quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dalton Trevisan - o recluso, a obra e as celebridades


Um dos maiores escritores brasileiros; mas o mais esquecido; timidez? Talvez...São essas pessoas que não cultuam a si próprias, que passam pela vida dando mais ênfase à sua obra do que às mundanas tentações. Ler Dalton Trevisan é entrar em outro mundo. Um mundo onde a vulgaridade passa longe mesmo quando o tema é um assunto vulgar e cotidiano. É a maneira de escrever com dignidade, de achar o interesse nas mínimas situações. A graça das nossas próprias desgraças de seres imperfeitos. Mas esse texto está ficando pomposo demais. Os livros lidos são "A gorda do Tiki Bar" e "Duzentos ladrões"; Meros títulos de alguns dos contos ou micro-contos, 41 ao todo onde os temas diversos tratam em suma de algumas taras, neuroses, transitando fácil entre igrejas e inferninhos. É isso. Dalton Trevisan escreve fácil sobre temas difíceis. Ora, como tirar alguma poesia de um encontro indecente entre um lascivo professor de literatura e sua aluna submissa? Ora, os puritanos que me perdoem mas quem mais poderia escrever frases como: "recebo o cálido repuxo do Mestre de Letras no meu cofrinho arrombado: o vinho na taça roubada é mais doce." "dele a grotesca bocarra de gárgula que despeja esse chorrilho de palavrões imundos" . Enfim o verdadeiro mestre da literatura dando uma aula em cada linha escrita. E esse elogio é para poucos. Mais uma flor de lótus no lodaçal. "Avis Rara". E no livro "Duzentos Ladrões tem uma bela homenagem à preferência nacional. Louvação. "Ó bunda bundinha bundona/-a tua gulosa boca vertical/com a exata cesura entre as rimas ricas/não compõe os catorze versos clássicos/rematados em fecho de ouro/de um soneto alexandrino perfeito?" Ahhhh!!! meras brincadeirinhas com palavras, com letrinhas....leia sem receio de errar. E o vampiro de Curitiba odeia ser fotografado. Mas os paparazzi não perdoam é claro. Olha o "belo guapo" aí em cima!. É.... pensando bem ele tem razão. Fotos são dispensáveis. A obra escrita é que importa.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Perca Tempo Ciro Marcondes Filho


Pois então....perca tempo e leia esta dica de livro "Perca Tempo" de Ciro Marcondes Filho, "é no lento que a vida acontece" Editora Paulus. O cara fez jornalismo e pós-doutorado na França em ciências sociais e outras áreas como filosofia etc, professor tradutor, conferencista...; E com muito embasamento teórico dá uma dica altamente fora de moda mas de muita pertinência : perder tempo. Não no sentido de passar por ele em letargia mas simplesmente aproveitá-lo melhor. Conhecer as coisas sem pressa, submetendo-as ao tempo concreto e não ao tempo abstrato(conceitos explicados no livro). Com certeza com isso aprenderemos a olhar, saber, ouvir e sentir as coisas de uma maneira mais intensa e melhor. É o que o autor propõe - Uma revolução social lenta e silenciosa para desatrofiar os sentidos embotados. E o livrinho é uma delícia pois vamos nos apropriando lentamente de idéias de vários filósofos e pensadores como Jean-Paul Sartre, Joachim-Ernst Berendt, Sêneca, Gunther Anders, o cineasta fancês Louis Malle e até mesmo Marco Aurélio com suas meditações escritas a tanto tempo atrás(172/173). O que certamente já determina que o tempo é relativo. Um verdadeiro e breve tratado contra a vida maquínica em que vivemos. Contra a ansiedade e o "horror vacui". E o escritor era o editor do ótimo "O Teatro do Mundo - A Canção" programa da rádio USP que escuto todos os dias enquanto trabalho. Ops! O tempo cruel abstrato me avisa que tenho que partir agora. Abraços longos e beijos prolongados.