelutável conclusão: A única coisa que não dispenso nessa vida, como já disse é um bom rabo. Não tem como dispensar. Aliás acho que escrevo só para isso. Pra não ficar pensando em rabos o dia inteiro, ou talvez para teorizar os rabos que passam na minha mente, nas ruas, nos pontos de ônibus. No cú do judas. Quantos ônibus sem destino eu peguei para simplesmente prolongar o contato visual com tão adoráveis e tentadoras criaturas. O perfume natural... A mulher é a maior invenção do criador. <br />
Esse criador filho-da-puta. Arregão! Uma vez eu chamei ele pro pau e ele não veio. Covarde! Fica aí escondido nas suas nuvens colocando essas gostosas para me tirarem do prumo porra! Deus é o caralho!<br />
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Nossa...quase ia me esquecendo dos cavalinhos...ahhh,.depois das mulheres a melhor coisa que o criador colocou na minha vida foram os cavalos de corrida. Principalmente os azarões que pagam 9 por 1 . Principalmente nos dias de sorte que não foram poucos....Aliás, melhor dizendo, sorte é para principiante não é?. Eu sei o que é ser um azarão vencedor. Basta olhar os dentes OS DENTES. Jóquei nenhum é capaz de estragar um animal e sua sina de animal, azarão e vencedor. LIVRE, LIVRE porém SEMPRE com um idiota baixinho e desprezível nas costas SEMPRE, diga-se. Vivemos, corremos e morremos e é só. E não há nenhuma glória nisso. E essas criançinhas ficam aí “teorizando” “esquematizando” “escrevendo teses” que nunca serão lidas, fazendo “oficinas”, indo à palestras.... Que vontade de falar para elas com todo o meu desdém: <strong><em>“Sinta mais. Pense menos”.</em></strong><br />
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Uma vez me perguntaram o que era necessário para se tornar um grande escritor. Falei para o imbecil que ele deveria sair, ir para o hipódromo tomar uma cerveja e passar uma tarde apostando nas corridas. O filha-da-puta achou que era brincadeira! E não era. Nunca esses idiotas vão me entender. NUNCA. <br />
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Ahhhh....esses infelizes “jovens” querem conselho? Querem? Então toma lá, vamos ao ensaio:(com sarcasmo ensaiando a palestra) Você que é jovem e gosta de litera dura, digo, “literatura” - <em><strong>“Vá para o Tibet. Monte um camelo. Leia a bíblia. Pinte seus sapatos de azul. Deixe a barba crescer. De a volta ao mundo numa canoa de papel. Assine um jornal. Mastigue apenas com o lado esquerdo da boca. Case-se com uma perneta e se barbeie com uma navalha. E entalhe o seu nome no braço dela. Escove os dentes com gasolina. Durma o dia inteiro e suba em árvores à noite. Seja um monge e beba chumbo grosso e cerveja. Mantenha sua cabeça dentro d’agua e toque violino. Faça uma dança do ventre diante de velas cor-de-rosa. Mate seu cachorro. Concorra à prefeitura. Viva num barril. Rompa sua cabeça com uma machadinha. Plante tulipas sob a chuva. <u>Mas não escreva poesia.”</u></strong></em><br />
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Se alguém tivesse me dado esse conselho minha vida teria sido outra....agora é tarde! Agora fudeu de verde e amarelo!<br />
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E essa bichona que não me traz a bebida?...daqui a pouco vou começar a tremer....e quando isso acontece não respondo por mim. Sou bem capaz de virar as costas e simplesmente sumir nessa porra de cidade que sequer lembro o nome. Ai Meu Deus filho-da-puta lá se vão as 100 pilas do aluguel... <br />
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<strong>“<em>Não sei quanto às outra pessoas, mas quando me abaixo pra colocar os sapatos de manhã,penso,Deus</em></strong> filho-da-puta,<strong><em> o que mais agora ?”</em></strong><br />
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Nomes? Nomes? O que são nomes senão uma imposição de alguém que pensa que entende o que ninguém entende e nunca vai entender!? Um sonho estético e patético de uma vida sob controle. Apropriação indébita. A vida inteira tentando fugir de imposições mas não consigo me livrar delas.(???) Virei um nome. Um totem. Um consolo gigante. Com o passar dos anos o pinto vai caindo, caindo, caindo e o nome vai subindo, subindo, subindo....como uma pipa. Sequer sou gente em carne e osso. Um Dostoievski, um Whitmam qualquer.... Um nome “para a posteridade”. “Chinaski O bêbado, louco e safado que escreve sobre a própria vida de merda”. <br />
<br />
E como fico puto quando alguém me chama de “beatinique”. Beatinique o caralho bando de maricas pagando pau para um Buda mole filho-da-puta!!!!! <em><strong>“Preciso mais do que colares hippies, uma barba, um turbante indiano e maconha legalizada”</strong></em> Meu negócio é Mhaler...Brahms.... buceta! MUITA BUCETA!!!!<br />
