Antes de começar esta crônica esclareço que sou primo do diretor! O que significa que o conheço desde os tempos em que fazia filmes experimentais com a família na Fazenda Santa Helena com sua Super-8 e me proibia(aos 12 anos) de entrar no set/quarto de hóspedes da Vovó quando estava filmando "As Taras de Todos Nós". Não sei porquê??
Então fui a convite da Tia Dida na Avant Premiére em Ribeirão Preto do filme "Onde Andará Dulce Veiga?", dele, Guilherme de Almeida Prado.
Chega o tão esperado dia.
Cinemark, Sala 8, sentei mais no fundo; mãe do Guilherme atrás, outra tia na frente, pai e mãe do lado, prima do outro e mais uma infinidade de parentes e amigos!!!!
Constrangedor não? "-E se o filme não for bom?...." "E se eu não entender nada?"...Já estava ensaiando às caras e bocas e a falsidade para o acender das luzes após à exibição. Para um cara tímido como eu esta é uma das piores situações. Saia justa pura!
Guilherme dá uma pequena palestra antes do filme. As explicações não ajudam, aliás me colocam mais uma vez na defensiva! Ensaio em silêncio os comentários vagos e imprecisos para serem dados com cara de patso na saída.
Para piorar Guilherme nos diz exatamente o que eu não queria ouvir. Que o filme quebra todas as regras cinematográficas e paradigmas e que apresenta nove finais; filme para se ver várias vezes.. "vários filmes no mesmo filme..."(????) - Meu Deus!!!! esta introdução toda para mim só tem uma explicação: FILME CABEÇA! urgh! bleargh!!!!
Apagam-se as luzes.(Guilherme sentado no chão) A primeira cena nos apresenta um quarto surrealista com pinturas do rosto pop de Che, uns esboços de Picasso na parede, algumas repetições de imagem "a la" Andy Warhol! O personagem de Eriberto Leão tem uma discussão repetida e enfática com a personagem de Julia Lemertz e sai voando pela janela que a cada momento nos apresenta uma paisagem diferente! Uau....Julio Cortázar puro! Realismo mágico....Ai Ai Ai... Meu Deus!!! Será que esta loucura toda vai se sustentar????
E por incrível que pareça a coisa toda em seu contexto flui bem. MUITO BEM!!!!
A união dos amigos, do ótimo texto de Caio Fernando Abreu com o ótimo e experiente cineasta Guilherme de Almeida Prado é uma das mais felizes dos últimos tempos. Como Batman e Robin, Stanley e Hardy, Jonathan e Jennifer Hart...
A história criada por Caio sobre o desaparecimento de uma atriz nos anos sessenta e sua busca por um jornalista/detetive têm toda uma relação com o cinema meio retrô e noir de Guilherme, que não dispensa eu suas cenas as antigas máquinas de escrever, discos de vinil, delegacias fétidas, toca-fitas, pianistas desiludidos em bares neon, personagens ambíguos e de sexualidade dúbia, vestidos longos e verdes e as fachadas reluzentes dos bares de outrora.
Guilherme também não dispensa trabalhar com quem gosta! Matilde Mastrangi, Maitê Proença, Christiane Torloni(impagável); Nuno Leal Maia(fazendo o único papel em que fica bem!); dentre outros....
E cada cena é uma aula de cinema...cada beco escuro revela uma surpresa, um monge, um abajur, um tecido, um beijo estranho, uma peruca, uma música....
A música é um caso a parte. Bem tratada, assim como o som ambiente do filme! Até a Carolina Dieckmann canta!??? - e escapa do ridículo(o mesmo não posso dizer de Eriberto Leão!)
Enfim o tempo passa...passa bem e no final no acender das luzes ouço palmas sinceras e só me resta escolher meu final predileto(do guarda-chuva de Jacques Démy) dar os parabéns sem nenhuma falsidade para o Guilo e um comentário agradável para a Tia Dida. (Graças aos céus!!!)
Sem dúvida uma ótima noite!!!!!
Saimos rindo e falando que o Guilo quer ganhar dinheiro! Essa história de fazer filme para ser assistido várias vezes....
