foto da Bela Dira Paes do filme "Baixio das Bestas" - Cláudio Assis
Quem é que disse que não tem mais sangue novo, transgressão e coerência nas artes em geral?(...) Pois deveria ler o ótimo artigo do Antônio Prata “Autocontrole” onde ele escreve de forma clara e precisa: “que época bunda-mole a nossa! Elegemos como principal virtude justo a mais medíocre: o auto-controle.” Depois emenda que o Super-homem hoje não seria valorizado pelas marcas deixadas na história “mas pelo extrato da conta bancária e pela taxa de colesterol”(...) “o prazer e a poesia são drenados a cada dia pelos ralos da eficiência”. Triste realidade mas uma feliz constatação deste ótimo cronista.. Mas nem tudo é assim não caro “Pratinha”. Ainda existe vida inteligente na terra o que observo com a também precisa e necessária entrevista concedida por Cláudio “Baixio das Bestas” Assis onde este com toda a sua concisão nos diz que: “O cinema brasileiro é careta e precisa de atitude. Eu não devo nada a ninguém. Nasci nu e estou vestido. A grande maioria do povo gostaria de fazer e não pode. Quem faz é um bando de filhos da puta”. E questionado sobre o interesse em “se dar bem” fala : “Não, eu quero defender o direito de errar. Arte não é certinha, feita no computador. Por que o filme não pode ser errado? Hoje é tudo enquadrado. Lula visita Maluf, o que é isso porra?”. Tais arroubos me levam a ter um alento, uma esperança nesta geração tão massacrada acreditando que o espírito anárquico e contestador do Glauber Rocha ainda está no ar e que tanto o cronista como o cineasta estão “antenados” contra a mesmice acomodada e reinante. É verdade Antônio....é verdade Cláudio...hoje em dia manter-se íntegro é uma guerra. Mas alguém tem que peitar não é? Parabéns e vida longa aos meninos.