Vai escrever bem assim lá na Sibéria! no Cáucaso! Esses Russos são fantásticos(pra não cair na baixaria e dizer foda!). Acho que aquela neve toda, aquele frio de congelar Pinguím, e todas aquelas tragédias pessoais fez um bem danado para escritores Russos de um modo geral.
"Salada Russa" Editora Paulus, 1988, Coleção Asa Delta. Bela iniciativa para resgatar e introduzir escritores como Tolstói, Gorki, Púchkin, Tchêkov dentre outros que em pequenos contos vão desnudando para nós os mistérios da Rússia tão distante....e agora um pouco mais próxima.
Primeiro temos um conto de Púchin (1799/1837), exilado duas vezes é o maior dos poetas Russos. Morreu aos 38 anos em um duelo. O conto "Nevasca" a princípio lembra outro conto "Senhores e Servos" de Leon Tolstói. Mas de repente, de uma terrível tragédia nos sobra uma adorável surpresa. O conto brinca com o acaso, com as coincidências, com as surpresas que a vida reserva.
O Segundo conto é de Liérmontov(1814/1841), foi preso e deportado e morreu de duelo aos 27 anos(será que eu já li essa introdução?) Aqui também temos um conto que brinca com o destino na pessoa do "Fatalista", com a crença muçulmana que "o destino humano está escrito no céu", com aquela coisa de estar no lugar certo na hora certa ou no lugar errado na hora errada, concluindo o protagonista que não há que falar-se em predestinação mas que tudo depende do acaso. "quem pode saber com certeza se está ou não convencido de alguma coisa? E quantas vezes não tomamos por convicção um engano dos nossos sentidos, ou um equívoco de nossa mente"
Turguêniev(1818/1883) e seu conto "A codorniz" nos introduz, pasmem, naquela época na bárbarie de um hábito comum e deprimente. A caça e a natureza predatória do homem e sua insensibilidade. E olha que sequer existia o Greenpeace!
Mais um conto de Tolstói(já analisado neste Blog) "Depois do Baile" quando Ivan Vassílievitch inebriado com o feitio de uma donzela, seu pai e toda à pompa do momento entre danças e música, entorpecido com o encanto do momento é obrigado, "depois do baile" a ver a face trágica do ser humano com o pai da moça açoitando um servo até a morte. O encanto se desfez, inclusive em relação à donzela, o que levou Ivan a concluir que "o homem é incapaz de compreender sozinho o que é o Bem e o que é o Mal, que tudo depende do meio ambiente, que as circunstâncias violentam o ser humano"
Gárchin (1855/1888) sensível e impressionável foi internado em clínica psiquiátrica e matou-se no vão de uma escadaria durante uma crise nervosa). Meu é só tragédia! Vai...vai ser escritor vai....
O conto "O Sinal" conta a estória de um homem simples, do povo, que, na qualidade de trabahador da ferrovia tem seu destino de herói traçado pelas circunstâncias de uma amizade. E mais uma vez muitas reflexões sobre a natureza humana. "- Não é a triste sina que nos consome, a você e a mim, mas sim os homens. Não há fera no mundo mais feroz e selvagem que o homem".
Agora o grande gênio. Este é gênio: TCHÊKHOV(1860/1904) - depois de pobreza e privações, começou a escrever para ajudar a família, formou-se em medicina, morreu de tuberculose aos 44 anos e criou um estilo próprio, um clima, uma "atmosfera" única e especial.
O conto "obra de arte" é uma brincadeira com uma situação banal. O que fazer com aquele presente indesejável? Porque não somos sinceros as vezes?
"Pamonha" é uma aula de enrolação da classe proletária, concluindo o patrão: "como é fácil ser forte nesse mundo!"
Já o conto "O Diplomata" trata da incapacidade de um amigo de família de nome Piskariov, contar ao marido sobre o falecimento de sua esposa e o conto "Um problema" conta a estória da família Uskov e a tentativa vã e desesperada em honrar o nome da família denegrido por Sacha Uskov que em determinado momento de sua vida desconta uma letra falsa numa instituição bancária.
