Buenos Aires é uma cidade para caminhantes e para amantes da literatura. Ruas planas, poucas subidas, muitas e enormes livrarias como a linda “El Ateneo”. Antes de viajar procurei referências borginianas. Adoro Borges e procurei conhecer alguns lugares que o encantavam. De cara já tive uma decepção - onde era sua casa hoje tem um prédio enorme. No Café Tortoni outra desilusão – fila de turistas para entrar. Por óbvio quebrou todo o encanto. Bato uma foto da fachada e viro as costas. A Calle Florida é uma Shopping a céu aberto. Só dá brasileiro!!! Na Confiteria Richmond tomo o melhor chope da caminhada para recarregar as baterias. E desisto! Desisto de procurar Borges quando descubro que a Biblioteca Nacional não está mais no mesmo lugar(Calle México). Eu queria ver a maldita escada em caracol do conto. Mas para quê???? Vou no Bairro que ele gostava, o mais parisiense de todos a Recoleta. Resolvido a conhecer a famosa La Cabaña - porta fechada – está de mudança para o bairro nouveau-riche com ares decadentes portuários Puerto Madero. Walt Disney revirando-se no túmulo. Pra não perder a noite eu e minha esposa acabamos em um restaurante chamado “Sucre” com música “lounge”, cheio de “brasileiros descolados” metidos a besta no bairro Belgrano. Noite Perdida. Comida ruim, música ruim, ambiente estranho, afastado.... E por falar em estranho os portenhos que imitam os europeus em tudo estão impregnados de nostalgia, de saudosismo, melancolia e de outras coisas mais que podem muito bem ser vistas na imperdível Feira de Domingo em San Telmo. Uma delícia andar pelos seus antiquários soturnos e cheirando a mofo. Não deixe de bater um papo com o Biazzi em seu atelier. Melhor ainda comer um bife a milanesa com chope preto artesanal no Bar “El Federal” na Calle Peru(vide foto acima). Ponto alto da viagem. Bom... teve ainda o obrigatório show de tango no Piazzola - muito competente - e uma balada na boate Asia de Cuba onde entornei vários uísques e terminamos as 5 da matina tomando café no lobby do hotel NHCity com as aeromoças da TAM. E para desgosto do Borges, que Deus o tenha em toda sua imortalidade adorei La Boca e seu Caminito com bares na calçada e muita música ao vivo com gostosas semi-nuas dançando Tango. Me lembrou Arraial ou mesmo a Savasi em Belo Horizonte. Lugar para se perder. Enfim, adorei Buenos Aires, procurei Borges mas como no jogo de amarelinha de Julio Cortazar fui parar em outro lugar, perdido em suas ruas, seus bairros, seus capítulos.
ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?
Há uma semana
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