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E por falar em buceta cadê o álcool Meu Deus? Você está sempre de brincadeira heim? Filho-da-puta!!!!! Sai daí...saí daí...vem....covarde....COVARDE. (levanta-se com gestual de luta olhando para o alto)<br />
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Cicerone entra e fala(ou voz em off) Ou o próprio Deus em off: -Chinaski entra....entra agora...a platéia está ávida pelos seus ensinamentos<br />
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Apaga a luz – o cenário muda agora é um banquinho e um microfone e uma mesa. Começa o <br />
<br />
2º. ATO<br />
<br />
Entra Chinaski ovacionado: ao terminar os aplausos, com cara de contrariado Chinaski fala desanimado<br />
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- Bom dia! (mais aplausos – pode ser uma gravação de aplausos)<br />
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(Chinaski então vomita homericamente ) deitando-se no chão e contorcendo-se (platéia Ohhh!!!!!!!)<br />
<br />
Levanta-se todo sujo e acabado (silêncio) Olha por longo tempo para os olhos de todos(na platéia) de forma embasbacada e finalmente diz:<br />
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<em><strong>“-Cheguei numa fase da minha vida que vejo que a única coisa que fiz até agora foi fugir, fugir de mim mesmo, do meu nada, e agora não tenho mais para onde ir, nem sei o que vou fazer, fui péssimo em tudo” </strong></em>(silêncio).......<br />
<br />
(A peça pode acabar aqui como uma incógnita ou continuar com o personagem vestindo novamente o personagem com o diálogo abaixo)<br />
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- e você aí na última fileira...tá olhando o quê babaca! Vai encarar? Aliás e aproveitando o ensejo porque Vossas Senhorias não vão tomar nos seus digníssimos cús, bando de filhos-da-puta!!!! Não têm nada melhor para fazer não? <br />
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(derruba o microfone e o banquinho a mesa, abaixa as calças mostra a bunda ONDE ESTÁ ESCRITO FUCK YOU , rebola, vira e saí de cena).<br />
<br />
(APLAUSOS EFUSIVOS – FOGOS DE ARTIFÍCIO – HINO DOS ESTADOS UNIDOS)<br />
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FIM.<br />
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Luiz Tinoco Cabral 11/06/12<br />
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<strong>* os apartes em itálico, negrito entre aspas concomitantemente são frases de autoria de Charles Bukowski e extraídas de seus vários livros. (seria legal um efeito cênico para pautar a peça e ressaltar as citações do restante do texto)</strong><br />
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Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-3119079416924941902012-07-13T12:13:00.002-07:002012-07-13T12:22:26.618-07:00confabulando - a cobra e o velho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRnk6sVg7YjvfAsftruvmPv0rNsM0dcqVrbuxLDo4nBnRyv1RHqc-VibxwnFgXMmb7r-VtrqG5ish5Vj70dN66HhNxShV_pc-bCTOhdio-1FK4bfe2isCovzbdCphTrK9DDCfqNfIVpFj4/s400/Luzdelfuego2a.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img $ca="true" border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRnk6sVg7YjvfAsftruvmPv0rNsM0dcqVrbuxLDo4nBnRyv1RHqc-VibxwnFgXMmb7r-VtrqG5ish5Vj70dN66HhNxShV_pc-bCTOhdio-1FK4bfe2isCovzbdCphTrK9DDCfqNfIVpFj4/s320/Luzdelfuego2a.png" width="248" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">Tem uma estória que é mais ou menos assim:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;"><strong><u>A cobra e o velho</u></strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">Lá vinha a cobra sincera, desprendida, inteligente e desapegada andando pela rua quando deparou-se com um velho safado, sujo, escorregadio, feio e venenoso pedindo esmolas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">- A senhora cobra não teria um <em>“reá”</em> aí pra eu tomar uma cachaça? Tô com uma sede infernal;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">- Ora meu bom senhor, tome água. A cachaça além de fazer mal para o seu fígado não vai saciar a sua sede já que o álcool desidrata o organismo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">- Então me dá um <em>“reá”</em> aí pra eu comer pão. Tô com uma fome <em>du </em>caralho!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">- Prezado Senhor, um pão não possui nutrientes suficientes para saciar a sua fome. O Sr. deveria sim tomar água e comer carne. Carne sim lhe faria bem nesse seu estado deplorável.