sábado, 28 de março de 2009

Tezza - O Filho Eterno



auto-retrato


“Meus heróis morreram de overdose. Meus inimigos estão no poder....” não tem frase mais profética e arrepiante do que este deslumbramento de Cazuza. Mentira. Quando vemos um cara saindo do nada, sem qualquer projeção ou “importância” política, escrevendo um livro sobre o seu filho especial, e arrebatando todos os prêmios literários, passamos acreditar que a vida vale a pena, ou melhor que a arte ainda tem algum sentido para a espécie humana. Pois é, trata-se de mais um livrinho como todos os livrinhos apressadinhos e de espasmos da geração atual. PORÉM COM CONTEÚDO. Conteúdo humano verdadeiro. E da verdade o homem comum não consegue escapar. Cristóvão Tezza nos mostra algo simples porém raro: um homem sem máscaras nos dias atuais. Ademais sei lá se estou falando sobre o livro do Tezza ou da hipocrisia. Mas em realidade observo que os prêmios vieram porquanto todos os “catedráticos” estão fartos de pessoas pasteurizadas e “verdades” mal dormidas. Louco eu? Talvez. Voltemos ao livro. Narração em primeira pessoa de um período da vida do autor que entre o nascimento do seu filho com problemas mentais, entre a luta por sobrevivência de um literato, entre aulas sacais, livros nunca lidos e exílios sem grana observamos a transformação, a redenção e a descoberta da flor de lótus que nasce do lodo e da escuridão, sem escapismos fáceis, sem fuga. Deu portanto no que deu. Como gostaria de escrever com toda esta sinceridade, sem me esconder atrás de palavras, de sentimentos, de bobagens e vaidades. O livro não é fácil, o tema é bem pesado, diga-se. Porém compensa todo o receio inicial e o refugo ante a capa vermelha com letras brancas . Voz nova nas letras tupiniquins. Vida longa a Cristóvão que em recente entrevista disse que agora (com a grana que recebeu) vai viver exclusivamente da literatura. Sinceramente vai morrer de fome! No entanto vai morrer feliz. Cada vez mais entendo que não existe felicidade maior do que fazer o que se quer sem receios, sem intenções dúbias(escrever em esconderijos). Louco eu? Talvez...

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