quarta-feira, 28 de julho de 2010

Eu juro que tentei!

Antonin Artaud



Eu Juro. EU JURO! Eu tentei Doutor. Tentei me encaixar nessa porra de sociedade. Tomar banho, escovar os dentes, pentear o cabelo e criar uma expressão corporal e facial compatível com a normalidade. Mas aí veio o louco do Antonin Artaud e disse que "Nascemos podres de corpo e alma, somos congenitamente inadaptados". Durma com um barulho desses! Então tentei deixar a bebida. Matar o maldito interesse pelo descontrole irracional. Um chute na inconsequência. Algo ponderável! Um objetivo. Mas com Artaud veio também Baudelaire para colocar na minha cabeça aquele velho mantra: "É preciso estar sempre embriagado. (...). Para não sentir o fardo horrível do tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriague sem descanso". Mais uma recidiva! Sem contar as constantes aulas do meu professor Bukowsky: "beba mais cerveja./há tempo./ e se não há/ está tudo certo também." - Até que numa bela noite na sombra da sarjeta da rua infecta da ressaca entendi Rimbaud: "O poeta faz-se vidente através de um longo, imenso e sensato desregramento de todos os sentidos." Enfim e para resumir: sou mais um caso perdido. Sem remédio. Sem salvação. Cai de boca na vida e hoje Doutor você pode me encontrar num bar furreca tomando cerveja barata, escrevendo poemas para o vento e tocando blues. A consulta eu pago depois. Põe na conta do Abreu!

Um comentário:

marco deléo disse...

se ele num pagar nem eu ....ótimo !!