domingo, 6 de junho de 2010

Lawrence Ferlinghetti Um parque de diversões na cabeça


“Um parque de diversões na cabeça”; que título legal não? Lawrence Ferlinghetti é daqueles escritores doidões da Califórnia(EUA) que tem uma idéia na cabeça e um ácido ou um cigarro de maconha na mão. E em alguns momentos na inconstância do livro (passagens e poemas ininteligíveis) somos agraciados com pérolas como esta jóia rara em alusão a um anti-natalismo comercial(se é que isso existe?): “Cristo Abandonou/Sua árvore desnuda/este ano e furtivamente fugiu rumo/ao útero anônimo de Maria outra vez/onde na escuridão da noite/das almas anônimas de nós todos/Ele aguarda novamente/uma inimaginável/e impossível/Reconcepção Imaculada/na mais doida de todas/as segundas vindas.” Esse poema serve para ilustrar um pouco a tônica do livro. Uma utopia, um desencaminhar os passos monótonos do leitor para uma direção contrária. Certa ou não pouco importa. O julgamento não tem parada; o importante é deixar fluir as novas idéias. Voltando aos momentos “ininteligíveis” poderia culpar a tradução, caso o livro que tenho em mãos não fosse em edição bilíngüe. O original em inglês ao lado da tradução. E pude observar que a tradução dos meninos Eduardo Bueno e Leonardo Fróes está muito boa, muito próxima do original americano. Concluo pois que o cara realmente tem um “parque de diversões na cabeça”. Portanto livro para se divertir e garimpar. Ferlinghetti é conhecido como o pai dos beats, criou a Cult editora e livraria “City Lights” editou livros de Jack Kerouac e Ginsberg(inclusive "O uivo") e continua o mesmo doidão de sempre. E seguindo o conselho do próprio escritor li o livro escutando um disco de Jazz com “The Dave Brubeck Quartet” “Time Out”. E deixei os poemas fluírem com a música sem censura. Já dizia Clarice Lispector: “viver ultrapassa todo o entendimento”.

Um comentário:

marco deléo disse...

As transições os detalhes, a variedade das cores nas paixões - tudo isso damos de presente ao autor, porque trazemos isso conosco e o ofereçemos a ele para que tire proveito, por pouco que nos compense com quer que seja .
" Nietzche "