Nós sempre buscamos o popular, o anti-acadêmico neste embate constante contra aos textos chatos da vida. Já fiz oficinas, já li livros de auto-ajuda e foi com grande surpresa que li este pequeno livro “de uma sentada”, que talvez tenha servido mais do que algumas oficinas literárias que participei. Paulo Polzonoff Jr com seu “guia de anti-ajuda para literatos” acaba ajudando muito. Mais vale um sarcasmo na veia do que mil boas intenções placebentas. E nesse espírito nos deparamos com este texto desabafo, esta anti-tese com muito humor, onde o tesão do Roberto Freire fala mais alto do que o tesão dos “doutores” da Usp. Dentre as dicas para pretensos escritores(como eu) temos em suma(mesmo sabendo que Polzonoff Jr. detesta “em suma”): “escrever não é uma atividade lúdica”, necessário afastar “o mito da musa”, muita tentativa e erro, de preferência longe de alucinógenos diversos, longe de ambições pretensiosas e de erros crassos como a narração em primeira pessoa descarada “ninguém quer saber da sua vida” tacanha e medíocre, “escrever é criar um mundo exterior a realidade”; fuga obstinada do lugar-comum(o narrador que cai do céu, reencarnação e, o livro “epistolar” e o “livro-diário” são mesmo de amargar!); assim como o hermetismo e escatologias, falta de pontuação e não-linearidade( em artifícios gratuitos).
O escritor/leitor/crítico ainda dá umas dicas quanto a utilização nefasta da mesóclise, latinismos, “método pelo método”, simplificação demasiada do texto (“a ejaculação precoce literária”), em suma “se você não tem nada para dizer e acha que pode escrever nada e ainda ser aplaudido” por favor desista!!!! Pelo amor de Deus!!!
Sem contar os vernizes, discursos, influências, apêndices, prefácios, foto, capa, noite de autógrafos, relação com a crítica etc...ufa!!! Realmente. Para que ser escritor??? Essa é a pergunta final do livro. Algumas respostas dos antigos e verdadeiros escritores : Ambição de imortalidade....ser o melhor...ser respeitado...
Não sei...assim como Polzonoff conclui que não tem certeza de nada, muito embora tenha suas convicções muito bem abalizadas com a minha concordância quase irrestrita, tenho lá minhas dúvidas. Acredito ainda que as pessoas escrevam para superar exatamente aquilo tudo que ele demonstra com perfeição “quase” acadêmica. A banalidade, a mediocridade e a falta de sentido da existência, sendo que na maioria dos casos a empreitada torna-se uma real “missão impossível” por vários aspectos muito bem sugestionados mas principalmente por aquele que considero o primordial – falta de cultura, leitura dos clássicos, estudo, etc.
Em suma com este belíssimo ensaio e sua “sincera sugestão” Polzonoff não conseguiu desmontar o pretenso escritor aqui. Muito pelo contrário, é deste tipo de debate com clareza que necessitamos.
E ponto final. Ahhhhh gozei precocemente. Maldito ponto final. Eu não resisto!
ps – o livro “O Cabotino” pode ser adquirido gratuitamente no formato e-book no site : http://www.osviralata.com.br/
ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?
Há uma semana
Um comentário:
Parabéns! Se não me engano você pertence agora ao clube dos quarentões.
Feliz aniversário!
Presente para você que tanto lê:
http://migre.me/gtA
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