segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Roland Barthes na playboy da ante-sala do cabeleireiro




Sigo nesse exercício solitário de ler, longe da arrogância que “circula, como um vinho forte entre os convivas do texto”. Frase entre aspas de Roland Barthes extraída do livro “Roland Barthes por Roland Barthes” Editora Estação Liberdade.
Uma vez no 2º. Colegial do Colégio Santa Úrsula fizemos uma aposta com um amigo; ele não seria “macho” o suficiente para chegar no professor de física e entabular o seguinte diálogo:

-Professor sabe o que descobri?
- O que foi meu filho!
- Que eu sou burro!

E vocês podem acreditar que perdemos a aposta?(esse amigo sempre foi arrojado) E sabe qual foi a resposta do professor?
- Que bom! Isso é sinal que você está deixando de ser burro!
Ótimo não? Homenagem ao professor Peres que teve grande presença de espírito e ensinou uma grande lição para todos nós que estávamos no auge das bobagens reinantes da pós-adolescência arrotando certezas e falsas premissas.
Pois é....lendo esse livro do Barthes com considerações tão inteligentes a primeira coisa que sou obrigado a reconhecer é exatamente isso. “-Sou burro!”
O filósofo em questão tem uma consideração peculiar e única com pontos de vista sempre bem abalizados sobre todos os assuntos reinantes na face da terra. Assuntos que para um filósofo de boteco como eu sequer poderiam ser assuntos, muito menos discutíveis, mesmo após meia dúzia de cervejas e quatro caipirinhas. Barthes no auge de todo seu conhecimento nunca encerra uma conclusão fechada em si, tendo ojeriza das verdades absolutas e das ideologias que procuram acobertar o lado obscuro das proposições.
Você se acha acomodado? Resposta de Roland Barthes: “é somente ao olhar o infinito que o olho normal não tem necessidade de acomodar-se.”
Estou envelhecendo? Resposta de RB: “Lembro-me com loucura, dos odores: é porque envelheço”
Uma cena de casamento por RB: “quantas cenas conjugais não se acomodam ao modelo de um grande quadro pictórico.”
Utopia da ciência: “Imagino, utopicamente, uma ciência dramática e sutil, voltada para reviravolta carnavalesca da proposta aristotélica, e que ousasse pensar, pelo menos num relâmpago: só há ciência na diferença”.
E acreditem se quiserem mas cheguei até esse livro por uma indicação de leitura da Revista Playboy na ante-sala do cabeleireiro. (???)
Em suma: livrinho bom para ler várias vezes mantendo-o na cabeceira da cama para várias noites de prazer. Nunca é tarde para uma descoberta e o reconhecimento da ignorância nas belas curvas de uma coelhinha. Nem só de instintos carnais vive o homem. De asno a pégaso; uma patada bem dada e merecida no estômago.

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