pintura de Egon Schiele Ou memórias de um libertino ou peripécias de Fonchito, ou fantasias eróticas de D. Lucrecia. Como sempre Vargas Llosa escreve várias estórias dentro de um livro só.
Em resumo seria a estória de um solitário Dom Rigoberto que pelas circunstâncias nada convencionais da traição de sua mulher madrasta Lucrécia com seu filho adolescente Fonchito do 1ª. casamento é obrigado por protocolo social a separar-se. E desde então perde seu norte, sua musa, sua alegria de viver. Percebendo isso e com um misto de culpa e curiosidade Fonchito resolve por molecagem unir o casal novamente. Começam às visitas na casa de D. Lucrecia, as estórias inspiradoras da vida de um grande pintor erótico Egon Schiele. As cartas anônimas....Engendra toda uma armação maquiavélica para atingir seu intento. Paralelamente vamos acompanhando a vida do pintor e traçando as semelhanças entre o drama , Fonchito/Lucrecia/Rigoberto... E tem também capítulos inteiros de recordações das experiências erótico/pornográficas entre Lucrecia e Rigoberto e o riquíssimo passado libertino. É o erotismo de uma música de Mahler e não o erotismo estampado nas páginas da Playboy como ressaltado no próprio livro. Para fechar e estes são os melhores: as anotações impagáveis dos escondidos Cadernos de Dom Rigoberto(cadernos que ele escrevia para si próprio na solidão de seu escritório e da separação, com seus livros e suas obras de arte) . Escritos de uma peculiaridade impar de uma personalidade um tanto quanto ranzinza de um ser totalmente hedonista, erótico, desbocado, despudorado e por conseguinte de um humor extremamente refinado. E o legal é aquela sensação de estar lendo cultas observações em um diário maluco e secreto. Mais um bom livro de Vargas Llosa. E nas entrelinhas temos várias outras estórias. Vamos aprendendo um pouco sobre a estrutura social de Lima/Peru, seus bares, seus hotéis, seus personagens....sem contar os resumos de outros livros sabe-se lá inventados ou não de autores na maioria desconhecidos.(como daquele escritor que escreve um livro inteiro enaltecendo os pés da amada). Ademais mudando de assunto, engraçado como o escritor sempre procura deixar bem claro a sua paixão pela pintura e pelas artes plásticas em geral. Difícil ainda saber o quanto de Llosa vai em Rigoberto. Está aí uma pergunta que eu gostaria de lhe fazer pessoalmente. Com certeza muitas semelhanças que devem estar guardadas em seus próprios arquivos, cadernos e diários. Segundo a crítica Dom Rigoberto é um dos personagens mais bem delineados da carreira do escritor. Sem dúvida!