Acabo de ler o ótimo livro acima do escritor catalão que descreve a época em que ele vadiava por Paris para tornar-se um escritor; morava num pequeno apartamento da escritora Marguerite Duras e seguia os passos do célebre escritor Ernest Hemingway. Foi a descoberta do ano! Ora, um livro que dá vontade de ler novamente não é uma descoberta? E quando dá vontade de conhecer os outros livros do autor? Sem dúvida! Enrique é fá de Borges e demonstra uma capacidade intelectual muito além dos escritores imaturos atuais. Tá certo que ele não é novinho, coisa e tal, mas demonstra muita segurança na escrita e principalmente nas citações. Livro de escritor que lê. Que vive o dia a dia de escritor. Que conviveu com escritores. Também com loucos como o personagem real Bouvier "eram somente as palavras de um louco. Muitas vezes, porém, os loucos anunciam o que vai acontecer". E dentre as pérolas extraídas temos aquele personagem boêmio Parisiense que muito rico e herdeiro investia seu dinheiro em uma pesquisa sem fim com um tema esdrúxulo apenas para sustentar uma infinidade de estagiários, estudantes e pretensos escritores. E vamos passeando por uma Paris vibrante e seus cafés como o "des amateurs" e o "Flore" ou mesmo o Bar do Ritz enquanto o autor ainda jovem tenta escrever o seu primeiro romance "A assasina ilustrada".
De repente na página 107 temos a seguinte citação do camarada René Char "a perdição do crente é encontrar sua igreja".
E ao acabar o livro fiquei com a impressão de que encontrei a minha. Bem longe dos evangélicos...chatérrimos...E pra quem não gostou deste post fica uma citação de Jacques Prevért que grifei na página 230 que dizia que "tinha um pé na Rive Droite, outro na Rive Gauche, e o terceiro na bunda dos imbecis". Ulalá!!!
A tradução é de Joca Reiners Teron e já temos no Brasil traduzido "A viagem vertical" "Bartebly e companhia" "O mal de Montano" e para lançar o novo "Suícidios exemplares". Leiam Enrique Vila-Matas - sem medo de ser feliz.