Conheci o Luiz Augusto Michelazzo no lançamento do livro “20 ficções sobre o amor & ribeirão preto”, compilação de textos em que participei com um conto “as mulheres que não comi e outras misérias”. Autografei meu conto para ele e batemos um breve papo. De cara muitas afinidades literárias, referências influências etc. Mas no final da breve conversa ele falou algo que me intrigou. “-Também li “pornopopéia” e escrevo melhor que Reinaldo Moraes”. Pra quem não sabe Reinaldo para mim é um ídolo, um escritor com grande domínio desse estilo desbocado e despudorado que procuro papagaiar. Dita a frase intrigante vamos então a prova. Fui na Editora Coruja e ressabiado comprei o romance “Notícias da Matilha” de Luiz Augusto Michelazzo. De cara adorei a capa com um desenho do grande artista plástico Paulinho Camargo. O livro é cinza e tem 303 páginas muito bem escritas e revisadas pelo próprio autor que escreveu em diversos jornais por vários anos dentre eles o saudoso Diário Popular. Entramos então no mundo das redações de jornal, da notícia fast-food, da rotina incessante em busca de algo que atraia o leitor médio, uma rebelião qualquer, política, drama, num ambiente altamente competitivo e opressor em busca da venda, do lucro da aceitação popular e do editor canalha, sempre canalha. Só os fortes sobrevivem. E o protagonista Antonio Capuletto é um deles sem deixar de ser um eterno repórter idealista e sonhador vivendo em um momento histórico altamente conturbado de inflação galopante e incertezas políticas. Mas tudo isso serve de pano de fundo para descortinar as sacanagens, e o outro mundo que rola nos bastidores da notícia, entre um plantão e outro nos cafezinhos e barzinhos de final de expediente; E aqui entram as duas outras jornalistas Maria Luiza e Bete (mal casadas) e um tórrido triângulo amoroso de fazer Henry Miller ter uma ereção nas catacumbas. Seguindo uma antiga tradição de grandes escritores de Bocage a Bukowski o Luiz Augusto não tem tramela no teclado. Tecla sem dó nem piedade caprichando nas descrições eróticas e nos detalhes mais íntimos, muitas vezes sórdidos das relações sexuais de seus personagens, chegando muito perto do abismo da pornografia, mas com muita maestria não caindo nele, usando de um artifício muito nobre. O humor. Grande mérito do autor. Todo o texto é permeado de muito humor daquele escritor que escreve curtindo o que escreve sem se levar muito a sério, dando liberdade e vida para seus personagens sem se preocupar com os pudores o nojinho dos leitores. Parabéns ao Luiz Augusto e para a Editora Coruja que tem prestado um excelente serviço às letras aqui na nossa terrinha roxa. Quanto a prova. Quem escreve melhor? Concluo que pouco importa, o importante é que ambos escrevem muito bem, com alguns pontos em comum, mas cada qual com seu estilo próprio. Cada qual no seu quadradinho de quatro. O que realmente importa e a pergunta que não quer calar é quanto de autobiográfico tem de “Notícias da Matilha” com a trajetória de vida do nosso escritor e jornalista Luiz Augusto. Pergunta para ser feita no próximo bate-papo, quem sabe tomando um belo chope no Pingüim. Está feito o convite.
ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?
Há uma semana
2 comentários:
Muito interessante!
Como adquiro o livro?
Grande abraço
Prezado Gustavo é só entrar no site da editora coruja de Ribeirão Preto e requisitar ao pessoal de lá !!!! Grande abraço e boa leitura!
Postar um comentário