Conheci Ariane numa
reunião dos alcoólicos anônimos em Ribeirão Preto. Ela era tão linda que não
combinava com as paredes gastas da sala decadente do antigo casarão na zona
central da cidade. Digamos assim que ela era uma Pietá de Michelangelo ao lado
da privada de Duchamp. Loira falsa a esconder uma mata escura e tesuda no meio
das pernas. Olhos verdes, seios fartos e duros, cintura de bailarina....enfim
uma puta de uma gostosona, uma mistura de Babi Xavier com a bunda da Sheila Melo.
De babar baby!
A reunião começou e um Senhor velho e barbudo começou a
dizer o óbvio, que estávamos no lugar certo e que o único requisito para se
tornar um membro era o desejo de parar de beber etcetera, etcetera, e eu olhava
para a boca carnuda daquela mulher e sentia um desejo incontrolável de tomar um
porre para curar toda a minha impotência em conversar com aquela musa e puxar
seu braço e leva-la para o bar da esquina da General Osório com a Alvarez
Cabral.
A reunião entediante e enfadonha caminhou para os depoimentos. O velho barbudo
deixou todos a vontade para o primeiro relato. Foi quando para espanto geral
ela pediu a palavra e com voz embargada começou a falar.
- Me chamo Ariane, nasci em Ribeirão Preto a
exatos 22 anos atrás; mas bebo desde os 14 anos quando por incentivo do meu
primo Rodrigo numa noite longínqua de Natal em família na casa de Vovó tomei
logo de cara uma garrafa de uísque para curar minha inibição e trauma de uma
adolescência infeliz. Desmaiei na sala, minha avó chorou muito minha tia Elza
foi embora desolada e meu primo Rodrigo na época com 24 anos me levou para o
Hospital São Paulo. Tomei uma dose de glicose na veia e depois Rodrigo me levou
para a sua casa(ele era estudante de medicina e morava sozinho) ligou para os
meus pais e disse que eu estava bem mas que era melhor eu passar a noite
lá...no quarto de hóspedes. Autorização concedida Rodrigo veio com uma conversa
mole que eu precisava tirar a roupa para melhorar e começou a fazer uma
massagem na minha bunda, e de repente socou dois dedos na minha bucetinha
virgem, me deixando toda molhadinha. Eu estava achando tudo ótimo afinal
Rodrigo era meu primo mais bonito, mais educado e o xodozinho da vovó. Todos
adoravam o Rodrigo!. Quando ele me disse que
sempre teve uma quedinha por mim fui da adolescência infeliz para as
nuvens em um átimo de segundo. Bem...logo depois ele se despiu e pude ver
aquele pinto enorme e teso, vinte e quatro centímetros de alegria e eu no auge
dos meus quatorze anos só tive uma reação espontânea. Cai de boca naquele pirulitão.
E chupava, chupava como aquela matrona velha fazia naquele filme super-8 que
roubei do porão da vovó. O filha-da-puta do Rodrigo começou a gemer e falou que
assim não agüentava e ejaculou com gosto dentro da minha boca. Depois disso o
filha-da-puta abriu outra garrafa de uísque e bebemos mais...e fumei maconha
pela primeira vez e Rodrigo me perguntou se eu estava preparada.....e eu
ingênua falei para quê. E ele me disse que precisava estourar aquela coisinha
rosinha que atrapalhava o meu xixizinho.
Disse que não....que tinha medo.....mas no fundo estava louca para que tudo
finalmente acontecesse e fui entre beijos molhados cedendo....cedendo....e ele
introduziu o pirulitão com toda força no buraquinho do xixizinho e eu senti um
dor imensa e cravei minhas unhas várias vezes em suas costas e ele sequer se
importou e continuou na cadência, no compasso, subindo e descendo subindo e
descendo do útero aos pequenos lábios de minha xoxota. E a dor foi se
dissipando e a dor transformou-se em prazer e o prazer transformou-se em êxtase
com muita porra, mijo, água e sangue....muito sangue que saia de minha vagina e
das costas de Rodrigo. Enfim uma loucura total, uma noite inesquecível....eram
tantas novidades, meu primeiro porre, a maconha, inclusive a primeira vez que
gozei de verdade sentindo aquele estremecimento que vai da ponta dos dedos do
pé ao último fio de cabelo.
Os oito membros da reunião, eu e mais o cara barbudo(todos
homens) simplesmente não emitimos sequer um único comentário. Seria isso sim
uma loucura total um disparate, um despropósito. Foi quando eu que não estava
suportando a conversa do barbudo pude ver que ele tinha um bom senso fora do
comum quando disse “– Prossiga minha filha, não se acanhe, fique a vontade!”