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">Então o velho, safado sujo, escorregadio, feio e venenoso sem qualquer consideração puxou uma pistola que estava no seu bolso traseiro deu um tiro e matou a cobra sincera, desprendida, inteligente e desapegada levando-a para sua morada embaixo de um viaduto, comendo-a posteriormente e deliciando-se com aquela carne tão tenra e nobre.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: white;"><strong>Moral da estória</strong>: em tempos de canibalismo quando o velho mendigo tem, sede, fome e uma pistola a cobra vira a própria esmola.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">Tem outra estória que é mais ou menos assim:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="background-color: black;"><span style="color: white;"><u>O velho e a cobra</u>:</span></span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">Lá vinha o velho safado, sujo, escorregadio, feio e venenoso andando pela mata quando passou ao seu lado rastejando pela terra uma cobra sincera, desprendida, inteligente e desapegada. A cobra ao ver o velho falou:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">- Por favor não me mate com o seu cajado, posso lhe guiar pela mata, lhe mostrar as belezas da região, locais com muita comida, água potável, flores em abundância, pássaros exóticos, plantações de canabbis a perder de vista e então lhe apresentar os Deuses da floresta e suas fadas e elfos iluminados que lhe trarão paz de espírito e prosperidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black; color: white;">Então o velho safado sujo, escorregadio, feio e venenoso pegou seu cajado e com um só golpe certeiro esmagou a cabeça da cobra sincera, desprendida, inteligente e desapegada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /><span style="color: white;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: white;"><strong>Moral da estória</strong>: A cobra <em>se fudeu</em> de novo!!</span></span></div>
<br />Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-21177164935077441522012-07-10T09:55:00.001-07:002012-07-10T09:59:58.534-07:00Na arte contemporânea vale tudo (ou quase?)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ3Um4iK9bJFUxiQE3FLOPdEOiAORCZI4WLtyrjplEg5efUpPCBRFLlGlTwBD9FtoAOTdIlql5iXmRctVQvMEVHtrKjdKGmIWjMlLuvxjcP4WiG93SvxFkSk4JxTzrWzTEGTX-_z_tBg/s1600/P7010171.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img $ca="true" border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ3Um4iK9bJFUxiQE3FLOPdEOiAORCZI4WLtyrjplEg5efUpPCBRFLlGlTwBD9FtoAOTdIlql5iXmRctVQvMEVHtrKjdKGmIWjMlLuvxjcP4WiG93SvxFkSk4JxTzrWzTEGTX-_z_tBg/s320/P7010171.JPG" width="320" /></a></div>
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<em>Cauê e Tinoco no IFF</em></div>
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<em></em><br />
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Semana passada tivemos uma overdose de arte contemporânea no instrutivo e ilustrado curso ministrado pelo doutor, filósofo, professor e curador Cauê Alves no Instituto Figueiredo Ferraz de Ribeirão Preto. (vide foto acima)</div>
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Iniciamos pelo estudo de Greenberg intitulado “auto-consciência da arte” passando por todos os “ismos” e artistas relevantes até chegar ao fim da história da arte no estudo de Arthur C. Danto (pós-histórico).</div>
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No Brasil passamos pelo movimento Ruptura 1952 que visava claramente romper com os modernistas clássicos, com uma base do movimento concreto, neo-concreto, Tropicália, casa 7, Galerias etc. até chegar no pós-histórico “dantosco” brasileiro dos dias atuais e um olhar mais aprofundado sobre a novíssima geração que com certo alívio não necessita mais contrapor-se a ninguém.</div>
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E o que ficou pelo menos para mim sobre a arte contemporânea atual conceitualmente falando é que o romantismo “já era”. É o fim da utopia. A arte não é mais estilo é IDÉIA acima de tudo. Pode-se fazer tudo e qualquer coisa inclusive utilizar-se do passado que está aí disponível. Vale mais o não pensado que está no interior da obra de arte. A arte é heterogênea, plural e ocupa várias e inimagináveis dimensões. Não é necessário uma base sólida mas uma vaga idéia de liberdade. Vamos provocar o estranhamento, a interrogação, fugir do banal, “se perder” .... “Viver ultrapassa todo entendimento” já dizia Clarice Lispector. </div>
