quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

barba e bigode


"é preciso ter caos e frenesi dentro de si para dar à luz a uma estrela dançante"



Um debate cruel entre o "barba" Breuer e o "bigode" Nietzsche, nos leva a um "eterno retorno" àquele mundo fantástico do início do século passado. Viena.
O livro nos mostra um encontro fictício entre o grande médico e o grande filósofo, o primeiro tentando curar uma enxaqueca e o estresse do outro/ o outro tentando curar a angústia do primeiro; ambos com tormentas existenciais oriundas do âmago, das entranhas mais obscuras daquele ser ininteligível chamado "mulher".
Bertha Pappenhein e Lou Salomé destroem todo o machismo enrustido de uma época, mesmo aquele arraigado e forte do filósofo do ano 2000. Prêmio de melhor coadjuvantes para elas!!!!
Basta um passeio pela internet para ver várias críticas favoráveis ao livro , maior expoente da nova literatura. A literatura de idéias! Uma delícia sem dúvida! Quem não gostaria de ver um debate, mormente um sobre as questões mais íntimas de dois dos maiores pensadores da humanidade, com amigos ilustres como Freud, Reike, Wagner etc!
No meu caso é sintomática a associação entre os problemas existenciais de um homem de 40 anos(Breuer), cansado da vida cheia de imposturas e buscando uma nova vida, mas com medo e impotência natural proveniente do passar dos anos.
"minhas metas foram imposturas: jamais foram o verdadeiro destino do rapaz infinitamente promissor."
"Chegar aos quarenta abalou a idéia de que tudo me era possível. Subitamente, entendi o fato mais óbvio da vida: que o tempo é irreversível, que minha vida estava se consumindo"
E é assaz satisfatório, ver que o anti-cristo também é humano, "demasiadamente humano"; que o homem de ferro também tem coração. Será ficção demais???? Exagero de Irvin D. Yalom? Não creio! Afinal "o orvalho cai mais abundantemente quando a noite é mais silente".
Enfim, poderia tecer vários comentários que de certa forma redundariam em plágio ante tantas críticas bem elaboradas. Mas como hoje estou com a macaca fico com Dostoievski que certa feita escreveu que "algumas coisas não devem ser contadas, exceto aos amigos; outras coisa não devem ser contadas mesmo aos amigos; finalmente existem coisas que não se contam nem a si mesmo!"
Tudo isto para não tirar o prazer que você terá ao ler o livro e tirar suas próprias conclusões afinal um dos ensinamento que ele passa é que "existe um rumo meu e um rumo seu, mas que não existe "o" rumo."(...)
Portanto esta noite o blog vai dormir no divã de Sigmund Freud.
Bons sonhos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ps. todas as citações entre aspas foram retiradas do livro - nunca antes grifei tantas páginas.

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