Enfim - Tchêkhov trata de situações do cotidiano, com muito humor e prosa refinada e desdiz a máxima de outro grande escritor João do Rio "de onde menos se espera, e dali mesmo que não sai nada".
Depois temos Gorki, outro dramaturgo (1868/1936) amigo de Tchêkov era o escritor dos vagagundos, miseráveis e marginalizados.
O conto "tão simples" nos mostra uma passeata socialista como se toda aquela utopia fosse "tão simples" assim.
Já o conto "Bolês" que no meu entender é o mais belo do livro, nos mostra uma prostituta solitária de traços grotescos que cria um noivo imaginário para corresponder-se imaginariamente por intermédio de um estudante letrado e insensível que em determinado momento cai em si: "Eu compreendi....E senti uma coisa dolorosa, tão ruim, fiquei com vergonha. Ao meu lado, a três passos de mim, vive um ser humano(...)" Uau!!!!!!!!!! e por fim para fechar o raciocínio "No fundo nós mesmos também somos decaídos" "...no abismo de toda sorte de presunção e convicção quanto à excelência e superioridade de nossos nervos e cérebros sobre os cérebros e os nervos daquelas pessoas que são tão-somente menos astutas que nós"
E a Coletânea fecha com Grin (1880/1932) preso e exiliado na Sibéria, o mais ocidental dos escritores russos e por isso mal visto por seus pares socialistas. Hoje a história mudou muito.
O conto "A voz e o olho" conta a aventura de um cego que volta a enxergar após uma operação bem sucedida e depara-se pela primeira vez com seu amor: "Naquele momento, a imagem coreta que Rabid formara dela, imagem gerada pelas trevas, foi e permaneceu aquela a que ela não esperava".
Portanto se "a coisá tá russa" pode ser um bom sinal! Para a Literatura então é um sinal claro e preciso, como respirar e tomar água.
Recomendo este livro para aqueles que como eu, logo de cara pegam o "Crime e Castigo" ou "Guerra e Paz" para ler!!!!
Melhor ir com calma e ir se ambientando aos poucos para curtir depois as grandes obras-primas russas. Esse livro "Salada Russa", como já disse, é uma excelente iniciativa. Um excelente início.
"Salada Russa" Editora Paulus, 1988, Coleção Asa Delta. Bela iniciativa para resgatar e introduzir escritores como Tolstói, Gorki, Púchkin, Tchêkov dentre outros que em pequenos contos vão desnudando para nós os mistérios da Rússia tão distante....e agora um pouco mais próxima.
Primeiro temos um conto de Púchin (1799/1837), exilado duas vezes é o maior dos poetas Russos. Morreu aos 38 anos em um duelo. O conto "Nevasca" a princípio lembra outro conto "Senhores e Servos" de Leon Tolstói. Mas de repente, de uma terrível tragédia nos sobra uma adorável surpresa. O conto brinca com o acaso, com as coincidências, com as surpresas que a vida reserva.
O Segundo conto é de Liérmontov(1814/1841), foi preso e deportado e morreu de duelo aos 27 anos(será que eu já li essa introdução?) Aqui também temos um conto que brinca com o destino na pessoa do "Fatalista", com a crença muçulmana que "o destino humano está escrito no céu", com aquela coisa de estar no lugar certo na hora certa ou no lugar errado na hora errada, concluindo o protagonista que não há que falar-se em predestinação mas que tudo depende do acaso. "quem pode saber com certeza se está ou não convencido de alguma coisa? E quantas vezes não tomamos por convicção um engano dos nossos sentidos, ou um equívoco de nossa mente"
Turguêniev(1818/1883) e seu conto "A codorniz" nos introduz, pasmem, naquela época na bárbarie de um hábito comum e deprimente. A caça e a natureza predatória do homem e sua insensibilidade. E olha que sequer existia o Greenpeace!
