Por coincidência estive em um Velório hoje. Enquanto o coveiro desempenhava seu mister, fiquei observando os contratastes entre a triste situação da morte e o dia lindo e ensolarado. Ao fundo podia-se ouvir os sons de uma festa infantil com muita música. Mais ao fundo ouvia-se uma partida de futebol. Duas crianças imundas trocavam figurinhas encostadas em um túmulo alheio. Duas senhoras em tom jocoso, discutiam qual delas seria a próxima vítima.
Enfim, todo velório tem um pouco de insólito, e é desse universo que Jorge Amado se apropria com o humor que lhe é peculiar para criticar a burguesia, a hipocrisia e exaltar, pasmem, A VIDA.
Com um tom realista fantástico a la Garcia Marques, esse pequeno conto é considerado por vários críticos como uma pequena obra-prima.
Acompanhamos a vida de Joaquim Soares da Cunha, pacato cidadão, homem probo e sua súbita transformação nos dez últimos anos de existência em Quincas Berro Dágua, bêbado errante, maltrapilho,rei da marginália e das putas e vagabundos de plantão no Pelourinho.
Morreu feliz na vagabundagem, mas os parentes o obrigaram a vestir terno e gravata no caixão e cumprir os rituais fúnebres, as exéquias.
Tudo em vão. A rebeldia de um sorriso sarcástico prevaleceu. Num momento de total desprezo e descuido dos parentes, na calada da noite, seus verdadeiros amigos começam a desnudar o cadáver, levando-o ao verdadeiro cerimonial, ao cerimonial da alegria baiana, um morte feliz, bebendo cachaça ao lado de sua amante, perambulando pelas ladeiras e sendo "enterrado" no mar.
Segundo um trovador do Mercado, passou-se assim:
"No meio da confusão
ouviu-se Quincas dizer:
"- Me enterro como entender
na hora que resolver.
Podem guardar seu caixão
pra melhor ocasião.
Não vou deixar me prender em cova rasa no chão"
E foi impossível saber
o resto de sua oração" J.A. Rio, abril de 1959
Concluindo. Fico sem palavras! Simples como a vida deveria ser(e a morte também), fruto da sabedoria popular e em decorrência fantástico! Grande sacada!
Vou dormir melhor essa noite. São os raros momentos únicos...
Enfim, todo velório tem um pouco de insólito, e é desse universo que Jorge Amado se apropria com o humor que lhe é peculiar para criticar a burguesia, a hipocrisia e exaltar, pasmem, A VIDA.
Com um tom realista fantástico a la Garcia Marques, esse pequeno conto é considerado por vários críticos como uma pequena obra-prima.
Acompanhamos a vida de Joaquim Soares da Cunha, pacato cidadão, homem probo e sua súbita transformação nos dez últimos anos de existência em Quincas Berro Dágua, bêbado errante, maltrapilho,rei da marginália e das putas e vagabundos de plantão no Pelourinho.
Morreu feliz na vagabundagem, mas os parentes o obrigaram a vestir terno e gravata no caixão e cumprir os rituais fúnebres, as exéquias.
Tudo em vão. A rebeldia de um sorriso sarcástico prevaleceu. Num momento de total desprezo e descuido dos parentes, na calada da noite, seus verdadeiros amigos começam a desnudar o cadáver, levando-o ao verdadeiro cerimonial, ao cerimonial da alegria baiana, um morte feliz, bebendo cachaça ao lado de sua amante, perambulando pelas ladeiras e sendo "enterrado" no mar.
Segundo um trovador do Mercado, passou-se assim:
"No meio da confusão
ouviu-se Quincas dizer:
"- Me enterro como entender
na hora que resolver.
Podem guardar seu caixão
pra melhor ocasião.
Não vou deixar me prender em cova rasa no chão"
E foi impossível saber
o resto de sua oração" J.A. Rio, abril de 1959
Concluindo. Fico sem palavras! Simples como a vida deveria ser(e a morte também), fruto da sabedoria popular e em decorrência fantástico! Grande sacada!
Vou dormir melhor essa noite. São os raros momentos únicos...
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