Acho que meu primo sonhador até que enfim foi tocado pelo Rei Midas!
Deus queira! Ele merece.
Então fui a convite da Tia Dida na Avant Premiére em Ribeirão Preto do filme "Onde Andará Dulce Veiga?", dele, Guilherme de Almeida Prado.
Chega o tão esperado dia.
Cinemark, Sala 8, sentei mais no fundo; mãe do Guilherme atrás, outra tia na frente, pai e mãe do lado, prima do outro e mais uma infinidade de parentes e amigos!!!!
Constrangedor não? "-E se o filme não for bom?...." "E se eu não entender nada?"...Já estava ensaiando às caras e bocas e a falsidade para o acender das luzes após à exibição. Para um cara tímido como eu esta é uma das piores situações. Saia justa pura!
Guilherme dá uma pequena palestra antes do filme. As explicações não ajudam, aliás me colocam mais uma vez na defensiva! Ensaio em silêncio os comentários vagos e imprecisos para serem dados com cara de patso na saída.
Para piorar Guilherme nos diz exatamente o que eu não queria ouvir. Que o filme quebra todas as regras cinematográficas e paradigmas e que apresenta nove finais; filme para se ver várias vezes.. "vários filmes no mesmo filme..."(????) - Meu Deus!!!! esta introdução toda para mim só tem uma explicação: FILME CABEÇA! urgh! bleargh!!!!
Apagam-se as luzes.(Guilherme sentado no chão) A primeira cena nos apresenta um quarto surrealista com pinturas do rosto pop de Che, uns esboços de Picasso na parede, algumas repetições de imagem "a la" Andy Warhol! O personagem de Eriberto Leão tem uma discussão repetida e enfática com a personagem de Julia Lemertz e sai voando pela janela que a cada momento nos apresenta uma paisagem diferente! Uau....Julio Cortázar puro! Realismo mágico....Ai Ai Ai... Meu Deus!!! Será que esta loucura toda vai se sustentar????
E por incrível que pareça a coisa toda em seu contexto flui bem. MUITO BEM!!!!
A união dos amigos, do ótimo texto de Caio Fernando Abreu com o ótimo e experiente cineasta Guilherme de Almeida Prado é uma das mais felizes dos últimos tempos. Como Batman e Robin, Stanley e Hardy, Jonathan e Jennifer Hart...
A história criada por Caio sobre o desaparecimento de uma atriz nos anos sessenta e sua busca por um jornalista/detetive têm toda uma relação com o cinema meio retrô e noir de Guilherme, que não dispensa eu suas cenas as antigas máquinas de escrever, discos de vinil, delegacias fétidas, toca-fitas, pianistas desiludidos em bares neon, personagens ambíguos e de sexualidade dúbia, vestidos longos e verdes e as fachadas reluzentes dos bares de outrora.
Guilherme também não dispensa trabalhar com quem gosta! Matilde Mastrangi, Maitê Proença, Christiane Torloni(impagável); Nuno Leal Maia(fazendo o único papel em que fica bem!); dentre outros....
E cada cena é uma aula de cinema...cada beco escuro revela uma surpresa, um monge, um abajur, um tecido, um beijo estranho, uma peruca, uma música....
A música é um caso a parte. Bem tratada, assim como o som ambiente do filme! Até a Carolina Dieckmann canta!??? - e escapa do ridículo(o mesmo não posso dizer de Eriberto Leão!)
Enfim o tempo passa...passa bem e no final no acender das luzes ouço palmas sinceras e só me resta escolher meu final predileto(do guarda-chuva de Jacques Démy) dar os parabéns sem nenhuma falsidade para o Guilo e um comentário agradável para a Tia Dida. (Graças aos céus!!!)
Sem dúvida uma ótima noite!!!!!
Saimos rindo e falando que o Guilo quer ganhar dinheiro! Essa história de fazer filme para ser assistido várias vezes....
Acho que meu primo sonhador até que enfim foi tocado pelo Rei Midas!
Deus queira! Ele merece.
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