sexta-feira, 16 de outubro de 2015

ARIANE LOIRA

Conheci Ariane  numa reunião dos alcoólicos anônimos em Ribeirão Preto. Ela era tão linda que não combinava com as paredes gastas da sala decadente do antigo casarão na zona central da cidade. Digamos assim que ela era uma Pietá de Michelangelo ao lado da privada de Duchamp. Loira falsa a esconder uma mata escura e tesuda no meio das pernas. Olhos verdes, seios fartos e duros, cintura de bailarina....enfim uma puta de uma gostosona, uma mistura de Babi Xavier com a bunda da Sheila Melo. De babar baby!

A reunião começou e um Senhor velho e barbudo começou a dizer o óbvio, que estávamos no lugar certo e que o único requisito para se tornar um membro era o desejo de parar de beber etcetera, etcetera, e eu olhava para a boca carnuda daquela mulher e sentia um desejo incontrolável de tomar um porre para curar toda a minha impotência em conversar com aquela musa e puxar seu braço e leva-la para o bar da esquina da General Osório com a Alvarez Cabral.

A reunião entediante e enfadonha  caminhou para os depoimentos. O velho barbudo deixou todos a vontade para o primeiro relato. Foi quando para espanto geral ela pediu a palavra e com voz embargada começou a falar.

- Me chamo Ariane, nasci em Ribeirão Preto a exatos 22 anos atrás; mas bebo desde os 14 anos quando por incentivo do meu primo Rodrigo numa noite longínqua de Natal em família na casa de Vovó tomei logo de cara uma garrafa de uísque para curar minha inibição e trauma de uma adolescência infeliz. Desmaiei na sala, minha avó chorou muito minha tia Elza foi embora desolada e meu primo Rodrigo na época com 24 anos me levou para o Hospital São Paulo. Tomei uma dose de glicose na veia e depois Rodrigo me levou para a sua casa(ele era estudante de medicina e morava sozinho) ligou para os meus pais e disse que eu estava bem mas que era melhor eu passar a noite lá...no quarto de hóspedes. Autorização concedida Rodrigo veio com uma conversa mole que eu precisava tirar a roupa para melhorar e começou a fazer uma massagem na minha bunda, e de repente socou dois dedos na minha bucetinha virgem, me deixando toda molhadinha. Eu estava achando tudo ótimo afinal Rodrigo era meu primo mais bonito, mais educado e o xodozinho da vovó. Todos adoravam o Rodrigo!. Quando ele me disse que  sempre teve uma quedinha por mim fui da adolescência infeliz para as nuvens em um átimo de segundo. Bem...logo depois ele se despiu e pude ver aquele pinto enorme e teso, vinte e quatro centímetros de alegria e eu no auge dos meus quatorze anos só tive uma reação espontânea. Cai de boca naquele pirulitão. E chupava, chupava como aquela matrona velha fazia naquele filme super-8 que roubei do porão da vovó. O filha-da-puta do Rodrigo começou a gemer e falou que assim não agüentava e ejaculou com gosto dentro da minha boca. Depois disso o filha-da-puta abriu outra garrafa de uísque e bebemos mais...e fumei maconha pela primeira vez e Rodrigo me perguntou se eu estava preparada.....e eu ingênua falei para quê. E ele me disse que precisava estourar aquela coisinha rosinha  que atrapalhava o meu xixizinho. Disse que não....que tinha medo.....mas no fundo estava louca para que tudo finalmente acontecesse e fui entre beijos molhados cedendo....cedendo....e ele introduziu o pirulitão com toda força no buraquinho do xixizinho e eu senti um dor imensa e cravei minhas unhas várias vezes em suas costas e ele sequer se importou e continuou na cadência, no compasso, subindo e descendo subindo e descendo do útero aos pequenos lábios de minha xoxota. E a dor foi se dissipando e a dor transformou-se em prazer e o prazer transformou-se em êxtase com muita porra, mijo, água e sangue....muito sangue que saia de minha vagina e das costas de Rodrigo. Enfim uma loucura total, uma noite inesquecível....eram tantas novidades, meu primeiro porre, a maconha, inclusive a primeira vez que gozei de verdade sentindo aquele estremecimento que vai da ponta dos dedos do pé ao último fio de cabelo.

Os oito membros da reunião, eu e mais o cara barbudo(todos homens) simplesmente não emitimos sequer um único comentário. Seria isso sim uma loucura total um disparate, um despropósito. Foi quando eu que não estava suportando a conversa do barbudo pude ver que ele tinha um bom senso fora do comum quando disse “– Prossiga minha filha, não se acanhe, fique a vontade!”

