terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pulp e o velho Buk

Saúde! Acabo de ler mais um livro do velho Buk "Pulp", o último de sua vida onde um detetive atabalhoado Nick Belane, entre tardes e noites de realidade insuportável e momentos de intensa depressão tenta desvendar alguns mistérios e justificar sua profissão insólita. Uma brincadeira de Bukowski com o gênero, tachado de subliteratura. Porém o que o velho Buk faz não pode nunca ser tachado de "baixo clero". Trata-se de uma paródia, uma imitação burlesca do gênero para atingir outra finalidade já que o grande mistério a ser desvendado é a própria morte representada por um pardal vermelho. Um belo livro. Um belo final para este escritor iluminado que soube conservar seu estilo único até seus 73 anos, influenciando uma infinidade de escritores até os dias de hoje. A foto acima é pra ilustrar uma de suas grandes paixões: A bebida - "voltara ao meu velho amigo, uísque escocês com água. O uísque escocês é uma bebida que a gente não gosta imediatamente. Mas, depois que se acostuma, ele opera uma mágica". Realmente - há momentos que só um velho e bom uísque escocês é capaz de superar a solidão e a velhice ou a solidão da velhice tão bem descrita no livro: "Portanto, agora, ali estava eu. Sentando ouvindo a chuva. Se eu moresse agora, ninguém verteria uma lágrima em todo o mundo. Não que precisasse disso. Mas era estranho. Até onde um trouxa pode ficar solitário? Mas o mundo estava cheio de velhos rabugentos como eu. Sentados ouvindo a chuva e pensando para onde foi todo mundo. Aí é que a gente sabe que está velho, quando fica pensando para onde foi todo mundo. Bem. não foram para lugar nenhum. Não precisavam ir. Três quartos estavam mortos." E nessa busca improvável para desvendar mistérios quase insoluveis vamos nos deparando com personagens que parecem extraídos de algum gibi ou filme de gangsters : Cindy Bass , Jeannie Nitro, Billy French, Dona Morte, Johnny Temple....
Portanto mais um livro memorável para ser lido sem ser levado a sério, aliás como sugerido pelo próprio autor em sua dedicatória: "dedicado à subliteratura". Mas não deixe de ler nas entrelinhas: afinal o velho Buk é o velho Buk e a morte é um pardal vermelho que abre o bico e nos mostra um enorme espaço vazio com um enorme vórtice amarelo mais dinâmico que o sol.
E infelizmente em 1994 o fulgor intenso da luz amarela invadiu e envolveu o nosso herói das letras e das garrafas. A chuva fina que cai lá fora me convida a verter lágrimas que engulo já que o velho Buk com certeza não aprovaria. Vivamos intensamente enquanto é tempo. Mais um brinde!!!!

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