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E é com esse olhar que temos que fazer e enxergar a obra de arte, sem buscar somente e tão somente o entendimento. O olhar como exercício de liberdade e subjetivismo de nossa experiência, nossa vivência própria, exclusiva e única com a obra, com o mundo....</div>
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Resta saber se toda essa liberdade vai levar as artes para um novo patamar criativo ou ao contrário para um esgotamento angustiante. O pós-histórico vai dizer, ou quem sabe o pós-pós-histórico. </div>
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E digo que todos esses conceitos são auto-aplicáveis a literatura contemporânea que não está alheia a esta movimentação libertária sempre e incansavelmente em busca do novo. A comunicação entre os diversos segmentos artísticos é muito salutar e necessária. A ampla liberdade então nem se fala. Arte/poesia, inutilidade/necessidade essa eterna ambigüidade que nos faz calçar os sapatos pela manhã. </div>
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Particularmente e concluindo o momento histórico é bem interessante, basta conhecer e aproveitar. </div>
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E nessa de liberdade total só para ilustrar, descontrair ou avacalhar (como queira) termino este texto citando o narrador esportivo Milton Leite: “QUE BELEZA!”</div>
<br />Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-70548746297315360242012-07-09T12:38:00.000-07:002012-07-09T13:01:02.113-07:00Por que os elefantes têm tromba?<br />
<br />
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<a href="http://2.bp.blogspot.com/-FA-iv8kqMo0/T_olv2TB_DI/AAAAAAABSS0/rlf-uh7tpLM/s1600/tumblr_lxpbx20iJK1qdanvuo1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-FA-iv8kqMo0/T_olv2TB_DI/AAAAAAABSS0/rlf-uh7tpLM/s320/tumblr_lxpbx20iJK1qdanvuo1_500.jpg" width="240" /></a></div>
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<br /></div>
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<b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="color: #eeeeee;">Segundo a
mitologia hindu, os primeiros elefantes do mundo possuíam asas e brincavam com
as nuvens. Mas um dia, um grupo de elefantes pousou nos galhos de uma árvore
debaixo da qual um santo asceta transava com uma linda prostituta indiana. Os
galhos não suportaram o peso dos elefantes e com a inevitável queda o santo conseguiu salvar-se pulando para o lado mas os paquidermes mataram a linda
prostituta indiana instantaneamente. O santo homem ficou tão puto que pediu aos
deuses que tirassem as asas dos elefantes. Dito e feito. Os deuses tiraram as
asas dos elefantes. Desde então eles que eram seres alegres, livres e
brincalhões passaram a trabalhar pesado em circos, zoológicos e filmes de
Bollywood. Com isso foram ficando carrancudos, macambúzios e zangados e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>no lugar das asas criaram uma extensão nasal
cilíndrica e comprida chamada “tromba” que serve para externar a insatisfação
do maior dos animais terrestres contra os seres humanos e os deuses, bem como
para cutucar os ânus de santos ascetas avaros que transam ao ar livre debaixo
de árvores só <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra</i> não pagar motel!<o:p></o:p></span></span></b></div>
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<br /></div>Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-49843455264967025562012-06-26T11:16:00.001-07:002012-07-01T16:03:33.680-07:00Contra a mesmice - Antônio Prata e Cláudio Assis<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://oglobo.globo.com/fotos/2007/05/09/09_MVG_baixio1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" rca="true" src="http://oglobo.globo.com/fotos/2007/05/09/09_MVG_baixio1.jpg" width="250" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<em>foto da Bela Dira Paes do filme "Baixio das Bestas" - Cláudio Assis</em></div>
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<br /></div>