-Sério, estou meio sem graça de falar essas coisa tão íntimas para estranhos!!!!!

“- Não,,,,aqui todos somos irmãos, e tudo será perdoado e esquecido. Prossiga!”

- Bem, nem preciso dizer que o Rodrigo, aquele filha-da-puta , me levou para casa no dia seguinte com a maior cara de santo, me entregou para papai, beijou no rostinho de mamãe com ares de salvador da pátria, o bom samaritano, e cinicamente me deixou a ver navios e com esse puta tesão por ele até hoje. Casou com uma matrona mais gorda que a velha do porão da vovó, e nunca mais quis me comer por mais que eu implorasse. O babaca dizia que tudo foi um erro, que eu era sua prima....Covarde! Covarde! Uma bichona velha recalcada é isso que ele é.

Eu que já estava totalmente enfeitiçado por Ariane não pude discordar nem um minuto de seu discurso tão convincente. Esse Rodrigo era uma besta quadrada mesmo!
E ela continuou....

- Pois é se tem um provérbio que realmente é verdadeiro é aquele....não me lembro muito bem....algo que diz que a primeira vez a gente nunca esquece. Desde então tenho procurado algo parecido por aí. E minha cabeçinha associa sexo, a bebida a maconha a gozo e só com essa combinação é que consigo gozar plenamente e satisfazer o meu desejo sexual que encontra-se numa crescente incontrolável. O duro é que bebo muito, dou vexames homéricos e fico totalmente envergonhada....preciso me controlar....essa combinação toda tem me feito muito mal, minhas ressacas são faraônicas, vomito pra caramba...isso tem que acabar e por isso é que estou aqui.

- Ontem mesmo chamei um amigo de bebedeiras, o Afonso e fomos numa casa de swing...vocês sabem né? Aqueles bailinhos de sacanagem em que os casais liberam as mulheres e outras coisinhas mais! Pois é! Fingimos que éramos casados, eu e o Afonso, compramos até uma aliança fajuta pra incrementar a fantasia. Chegando na Chácara que fica a alguns kilometros aqui da cidade logo fomo recepcionados por ela a Lady Francisca. A rainha do swing local e seu marido Clóvis Belanowski, casalzinho bem suspeito... que de cara já foram servindo um “Black Label” com muito gelo o que nos deixou muito a vontade aliviando as suspeições.

Papo vem papo vai, black vem, label vem também, fomos para o andar superior onde existia uma cama enorme com vários casais na maior felação;

Entramos de cabeça e o resto também...bom...mas realmente estou muito sem graça de contar isso!

Então gritei: - PROSSIGA! (Silêncio) – todos olhando para mim.

- Desculpa chefinho só estava querendo ajudar.


E ela prosseguiu com estórias fantásticas do arco da velha e dos arcos das novas, uma mistura de relatos de Anais Nin com Hilda Hist. Ela tinha classe. Seu relato era fascinante e eu, bem...eu me apaixonei.

Pra finalizar a sessão  o  Sr. velho e  barbudo falou qualquer coisa motivadora e batida, algo assim:

- “A única pessoa que pode dizer que tem problema é ela mesma. Ninguém pode decidir por ela Saibam  que estaremos sempre aqui, prestes a ajudar a evitar o primeiro gole”

Desta feita fiquei pensando nos meus problemas e nos problemas de Ariane, no Black Label, no Pingüim, Lady Francisca e o primo Rodrigo sendo que neste exato e breve momento de distração ela saiu pela porta e desapareceu na noite. Pude ver um táxi escuro subindo à Rua Cerqueira César e virando à Rua Campos Sales.

Em vão subi na minha moto e percorri desesperadamente o trajeto inteiro várias vezes e terminei a noite tomando um porre na Choperia Colorado para afogar à frustração e dormindo abraçado na privada de Duchamp  para não vomitar no chão de casa.

Já é a qüinquagésima reunião do alcoólicos anônimos  que vou e ela nunca mais apareceu. Desolação profunda. Continuo bebendo com freqüência, dando vexames com assiduidade  e posse dizer sem nenhum constrangimento. Entrei no A. A. com um problema. Agora tenho dois.

A. A. para mim só tem um significado: Álcool e Ariane. 


         texto de LUIZ TINOCO CABRAL - todos os direitos reservados