-Sério, estou meio sem graça de falar essas coisa tão
íntimas para estranhos!!!!!
“- Não,,,,aqui todos somos irmãos, e tudo será perdoado e
esquecido. Prossiga!”
- Bem, nem preciso dizer que o Rodrigo, aquele filha-da-puta
, me levou para casa no dia seguinte com a maior cara de santo, me entregou
para papai, beijou no rostinho de mamãe com ares de salvador da pátria, o bom
samaritano, e cinicamente me deixou a ver navios e com esse puta tesão por ele
até hoje. Casou com uma matrona mais gorda que a velha do porão da vovó, e
nunca mais quis me comer por mais que eu implorasse. O babaca dizia que tudo
foi um erro, que eu era sua prima....Covarde! Covarde! Uma bichona velha
recalcada é isso que ele é.
Eu que já estava totalmente enfeitiçado por Ariane não pude
discordar nem um minuto de seu discurso tão convincente. Esse Rodrigo era uma
besta quadrada mesmo!
E ela continuou....
- Pois é se tem um provérbio que realmente é verdadeiro é
aquele....não me lembro muito bem....algo que diz que a primeira vez a gente
nunca esquece. Desde então tenho procurado algo parecido por aí. E minha
cabeçinha associa sexo, a bebida a maconha a gozo e só com essa combinação é
que consigo gozar plenamente e satisfazer o meu desejo sexual que encontra-se
numa crescente incontrolável. O duro é que bebo muito, dou vexames homéricos e
fico totalmente envergonhada....preciso me controlar....essa combinação toda
tem me feito muito mal, minhas ressacas são faraônicas, vomito pra
caramba...isso tem que acabar e por isso é que estou aqui.
- Ontem mesmo chamei um amigo de bebedeiras, o Afonso e
fomos numa casa de swing...vocês sabem né? Aqueles bailinhos de sacanagem em
que os casais liberam as mulheres e outras coisinhas mais! Pois é! Fingimos que
éramos casados, eu e o Afonso, compramos até uma aliança fajuta pra incrementar
a fantasia. Chegando na Chácara que fica a alguns kilometros aqui da cidade
logo fomo recepcionados por ela a Lady Francisca. A rainha do swing local e seu
marido Clóvis Belanowski, casalzinho bem suspeito... que de cara já foram
servindo um “Black Label” com muito gelo o que nos deixou muito a vontade
aliviando as suspeições.
Papo vem papo vai, black vem, label vem também, fomos para o
andar superior onde existia uma cama enorme com vários casais na maior felação;
Entramos de cabeça e o resto também...bom...mas realmente
estou muito sem graça de contar isso!
Então gritei: - PROSSIGA! (Silêncio) – todos olhando para
mim.
- Desculpa chefinho só estava querendo ajudar.
E ela prosseguiu com estórias fantásticas do arco da velha e
dos arcos das novas, uma mistura de relatos de Anais Nin com Hilda Hist. Ela
tinha classe. Seu relato era fascinante e eu, bem...eu me apaixonei.
Pra finalizar a sessão o Sr. velho
e barbudo falou qualquer coisa
motivadora e batida, algo assim:
- “A
única pessoa que pode dizer que tem problema é ela mesma. Ninguém pode decidir
por ela Saibam que estaremos sempre aqui,
prestes a ajudar a evitar o primeiro gole”
Desta feita fiquei pensando nos meus problemas e nos
problemas de Ariane, no Black Label, no Pingüim, Lady Francisca e o primo
Rodrigo sendo que neste exato e breve momento de distração ela saiu pela porta
e desapareceu na noite. Pude ver um táxi escuro subindo à Rua Cerqueira César e
virando à Rua Campos Sales.
Em vão subi na minha moto e percorri desesperadamente o
trajeto inteiro várias vezes e terminei a noite tomando um porre na Choperia
Colorado para afogar à frustração e dormindo abraçado na privada de
Duchamp para não vomitar no chão de casa.
Já é a qüinquagésima reunião do alcoólicos anônimos que vou e ela nunca mais apareceu. Desolação
profunda. Continuo bebendo com freqüência, dando vexames com assiduidade e posse dizer sem nenhum constrangimento.
Entrei no A. A. com um problema. Agora tenho dois.
A. A. para mim só tem um significado: Álcool e Ariane.
texto de LUIZ TINOCO CABRAL - todos os direitos reservados