Hilda,
Li o seu livro "Contos D’Escárnio, onde as estranhas experiências sexuais de Crasso e sua aguçada crítica ao comportamento de suas amantes e amadas e a si próprio, tornam-se uma crítica generalizada para toda classe artística, aos leitores, ao próprio autor(você se questionando) e a toda sociedade.
Você tenta educar o leitor desesperadamente, usa o seu personagem ou seus personagens para desfraldar uma série de ataques à pobreza da literatura nacional e porque não de toda cultura impregnada de mesmice. Seu cinismo perante essa situação é mortal, irônica até o fim do túnel, retratando um País no fim do poço.
Seus contos com tema erótico/pornográfico, talvez um meio termo entre os dois, revelam uma beleza plástica literária jamais imaginada nos livros do gênero. "Avis rara".
O vocabulário vastíssimo é exemplo de respeito e admiração pela língua portuguesa, ficando muito distante do rebuscamento desnecessário, revelando uma riqueza pouquíssimo explorada, tão importante para uma comunicação diferenciada, estudada e de alto nível, para um leitor(em geral) tão mal acostumado e acomodado buscando a simplificação.
Você quebra tabus, demonstra uma visão aberta, banalizando e desnudando tudo aquilo que vivemos tentando esconder; esse lado animal, não civilizado – o sexo em conflito com o intelecto – a busca e a não busca de explicações para o inexplicável, o homem inserido no contexto natural, impulsivo, a magia do ser humano e tudo o que lhe cerca. O mistério.
Assim também me senti ao ler "Cartas de um Sedutor", impressionado com a qualidade do seu texto...tanta riqueza...tanto humor refinado neste País tão pobre, sem referências e sem graça.
Espero poder "cruzar" mais vezes com pelo menos alguns de seus 28 livros e com os novos que ainda virão e muito obrigado por me iluminar um pouco.
Mil beijos de admiração
Tinoco (13/01/93)
Depois de um mês estou deitado na sala lendo Machado de Assis e recebo um telefonema, 10:00 da manhã; minha mãe me chama. "telefone para você – Hilda Hilst" (Uau!)
Meu coração foi a mil – ligou para agradecer o carinho de minhas palavras e pedir para que eu reza-se por ela. Estava passando por dificuldades financeiras, em vias de fechar um negócio(venda de uma fazenda ou sei lá!) e estava um tanto apreensiva, diria até carente, precisando de uma palavra amiga.
Acho que dei-lhe a palavra amiga, ou balbuciei qualquer coisa típica de um garotinho assustado com a situação inusitada.
Me deixou seu telefone e abriu as portas de sua casa , colocou-se a disposição para receber doações. Qualquer garrafa de vinho ou caixa de Whisky seria bem vinda! Deixou bem claro (eh! eh! eh!).
Salve Hilda!
Li o seu livro "Contos D’Escárnio, onde as estranhas experiências sexuais de Crasso e sua aguçada crítica ao comportamento de suas amantes e amadas e a si próprio, tornam-se uma crítica generalizada para toda classe artística, aos leitores, ao próprio autor(você se questionando) e a toda sociedade.
Você tenta educar o leitor desesperadamente, usa o seu personagem ou seus personagens para desfraldar uma série de ataques à pobreza da literatura nacional e porque não de toda cultura impregnada de mesmice. Seu cinismo perante essa situação é mortal, irônica até o fim do túnel, retratando um País no fim do poço.
Seus contos com tema erótico/pornográfico, talvez um meio termo entre os dois, revelam uma beleza plástica literária jamais imaginada nos livros do gênero. "Avis rara".
O vocabulário vastíssimo é exemplo de respeito e admiração pela língua portuguesa, ficando muito distante do rebuscamento desnecessário, revelando uma riqueza pouquíssimo explorada, tão importante para uma comunicação diferenciada, estudada e de alto nível, para um leitor(em geral) tão mal acostumado e acomodado buscando a simplificação.
Você quebra tabus, demonstra uma visão aberta, banalizando e desnudando tudo aquilo que vivemos tentando esconder; esse lado animal, não civilizado – o sexo em conflito com o intelecto – a busca e a não busca de explicações para o inexplicável, o homem inserido no contexto natural, impulsivo, a magia do ser humano e tudo o que lhe cerca. O mistério.
Assim também me senti ao ler "Cartas de um Sedutor", impressionado com a qualidade do seu texto...tanta riqueza...tanto humor refinado neste País tão pobre, sem referências e sem graça.
Espero poder "cruzar" mais vezes com pelo menos alguns de seus 28 livros e com os novos que ainda virão e muito obrigado por me iluminar um pouco.
Mil beijos de admiração
Tinoco (13/01/93)
Depois de um mês estou deitado na sala lendo Machado de Assis e recebo um telefonema, 10:00 da manhã; minha mãe me chama. "telefone para você – Hilda Hilst" (Uau!)
Meu coração foi a mil – ligou para agradecer o carinho de minhas palavras e pedir para que eu reza-se por ela. Estava passando por dificuldades financeiras, em vias de fechar um negócio(venda de uma fazenda ou sei lá!) e estava um tanto apreensiva, diria até carente, precisando de uma palavra amiga.
Acho que dei-lhe a palavra amiga, ou balbuciei qualquer coisa típica de um garotinho assustado com a situação inusitada.
Me deixou seu telefone e abriu as portas de sua casa , colocou-se a disposição para receber doações. Qualquer garrafa de vinho ou caixa de Whisky seria bem vinda! Deixou bem claro (eh! eh! eh!).
Salve Hilda!
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