O exercício foi proposto no curso de dramaturgia do dramaturgo e escritor Lucas Arantes no espaço "A coisa" que começou esta semana - Escrever um diálogo sobre
acidente sem as palavras acima - vejam no que deu:
Enquanto isso na mesa de um bar decadente depois da oitava cerveja barata:
- Ô mermão. Conta uma estória de desastre qualquer aí. Dessas de esquina, de sinal....
- Pois é, agora já era! Foi numa noite de domingo que o desastre aconteceu. Tinha 14 anos. O livro estava lá na estante a esmo me chamando pelo título improvável. “Sexus”. E eu com os hormônios saltitando vendo aquelas letrinhas amarelas e vibrantes “Sexus”.
- É mesmo....não vejo desastre nenhum nessa porra de estória?
- Pois então rapaz, calma... Para alcançar a prateleira superior subi numa banquetinha velha e capenga e quando já estava pegando o maldito livro escorreguei e me espatifei de costas no chão com o livro do Henry Miller que mais parece um tijolo caindo na minha cara; tudo ao mesmo tempo...como....como...como um sinal.
- Sinal? Explique melhor por favor?
- Vejamos...algo assim como um desastre prenunciando um outro desastre a caminho, o que só pude entender logo depois quando li o primeiro capítulo daquela “porra de estória” que transformou toda a minha existência.
- Caralho! Então foi algo bom não? Um grande revés para o bem?
- Acho que não vejo bem assim. Apenas um desastre com certeza. Depois com a idade veio Nietzsche, Schopenhauer, Primo Levy....e então o tombo foi bem maior. Mas aí é outra estória...
(silêncio...)
- Seu Toninho – manda mais uma loira gelada aí!