Mais um conto de Tolstói(já analisado neste Blog) "Depois do Baile" quando Ivan Vassílievitch inebriado com o feitio de uma donzela, seu pai e toda à pompa do momento entre danças e música, entorpecido com o encanto do momento é obrigado, "depois do baile" a ver a face trágica do ser humano com o pai da moça açoitando um servo até a morte. O encanto se desfez, inclusive em relação à donzela, o que levou Ivan a concluir que "o homem é incapaz de compreender sozinho o que é o Bem e o que é o Mal, que tudo depende do meio ambiente, que as circunstâncias violentam o ser humano"
Gárchin (1855/1888) sensível e impressionável foi internado em clínica psiquiátrica e matou-se no vão de uma escadaria durante uma crise nervosa). Meu é só tragédia! Vai...vai ser escritor vai....
O conto "O Sinal" conta a estória de um homem simples, do povo, que, na qualidade de trabahador da ferrovia tem seu destino de herói traçado pelas circunstâncias de uma amizade. E mais uma vez muitas reflexões sobre a natureza humana. "- Não é a triste sina que nos consome, a você e a mim, mas sim os homens. Não há fera no mundo mais feroz e selvagem que o homem".
Agora o grande gênio. Este é gênio: TCHÊKHOV(1860/1904) - depois de pobreza e privações, começou a escrever para ajudar a família, formou-se em medicina, morreu de tuberculose aos 44 anos e criou um estilo próprio, um clima, uma "atmosfera" única e especial.
O conto "obra de arte" é uma brincadeira com uma situação banal. O que fazer com aquele presente indesejável? Porque não somos sinceros as vezes?
"Pamonha" é uma aula de enrolação da classe proletária, concluindo o patrão: "como é fácil ser forte nesse mundo!"
Já o conto "O Diplomata" trata da incapacidade de um amigo de família de nome Piskariov, contar ao marido sobre o falecimento de sua esposa e o conto "Um problema" conta a estória da família Uskov e a tentativa vã e desesperada em honrar o nome da família denegrido por Sacha Uskov que em determinado momento de sua vida desconta uma letra falsa numa instituição bancária.
Enfim - Tchêkhov trata de situações do cotidiano, com muito humor e prosa refinada e desdiz a máxima de outro grande escritor João do Rio "de onde menos se espera, e dali mesmo que não sai nada".
Depois temos Gorki, outro dramaturgo (1868/1936) amigo de Tchêkov era o escritor dos vagagundos, miseráveis e marginalizados.
O conto "tão simples" nos mostra uma passeata socialista como se toda aquela utopia fosse "tão simples" assim.
Já o conto "Bolês" que no meu entender é o mais belo do livro, nos mostra uma prostituta solitária de traços grotescos que cria um noivo imaginário para corresponder-se imaginariamente por intermédio de um estudante letrado e insensível que em determinado momento cai em si: "Eu compreendi....E senti uma coisa dolorosa, tão ruim, fiquei com vergonha. Ao meu lado, a três passos de mim, vive um ser humano(...)" Uau!!!!!!!!!! e por fim para fechar o raciocínio "No fundo nós mesmos também somos decaídos" "...no abismo de toda sorte de presunção e convicção quanto à excelência e superioridade de nossos nervos e cérebros sobre os cérebros e os nervos daquelas pessoas que são tão-somente menos astutas que nós"
E a Coletânea fecha com Grin (1880/1932) preso e exiliado na Sibéria, o mais ocidental dos escritores russos e por isso mal visto por seus pares socialistas. Hoje a história mudou muito.
O conto "A voz e o olho" conta a aventura de um cego que volta a enxergar após uma operação bem sucedida e depara-se pela primeira vez com seu amor: "Naquele momento, a imagem coreta que Rabid formara dela, imagem gerada pelas trevas, foi e permaneceu aquela a que ela não esperava".
Portanto se "a coisá tá russa" pode ser um bom sinal! Para a Literatura então é um sinal claro e preciso, como respirar e tomar água.
Recomendo este livro para aqueles que como eu, logo de cara pegam o "Crime e Castigo" ou "Guerra e Paz" para ler!!!!
Melhor ir com calma e ir se ambientando aos poucos para curtir depois as grandes obras-primas russas. Esse livro "Salada Russa", como já disse, é uma excelente iniciativa. Um excelente início.
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