Sei lá, autobiografia em vida me cheira merchandising puro. Ainda mais quando o cara tem apenas cinqüenta anos. Pois é – o cidadão pega um senhor jornalista chamado Cláudio Tognolli e faz mais uma das suas “reinvenções” para dar sentido a tantas coisas sem sentido. E pega no pé do coitado do João Gilberto, da Bossa Nova, Chico Buarque, Herbert Vianna dentre outros. Enaltece Sepúlveda Pertence (cruzes!!!!), seu advogado e a si próprio, achando que é bonito ser o responsável pelo suicídio da própria mãe e pai. O que na verdade é outra grande balela. Outro merchandising. Acha “cool” ainda ser preso, ser perseguido pela polícia, cheirar cocaína sem freios, bater moto em poste dentre outras maluquices. Rebeldia para o Lobão é entrar na gravadora e quebrar o escritório do executivo babaca. Tirar sarro de sargentinho e ser sarcástico com Juiz retrógrado no meio de audiência. Cacilda Becker! Acho que já vi esse filme várias vezes....Alguém precisa avisar o Lobão que os Sex Pistols e os Rolling Stones já fizeram melhor. Com esse calhamaço de papel chamado “50 anos a mil” o Lobão me passou a imagem de um playboy classe média alta mimado dando festinhas na chácara da vovó, dormindo na casa da titia e batendo em bêbado. E o que é pior. Errando o alvo. Está mal de mira! E o engraçado é que é tudo muito engraçado.(Desculpem o pleonasmo. Não resisti!) Cláudio Tognolli capta o “nonsense” do personagem. É a “mágica do absurdo”. Se Lobão não me trouxe nada de novo nesse livro uma coisa é inegável. Ele tem um carisma nato. Gostei mais da concorrida palestra na Feira do Livro de Ribeirão Preto onde demonstra toda a sua capacidade de comunicador. Um verdadeiro Lula do rock and roll. Como literatura “necas de pitibiriba”, “nadica de nada” . E como nessa vida “tudo vale a pena se a alma não é pequena”(F. P.) ao menos uma bandeira que ele levanta é muito... mas muito boa mesmo. A dessacralização da cultura como um todo. Mesmo errando o alvo é útil um artista que não se conforma com as coisas estabelecidas. E é isso aí “a unanimidade é burra”(N.R.) e nessa “lobãotomia” não vou puxar o saco de ninguém. Foi o que deu vontade de escrever nesse espasmo de metralhadora giratória.