quarta-feira, 2 de junho de 2010

Carta ao Pai Franz Kafka


Tive um retorno aos clássicos. As vezes necessitamos voltar no tempo para perceber que tudo já foi dito, só mudando o involucro, a roupagem. (e fico pasmo em saber que o cara não tinha nem computador ohhhh! Abre o olho galera do you tube!). Bem, impossível ler esta carta/livro/monólogo "Carta ao Pai" e não observar de súbito a importância literária e psicanalítica da mesma. Também não há como não analisar a nossa postura como pai, como filho ou vice-versa. Uma verdadeira porrada no estomago contra o pai tirano, que com sarcasmo prefere satirizar as preferências do filho e enaltecer suas próprias vivências. Pura vaidade. A velha ladainha do árduo esforço paterno em vão para a criação de filhos tão diferentes do sonho idealizado. E hoje observamos de camarote que uma das maiores personalidades literárias da história não foi reconhecida pelo próprio pai que questionava seu estilo de vida, seus livros, seus amigos, sua forma peculiar de religião e até suas pretensas esposas. Quanta mediocridade. Portanto quando o seu filho estiver fazendo arte em qualquer sentido e recusar-se a vestir um terno incomodo lhe de todo o apoio "please"! É o mínimo que um pai tem que fazer. Dar asas ao filho e não algemas.
Tempos atrás li “O Processo” e nesse livro “Carta ao Pai” temos a oportunidade de entender um pouco mais do universo Kafkiano, seus dramas familiares e vida reprimida ao extremo que lhe levou a escrever este verdadeiro libelo contra a sociedade formal e idealizada. “O processo”(imperdível. Já dizia Paulo Francis!). Enfim, Kafka era um artista que não estava preso aos padrões tacanhos de sua época, às instituições que lhe eram pré-estabelecidas e foi totalmente incompreendido, especialmente e conforme já dito, pelo próprio pai. E aí está a força da literatura. Partindo desta frustração deixou todos esses belíssimos livros/confrontos entre a alma do artista e visão ímpar e o cotidiano cheio de labirintos incompreensíveis para aqueles que enxergam um pouco mais além como Franz Kafka, como eu, como você que leu até esta linha. Somos uns inconformados. E morreremos assim. Viva Bukowski que dispensava empregos em série. Viva os Beatniks que tinham o propósito de subverter as convenções e criaram um “way of life” próprio; enfim, todos esses fantásticos loucos que literalmente chutam e chutavam o balde no salão nobre da cúpula do poder convencional executivo, legislativo, judiciário, social...paterno....

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