quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A Morte de Ivan Ilitch Leon Tolstói


"O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte. E quem não tem medo da morte possui tudo"

Como comentar um pequeno livro que contém aquela que é considerada a melhor novela já escrita? Trava até os dedos no teclado.
Mas vamos lá!
É a história de Ivan Ilitch, burocrata do direito que no final da vida, sofrendo às agruras de uma doença dolorosa e incurável, tem que parar forçosamente para fazer um balanço de sua vida, suas relações sociais, afetivas, familiares....
E descobre a falsidade de tudo, que cambiou a vida por nada, por algo superficial , material e fútil.
A relação com sua mulher demonstra o engôdo. Tudo ia bem quando ele estava bem financeiramente, de saúde, progredindo etc. Tudo ia mal nos momentos de dificuldade. "sua mulher começou a perturbar o curso tão ameno e tão correto da sua existência"
Os amigos que de forma constrangedora tiveram que abrir mão de seu jogo de cartas para homenagearem póstumamente o velho "amigo" de olho nas possibilidades de ascensão profissional.
O trabalho que nada acrescenta, que invalida às verdadeiras necessidades humanas de cunho espiritual, que trava a existência entre quatro paredes num molde tacanho e pré-moldado por alguém.
A necessidade da decoração impecável de seu apartamento, e a infelicidade em habitar neste ambiente insípido.
Ivan em determinado momento questiona-se: "E se na verdade, minha vida consciente, não foi o que deveria ter sido?"
E o narrador responde: "Seu trabalho, sua existência bem regrada, sua família e seus interesses mundanos - tudo isso talvez não passasse de mentiras"
Na verdade o livro trata da maior verdade de todas e que ninguém quer ouvir: No fundo todos nós, pequenos burgueses, caminhamos para a morte e não conseguimos reter a vida, mentindo pelo caminho para nós mesmos em várias oportunidades.
Um senhor toque num ponto crucial da existência e com luvas de pelica de um grande escritor.
E o livro foi escrito em 1886. Faz tempo heim?!!!!
E a vida de Tolstoi é outro romance: O barbudo acima, autodidata, individualista, influenciado por Sterne, anti-materialista, viveu em San Petesburgo na Rússia, casou-se teve treze filhos e escreveu "Guerra e Paz" e "Anna Karenina".
Em determinado momento de sua vida apesar de ser um escritor e pai de família bem sucedido, rompeu com a autoridade, quer estatal, quer religiosa e viveu até o final seu cristianismo peculiar, com base na máxima que "o homem deve servir a Deus e não viver para si mesmo"
Deixou de beber, fumar, tornou-se vegetariano e passou a vestir-se como camponês, abstendo-se do desejo carnal em relação à sua esposa, abstendo-se de empregados e terminando a vida sozinho em busca de Deus, morrendo em 1910.
Leon Tolstói portanto era um puta de um loucaço!!!! Cada uma....
E o livro em questão é reamente uma obra-prima inperdível da literatura mundial.

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