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Quem é que disse que não tem mais sangue novo, transgressão e coerência<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nas artes em geral?(...) Pois <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>deveria ler o ótimo artigo do Antônio Prata<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Autocontrole” onde ele escreve de forma clara e precisa: “que época bunda-mole a nossa! Elegemos como principal virtude justo a mais medíocre: o auto-controle.” Depois emenda que o Super-homem hoje não seria valorizado pelas marcas deixadas na história “mas pelo extrato da conta bancária e pela taxa de colesterol”(...) “o prazer e a poesia são drenados a cada dia pelos ralos da eficiência”. Triste realidade mas uma feliz constatação deste ótimo cronista.. Mas nem tudo é assim não caro “Pratinha”. Ainda existe vida inteligente na terra o que observo com a também precisa e necessária entrevista concedida por Cláudio “Baixio das Bestas” Assis onde este<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com toda a sua concisão nos diz que: “O cinema brasileiro é careta e precisa de atitude. Eu não devo nada a ninguém. Nasci nu e estou vestido. A grande maioria do povo gostaria de fazer e não pode. Quem faz é um bando de filhos da puta”. E questionado sobre o interesse em “se dar bem” fala : “Não, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">eu quero defender o direito de errar. Arte não é certinha, feita no computador. Por que o filme não pode ser errado?</b> Hoje é tudo enquadrado. Lula visita Maluf, o que é isso porra?”. Tais arroubos me levam a ter um alento, uma esperança nesta geração tão massacrada acreditando que o espírito anárquico e contestador do Glauber Rocha ainda está no ar e que tanto o cronista como o cineasta estão “antenados” contra a mesmice acomodada e reinante.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É verdade Antônio....é verdade Cláudio...hoje em dia<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>manter-se íntegro é uma guerra. Mas alguém tem que peitar não é? Parabéns e vida longa aos meninos.</div>Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-436644172328734323.post-84885588846033328232012-06-12T11:45:00.000-07:002012-06-12T11:49:13.001-07:00Irvine Welsh - cultura por osmose<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.bbc.co.uk/radioscotland/dayslikethis/images/celebrities/irvine_welsh_bw.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fba="true" height="301" src="http://www.bbc.co.uk/radioscotland/dayslikethis/images/celebrities/irvine_welsh_bw.jpg" width="320" /></a></div>
Leio na Ilustrada de 11 de junho uma entrevista com Irvine Welsh, autor do celebrado “Trainspotting” que está lançando agora o livro de contos “Requentando Repolhos”. O entrevistador Fábio Victor dá um tom de “déjà vu” na obra do cara, que diz que é isto mesmo, tem predileção pelos mesmos temas. Mas a frase melhor foi quando respondeu sobre o que gosta de ler ou ouvir: “Na era do iTunes e da Amazon, a idéia de gostar de algo é secundário. Não consumimos cultura porque gostamos, mas porque está lá”. Será possível? Ainda outro dia estávamos discutindo isso. Que o papel da arte se inverteu. O escritor e dramaturgo Roberto Alvim com o seu teatro do trans-humano quer que o espectador tenha uma experiência alheia ao gostar ou deixar de gostar da peça logo na saída do teatro. Prefere um lapso de memória no espectador logo após a encenação. Uma experiência ímpar momentânea e só, sem maiores conseqüências ou lembranças. O objetivo pelo visto é despertar algo no inconsciente...ou não, tanto faz. Mas será que a arte é só isso? Será que o nosso gostar ou não gostar é tão dispensável assim? Já Welsh propõe a cultura por osmose ou seja a tecnologia coloca a obra na sua mão e você consome como pipoca. Diante desse ponto de vista desnecessária a crítica literária ou musical. A porcaria está lá então vamos consumir. A pérola também está lá então vamos consumir. Gostar ou não gostar é dispensável. Pode mais quem pode mais. Partindo dessa premissa a liberdade é total, sendo uma verdadeira perda de tempo ficar aqui escolhendo palavras e tentando um diálogo com você. É.....você mesmo que está me lendo agora! Minto. Não acredito nessa baboseira toda. Irvin Welsh está rico, casou novamente, mudou para Miami, não tem mais saco para ficar dando entrevistas e apresentando de mão-beijada suas predileções. Roberto Alvin quer os holofotes, quer criar algo novo, quer aparecer pela transgressão, pela subversão, pela ruptura. Louvável como atitude, como aproximação do teatro às artes plásticas, ao abstracionismo, mas execrável para o saco do coitado do espectador, que numa obra de arte quer estética, mensagem e entretenimento, tudo ao mesmo tempo agora. O espectador quer pensar, entender a seu modo, apropriar-se conscientemente da obra, trazer para a sua vida e participar. De minha parte como leitor e espectador não vou resistir a um trocadilho: os malucos que me perdoem mas gostar é fundamental.<br />
<br />Luiz Tinoco Cabralhttp://www.blogger.com/profile/01225642066181446795noreply@blogger.com0